quinta-feira, 8 de março de 2012

SPIRIDON 200 DEPOIMENTOS - ORLANDO DUARTE


Quando fui contagiado pelo “bicho” das corridas (1975) não havia qualquer informação sobre esta vertente do atletismo. Bom, se não havia experiência e hábitos de correr fora das pistas, como é que poderia haver publicações da especialidade.

Mas há males que vêm por bem… Tanto quanto julgo saber, o Prof. Mário Machado, por questões e razões de saúde teve necessidade de se ausentar do país por algum tempo, e no país de acolhimento, tal como noutras actividades, já havia muitas organizações de corridas, não só de estrada como também na natureza e, claro, para além de vários e bons técnicos e entusiastas da modalidade com quem o Prof. Mário Machado teve a sorte de se relacionar, havia também algumas publicações desta modalidade que nós tanto amamos.

No regresso a Portugal, Mário Machado, não perdeu tempo e, paulatinamente, começou a incrementar por todo o país esta “maluquice” de se andar a correr pelas ruas fora. Veja-se o caso da “mãe” das meias maratonas que em 1975 na sua 1ª edição teve 175 maluquinhos à partida, e três anos depois já ultrapassavam os 2500!

Nessa altura, mais uma vez, Mário Machado, apesar de haver pouca gente que acreditasse no seu projecto, ainda por cima uma revista com um nome pouco apelativo para os especialistas de marketing: Spiridon?.., decide avançar, finalmente, com uma publicação, não virada na totalidade para as corridas de estrada, mas também para a pista e montanha. Mas o objectivo central era o pedestrianismo e, sobretudo, virada para aqueles atletas que nunca tinham praticado atletismo ou sequer a corrida e que necessitavam de todo o apoio em todos os aspectos inerentes à corrida para, assim, fazerem a sua introdução na modalidade da melhor maneira e duma forma irreversível!

O meu contacto com a Revista Spiridon dá-se só por volta do início de 1980 (devorava-a em poucos momentos. Era lida e relida e ficava ansioso pela próxima), mas como eu nessa altura e até 1984/85, não podia ser frequentador assíduo das corridas, por questões profissionais, mas também porque naqueles anos atravessei dificuldades económicas com ordenados em atraso, limito-me a comprar alguns números avulsos (85$00…e 500$00 de assinatura…) até porque não era fácil comprar a revista, recordo-me que tinha que ir à baixa e a determinado quiosque…

Não me recordo se foi em finais de 1985 ou 86 que assinei a revista e que continua até à actualidade. Não estou nada arrependido, muito pelo contrário. Ela foi a minha conselheira técnica, o meu treinador, conselheiro médico, informador de quando e onde havia provas. Foi lá que tomei conhecimento básico de tanta coisa como, por exemplo, qual o tamanho de sapatilhas para o meu pé, o que era o treino intervalado, o Fartlek, cuidados com alimentação etc. etc. Aliás, foi graças à revista Spridon que hoje, e desde 1985, que o meu pequeno-almoço é o célebre Muesli. Na época não havia por cá, era através da revista que encomendava por 120$00 embalagens de 400g…

Resumindo e concluindo, a riqueza desta revista está, e sempre esteve, na interacção com os leitores nas diversas e excelentes rubricas que contém. Assim como na actualidade e riqueza dos conteúdos enviados por colaboradores estrangeiros do melhor que havia e há no mundo da corrida. A prova do que estou a dizer é que, ainda hoje, se podem consultar revistas com 20/25 anos com temas técnicos ou de saúde perfeitamente dentro da actualidade!

Resta-me agradecer e felicitar o Prof. Mário Machado por estes mais de trinta anos que compartilhou comigo através da nossa Revista. E que venham, pelo menos, mais 200 edições da SPIRIDON!

(Orlando Duarte – Atleta desde 1975 e maratonista)

Não deixe de ler o depoimento de Renato Graça, publicado hoje no JoaoLima.net

4 comentários:

  1. Caro Amigo, Jorge Branco,

    Obrigado por nos dar esta oportunidade de, singelamente, homenagearmos esta nossa companheira de à muitos anos, como também o seu mentor, Prof. Mário Machado.

    Aproveito para manifestar a minha grande satisfação por ver a minha mensagem ilustrada por um casal de muito respeito e de muito valor!

    Os melhores cumprimentos,

    Orlando Duarte

    ResponderEliminar
  2. E o Orlando que bem transmitiu o espírito Spiridon. Muito bem. Aplaudo.

    ResponderEliminar
  3. Orlando Duarte. Mais um atleta que sei que esteve a meu lado em muitas provas e que só o conheci verdadeiramente há bem pouco tempo. A tal situação de correr sem olhar para o companheiro que está a nosso lado.

    Uma escrita e um olhar sobre esta Revista que veio mudar a forma como encarava-mos o atletismo e o tal Muesli que também utilizava (ainda hoje o faço, mas não antes das provas ou dias de treino pois não me dou com o leite de difícil digestão) que veio mudar o conceito do pequeno almoço.

    O Orlando como sempre um Amigo e é sempre com prazer redobrado vê-lo nas provas onde participo, mas desta feita já sei quem ele é!

    :)

    ResponderEliminar