quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

LISBOA, TREINO E MAGIA

Esta é uma das fotos mais belas, e mágicas, que conheço de um treino na minha cidade natal, Lisboa.
Finais da década de 90, do século passado, um grupo de amigos que tinham como base de treino o Estádio 1º de Maio (Inatel) efectuam mais um treino, bem madrugador, no Parque da Bela Vista em Chelas.
(foto de autor desconhecido talvez Pedro Albuquerque ou João Gonçalves)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

APAIXONADAMENTE ULTRA MARATONISTA PARA SEMPRE

Quando comecei a correr fi-lo por desafio, para ser saudável e por paixão. Quer dizer a paixão pela corrida veio com as primeiras passadas, cresceu e tomou mesmo proporções avassaladoras.
Aquele jovem de 20 anos que tentava correr 15 minutos seguidos no Estádio Primeiro de Maio, em Lisboa, tinha sido a criança que passara grande parte da sua infância “amarrado” a umas pesadas botas ortopédicas, a palmilhas especiais e a consultas de ortopedia.
Aquele jovem ainda tinha na memória a primeira vez que calçou uns “ténis” e se viu livre das botas.
Aquele jovem era o mesmo que tinha sido dado como inapto para o serviço militar obrigatório por questões físicas ou o mesmo que viria a surpreender, anos mais tarde, um conhecido, e afamado médico, da selecção nacional de futebol devido à morfologia dos seus pés. Surpresa que chegou ao ponto de chamar os colegas para verem o “fenómeno”!
Por tudo isto o jovem de 20 anos que tentava correr no Estádio do INATEL tinha pela frente um desafio muito maior que um normal aspirante a corredor.
Mas era um jovem de aceitar desafios com paixão, aliás era um jovem de viver tudo com paixão e sofreguidão.
E alcançou os 15 minutos de corrida contínua, os 30 minutos, a mágica e eufórica hora.
Um dia aquela dupla que nasceu para a corrida no Estádio Primeiro de Maio (tio e sobrinho) viu um anúncio de uma prova de 14 quilómetros, O Grande Prémio Internacional do Círculo de Leitores, e nasceu o desafio da primeira prova e depois a paixão de se correr com dorsal.
Jovem apaixonado pela corrida e pela vida, o mais natural foi um dia a meia maratona bater-lhe à porta e seduzi-lo completamente.
Num aparte diga-se que os pés deste já jovem fundista não se tornaram milagrosamente normais e que as lesões só deixaram de o apoquentar tanto com a ida a uma consulta no Centro de Medicina Desportiva de onde saiu com a “receita” de umas palmilhas desenhadas numa folha de papel e depois mandadas fazer numa casa de próteses ortopédicas mesmo junto da entrada, principal, do Hospital de São José. 
E andou uns anos a correr com palmilhas fabricadas por encomenda até que o destino o fez cruzar-se com uns sapatos New Balance que tinham umas palmilhas que pareciam ser adequadas ao seu problema e lá vai o jovem fundista à consulta do Centro de Medicina Desportiva, com os sapatos novos que ficaram aprovados para serem usados sem palmilhas especiais. Era o princípio de uma “coisa” que se chamava sapatos com controlo biomecânico para pronadores severos, que o tem acompanhado durante os 35 anos de ligação com a corrida.
Mas estávamos no ponto em que a meia maratona bateu à porta do jovem fundista e o seduziu completamente.
Depois da rendição para com a meia maratona ficou um certo vazio de novos objectivos e a maratona ainda não lhe tinha batido á porta e piscado o olho.
