quarta-feira, 29 de junho de 2011

PEDIDO PUBLICO DE DESCULPAS

Julgo ser esta a primeira que apresento um pedido de desculpas em público.

Mas para tudo há uma primeira vez na vida, embora não me sinta muito à vontade com está situação. Mas enfim, justiça é justiça e as coisas têm que ser feitas.

Corria eu tranquilamente num carreiro entre uma vala e o que julgo serem campos em preparação para o cultivo do arroz.

Diga-se que a preparação desses canteiros para o arroz implica que os mesmos sejam cheios de água e ali o processo usado foi a abertura de duas pequenas valas que faziam a trasfega da água da vala grande para os referidos canteiros.

Essas valas que atravessavam o carreiro onde eu corria, eram precedidas de montículos de terra, e obrigaram-me a dois saltos mais acrobáticos e nada condizentes com o meu pobre esqueleto de corredor na pré-reforma e muito “estropiado”.

Mas não é para falar destas surpresas, que se apresentam a um corredor “rural” - o carreiro que ontem era um pista hoje pode estar todo esventrado dos tractores, aquele percurso pode ter ficado submerso, o portão pode estar fechado, etc, etc, que venho hoje aqui. O que aqui me traz é mesmo um pedido de desculpas público, mas, como o assunto não é fácil, fujo ao tema enquanto vou tomando coragem para enfrentar o mesmo.

Mas como dizia, ia eu tranquilamente correndo ao longo da vala, quando sou surpreendido por um barulho e agitação dentro da mesma.

Confesso que, despertando abruptamente dos meus pensamentos, nem consegui imaginar do que se tratava.

Mas bastou-me olhar para a vala e dar mais duas passadas para se desfazer o mistério e sentir-me envergonhado:

Acabara de assustar a Dona Pata e interromper a aula de natação que ela dava à sua prole.

Mas pude verificar, pela ligeireza com que os patinhos juniores acompanharam a mãe para a outra margem, que as aulas estavam a decorrer muito bem e que eram excelentes alunos.

Por tudo isto aqui ficam as minhas desculpas públicas à Dona Pata, por a ter assustado a si e aos seus meninos, interrompendo a aula de natação.

De qualquer forma não tem que se preocupar com este terráqueo pois ele não usa “pau de fogo” e é totalmente inábil no meio aquático.

Se os seus filhos me vissem a nadar, aí sim poderia haver o perigo de se afogarem de tanto rir!

Já agora Dona Pata, não me quer dar umas aulas de Natação?

Tudo de bom para si e para os seus, renovando o meu pedido de desculpas.

Este seu amigo terráqueo

Jorge Branco.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

DESPORTO COMO FONTE DE PRAZER, SAÚDE E BEM-ESTAR

No chamado horário nobre de um determinado canal televisivo está a decorrer um concurso / programa em que homens e mulheres obesos tentam perder peso através de treino intensivo.

No final de cada semana os participantes são pesados sendo eliminado o concorrente que perdeu menos peso.

O objectivo é perder o máximo de peso possível com vista a chegar ao final do programa, ganhar um premio monetário e deixar de se obeso.

Numa visão muito simplificada é esta a estrutura do programa que depois é “apimentada” com uma serie de regras e variantes com vista a torna-lo mais apetecível aos olhos dos telespectadores na mira da guerra das audiências televisivas.

Mas o que nos traz aqui não é falar da estrutura do programa em si, nem fazer crítica televisiva que não é assunto da nossa área nem do nosso saber.

O que nos traz aqui é falar da vertente desportiva abordada naquele programa /jogo e das ideias erradas com que os telespectadores não desportistas podem ficar.

Todo o programa gira em torno do treino intensivo que é aplicado aos concorrentes e do sofrimento em face do mesmo.

Quem não for praticante de desporto, ou não tiver umas ideias sobre o assunto, pode ficar com a noção, perfeitamente errada, que para se praticar desporto e ser-se saudável se tem que sofrer e treinar daquela forma.

Igualmente quem sofre de obesidade pode pensar que para recuperar a saúde se tem que submeter aquele tipo de treino e de sofrimento.

São conceitos perfeitamente falsos que podem levar as pessoas a afastarem-se ainda mais do desporto e isto num país em que a percentagem de pessoas a pratica-lo é extremamente baixa, é algo de muito nefasto.

O desporto enquanto prática com vista ao nosso bem-estar físico e psíquico é algo de lúdico e uma enorme fonte de prazer e não uma tortura de treinos intensivos, levados até a exaustão, como são apresentados naquele programa.

É claro que pode haver momentos mais duros na prática desportiva, mas eles tem que ser uma pequena parte dessa mesma prática e não um todo.

Claro que como já referimos estamos a falar de desporto como forma de lazer e saúde e não de competição a altos níveis.

