Quando começámos a correr, em
1980, como é sabido o GPS não era coisa sequer sonhada e mesmo os relógios com
cronómetro ainda estavam muito longe de ser algo banal, e os que havia eram
metálicos, pesados e nada amigos da humidade e da chuva (muitas vezes tinham
que ser “ressuscitados” com recurso ao ar quente proveniente de um secador de
cabelo!).
Quando começámos a correr a
melhor e mais exacta medida que tínhamos para medir o treino efectuado era a
duração do mesmo em minutos.
Começámos a treinar no Estádio
1º de Maio em Lisboa com o “grande” objectivo de conseguir correr 15 minutos
seguidos (!) e com os olhos postos naquele senhor já de uma certa idade (50 e
picos anos!) que todos os dias corria a sua horinha no INATEL, o senhor João.
Alcançaríamos os sonhados 15
minutos de corrida continua, festejaríamos a nossa primeira meia hora de
corrida, a nossa primeira hora de forma exuberante e um dia até participaríamos
numa prova cujo objectivo não era percorrer determinada distância no menor tempo
possível mas sim percorrer a maior distância possível em determinado tempo. No
caso teríamos 12 horas para percorrer o máximo do quilómetros que fossemos
capazes o que no nosso caso pessoal se cifrou nuns simpáticos 101,650 km.
Por tudo isto deste os longínquos
anos 80 do século passado que para nós o treino de corrida se cifra em minutos
e não em quilómetros. Sempre pensamos em tempo e nunca em quilómetros embora
pelo andamento que sabemos que vamos imprimir façamos a correspondência entre
quilómetros e tempo.
Antes dos GPS o cálculo dos
quilómetros efectuados era algo sempre muito sujeito a erros embora com a
prática e o recurso a treinos em pista, a alguns percursos aferidos e a provas,
esses erros nos cálculos se fossem reduzindo.
Hoje com o recurso a GPS
quando vamos correr uma hora, por exemplo, sabemos com precisão quase perfeita
os quilómetros que percorremos nesse intervalo de tempo. Mas fruto de anos a
planificar treinos com base na carga horária, a planificar ciclos de treino com
base na carga horária, para nós ir correr é sempre ir fazer determinado tempo
de corrida e nunca x km embora agora com o recurso ao GPS tal seja possível com
uma exactidão que se não ronda os 100% não anda lá longe.
Só um vez por outra quando nos
propomos fazer uma corrida mais longa é que determinarmos o treino por
quilómetros, se, por exemplo, queremos trabalhar treinos longos de 20 km então
é bem possível que usemos o GPS para percorrer essa distância quilométrica com
exactidão.
Provavelmente se fossemos da
geração que começou a correr com GPS talvez que todo o nosso treino e
objectivos tivessem começado em torno dos quilómetros, correr um km seguido,
dois quilómetros e por ai fora. Provavelmente hoje quando saíssemos para um
treino disséssemos que iríamos correr determinados quilómetros e nunca
determinados minutos. Mas a verdade é que nós somos de uma geração em que tudo
se centrava em torno do tempo de corrida embora sempre fazendo os cálculos dos
quilómetros percorridos nesses espaço de tempo de forma mais ou menos exacta
mas sempre sujeita a falhas.
E os leitores deste blogue
correm em função do tempo de corrida ou dos quilómetros?