Mas como era um jovem de desafios e paixões mesmo ainda sem sonhar com os míticos 42,195 km resolveu desafiar-se a si mesmo num treino de 30 km, aqui em Muge, no verão de 1983. Desafio cumprido mal sonhava que em Dezembro desse ano cairá nos braços da maratona para sua total perdição.
Rendido aos encantos da corrida por ai andaria sem ultrapassar os míticos 42,195 km até que o Professor Mário Machado o convida para correr uma prova de 12 horas em 1986 ou seja a primeira edição das 12 horas de Vila Real de Santo António.
Na primeira edição das 12 horas o desafio era novo e parecia tão “maluco” que os participantes na prova tinham, praticamente, que ser arranjados por convite!
O já jovem Maratonista não sabia o que era isso da ultra maratona mas prontamente aceitou tão honroso convite até porque se o Professor Mário Machado o achava capaz de alinhar numa coisa dessas é porque era mesmo possível.
Uma lesão impediu-o no entanto de estar presente em Vila Real de Santo António em 1986 mas no ano seguinte marcaria presença e de lá sairia com a marca de 101,650 km e um nunca sonhado 5º lugar. Para o bem e para o mal tornara-se num dos pioneiros da ultra maratona em Portugal. Sim aquela criança de pés “chatos”, palmilhas e botas ortopédicas cresceu, cresceu e correu 101,650 km em 12 horas, às voltas entre Vila Real de Santo António e Monte Gordo!
A meio da década de 90 foi a paixão pelo que hoje se designa por trail que lhe bateu à porta. Mesmo com uma passada e coordenação motora nada próprias para esse tipo de provas rendeu-se completamente à montanha.
Participante na primeira edição da Transestrela como caminheiro (turistas como se chamavam na altura mas que percorriam a totalidade do percurso dos atletas, cerca de 30 km na primeira etapa e 20 na segunda), participante na segunda edição como atleta, participante na primeira edição do Crosse da Serra do Açor debaixo de um grande temporal e de muitas e muitas provas que abriram as portas ao que hoje se chama trail.
Hoje este “velho” fundista continua a correr por paixão e por desafio. Mesmo já quase não alinhando em provas, continua desafiando-se, quase diariamente, em corridas de prazer, alegria e por vezes sofrimento.
Com um esqueleto mais velho que o que vem indicado no cartão de cidadão, com uma coluna cheia de problemas, muito atreito a lesões e empenos de toda a ordem, a paixão continua, e continuará, a mover este “velho” fundista.
Podia fazer só umas corridinhas de manutenção, umas caminhadas, mas quem se move por paixão não é assim.
A vida e a corrida é andar nos limites! Nos limites actuais que são bem diferentes dos meus limites de antigamente, mas sempre nos limites!
Para mim não há limites para a paixão, não se metem fronteiras nos sonhos!
Acredito que possa haver quem seja muito feliz apenas fazendo só corridas de 10 km, quem se sinta pleno aos 21 km, e quem se sinta complementamente realizado com os 42,195 km de uma maratona!
Para mim a felicidade foi sempre ir mais além, subir a fasquia, experimentar novas fronteiras,
Para mim viver é ir onde pensava que não conseguiria chegar!
Hoje se já não posso subir a fasquia, se o esqueleto não me permite fazer desafios novos, então reformulo as metas e tento ganhar as que hoje ainda me são acessíveis! Mas parar é que nunca!
Está é minha maneira de estar na vida e é ela que tento transmitir aos meus amigos. Que rasguem os seus horizontes, que abram os seus sonhos, que vejam para além do óbvio!
Sei que alguns estão fartos de me aturar e me acusam de ser teimoso, mas amigos, não é teimosia, é PAIXÃO E SONHO! 
Foto: Paula Fonseca

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

DOM SEBASTIÃO

Estava tanto, mas tanto, nevoeiro que quase não vi a placa que dizia: fim do treino. Por pouco ainda agora lá andava a procurar a maldita placa!


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

NOVO ANO, NOVO RUMO?

Cá estamos pois em 2015. É altura de formular aqueles votos do costume para o novo ano mas nós aqui neste blogue gostamos de marcar a diferença (ou se calhar na opinião de alguns ser irritantes!) e aprofundar mais as coisas.
Por mais que anunciem o fim da “crise”, que falem em horizontes coloridos e pintados de esperança, todos nós (pelo menos os que vêem as coisas com os olhos da verdade) sabemos que tal não é assim.
A situação em Portugal continua bem negra: grassa o desemprego (com uma milagrosa manipulação das estatísticas para o encobrir), a precariedade no trabalho, os baixos salários, o cada vez mais difícil acesso aos serviços de saúde, uma justiça inoperante e “inclinada” para lado dos os ricos e poderosos, uma corrupção galopante e até, dizemo-los com todas as letras, a fome e a pobreza. Com a agravante de muita gente que já está a viver abaixo do estipulado limiar pobreza até ter trabalho: são assim uma espécie de novos escravos modernos. E cada vez mais Portugueses são empurrados para a emigração e o país envelhece a olhos vistos pois não há quaisquer condições para constituir uma família estável.
Não, não é uma maneira agradável de começar um texto de Ano Novo, mas é a dura realidade de um país vítima de políticas erradas ao longo de décadas e décadas. A “crise” não cai dos céus aos trambolhões! A crise é fruto de políticas, económicas e sociais de um sistema virado para o lucro fácil, para a especulação e para as desigualdades sociais. A chamada “crise” mais não é que um sistema político profundamente errado!
Mas 2015 é ano eleitoral, é ano em que está nas mãos de cada um de nós contribuir para um Portugal melhor.
Claro que já estamos a ouvir desse lado gente a dizer que os políticos são todos iguais! Não, os políticos não são todos iguais e a quem interessa passar essa imagem são precisamente os políticos desonestos e corruptos defensores de uma sociedade de injustiças e desigualdades que têm medo que as pessoas vejam que há políticos com outras práticas.
Andamos há mais de 30 anos a ser governados por uma alternância dos chamados partidos do arco do poder e os resultados estão à vista!
Mas o leque partidário não se esgota nesses partidos! Há que ver para além deles e procurar novos rumos.
Há que ver quem vai para a política e enriquece e quem vai para a política e continua na mesma.
Há que ver quem está na politica porque tem ideologias sólidas por trás e quer servir o país e quem tem por única ideologia o “tachismo” e o servir-se a si próprio.
Há que ver quais os partidos que têm uma verdadeira linha ideológica e soluções para os problemas de Portugal e aqueles que funcionam ao estilo cata-vento consoante o chefe que está ao comando do “leme” na altura.
Um partido é um colectivo de pessoas que pensam dentro de uma determinada linha ideológica e não uma confraria de luta de galos pelo poleiro em que quem dita as ideias é o Galo que conquistou o poleiro!
Vejam quem melhor trabalha a nível autárquico, estudem os programas eleitorais dos partidos, vejam que politicas e ideias têm para o desporto (se é as têm), vejam na prática o que os partidos tem feito e defendido e votem no sentido de um Portugal mais justo, igualitário e fraterno.

O “normal” não seria este texto estar escrito aqui num blogue sobre corrida, mas este blogue quer ser tudo menos “normal”.
Normal seria este blogue se resumisse a temas que versam a corrida, as nossas (cada vez mais desinteressantes) aventuras no mundo da corrida.
Mas aqui no Último Quilómetro não somos assim e não escondemos a cabeça na areia como a Avestruz!
Para nós a corrida é a principal das coisas secundárias.
Para se poder correr tem de se ter todo um suporte por detrás. Tem de se ter uma vida com dignidade e justiça.
Torna-se muito difícil praticar desporto, sem emprego, com emprego precário, baixo salário, sem acesso à saúde, torna-se muito complicado praticar desporto num mundo de injustiças e desigualdades. Torna-se muito difícil ser feliz no mundo assim!
Como sempre dizemos: em 2015 lutem pela vossa felicidade e a dos outros e já agora aproveitem o pouco de democracia que ainda vos resta para dar nas urnas um novo rumo a este belo pais à beira-mar plantado. Ou então depois não andem mais quatro anos a queixarem-se!...
Obrigado pela paciência que tiveram de nos ler e aturar durante 2014, desculpem qualquer coisinha mas nós somos assim e vamos continuar enquanto houver estrada para andar!
A redacção do Último Quilometro:
Jorge Branco
Egas Branco


Nota: Foto original aqui.