Quanto às pessoas obesas a sua inserção na prática desportiva deve ser feita de forma gradual, e muito controlada, acompanhada de alteração dos hábitos alimentares errados (uma componente positiva do programa é ensinar hábitos alimentares saudáveis) com vista a uma perda de peso que seja lenta mas duradoura e consistente.

Já encontrámos críticas de especialistas na matéria que afirmam que as perdas de peso feitas com aquela intensidade e num curto período de tempo têm como consequência que quando o concorrente deixe o programa volte a ganhar o peso perdido, facto que já ocorreu com muitos dos participantes na versão americana do referido concurso.

Os obesos que vêm aquele programa têm que ter a noção que há outras vias para a perda de peso e a conquista de uma vida saudável. Que são caminhos muito mais lentos mas muito mais conscientes no tocante há solidez dos resultados adquiridos. Caminhos que implicam algum sofrimento mas não aquela carga brutal que o programa espelha e que até é possível fazer exercido físico com imenso prazer.

Uma das componentes onde é bem visível a carga de intensidade aplicada aos concorrentes traduz-se nas inúmeras lesões, que até já levaram um participante a ser forçado a desistir mesmo com o excelente acompanhamento médico que é ministrado aos concorrentes onde é feita publicidade a um determinado hospital privado (nada em televisão é inocente) com se o comum da população pudesse ter acesso a esse tipo de serviços.

Por tudo isto não vamos confundir a prática desportiva saudável e a luta contra a obesidade com um programa televisivo que tem antes de mais o propósito de fidelizar e conquistar audiências e não preocupações a nível da saúde com os que nele participam.

E nessa guerra das audiências vale tudo mesmo meter um pretenso “comando”, a dar uma preparação ao estilo militar a obesos, com uma forte componente de humilhação psicológica, para gáudio dos telespectadores.

Pratiquem desporto com prazer e sejam felizes!

sábado, 18 de junho de 2011

SEM CULTURA NÃO HÁ DESPORTO?

Está quase a tomar posse o novo governo.

Se o governo é novo as políticas subjacentes ao mesmo são velhas e os resultados mais que previsíveis.

Com os cortes, que se prevêem em tudo o que é essencial, as populações, com a venda ao desbarato de empresas públicas que são sectores chave da economia nacional, com a chamada crise a recair sempre sobre os que menos têm, com a protecção às grandes fortunas e aos bancos, com um país em que se desinvestiu na produção, passando quase a ser uma país de serviços, onde se recebeu dinheiro para destruir plantações agrícolas, enfim com tantas e tantas politicas erradas que se têm praticado durante décadas, não podemos esperar nada de bom deste novo “velho” governo.

Podem perguntar-nos o que a política tem a ver com prática de um desporto como a corrida.

Seria tema para uma longa explanação, mas basta dizer que é a política de um governo que afecta toda a qualidade de vida de um país e isso reflecte-se na possibilidade e disponibilidade para as pessoas praticarem desporto.

Mas vamos ao título deste texto!

Este novo / velho governo teve a peregrina ideia de não ter ministério da cultura.

Enfim, a ideia não é assim tão nova nem peregrina pois já velhos ditadores deste Portugal à beira-mar plantado desinvestiram (e até reprimiram) tudo o que era cultura.

Quanto mais inculto um povo, mais limitado fica nas suas escolhas e mais fácil se torna perpetuarem-se no poder governos como o que agora vai tomar posse.

Se no tempo do ditador de Santa Comba Dão se apostava num povo analfabeto para ser dócil e dominado, agora aposta-se num gritante analfabetismo político e cultural e pode dizer-se que infelizmente estas politicas têm dado resultados “excelentes”, tendo em vista a alternância no poder de partidos que nos têm governado desde há 35 anos e o resultado das politicas que têm aplicado ao país.

Por isso não é de estranhar que este governo não tenha ministério da cultura.

Mas um governo que não tem ministério da cultura que visão terá do desporto?

Desconfiamos que será uma visão do “antigamente”, em que desporto se traduzia por futebol, para ir entretendo e adormecendo as pessoas.

Que visão terá este governo do desporto e começando logo à partida pelo cada vez mais maltratado desporto escolar?

Que visão terá este governo sobre o desporto como algo que é um direito de todos e muito importante para a saúde da população de um país?

Não prevemos nada de bom para os tempos que se avizinham.

Entretanto temos que continuar a correr (mesmo quando as condições se tornam extremamente complicadas e adversas) e esperar que um dia este povo acorde e corra com estas políticas e estes políticos porque alternativas existem, basta é sair deste embrutecimento em que nos colocaram.

Corram, lutem, e tentem ser felizes!

domingo, 12 de junho de 2011

VIAGENS DE UM CORREDOR DE FUNDO

Na solidão do corredor “rural”, surge uma pequena camioneta no poeirento estradão.
O retorno daquele treino de 15 quilómetros, não há muito que ficara para trás e faziam-se as velhas contas do corredor de fundo, quando a monotonia da estrada é interrompida.
Deste que saíra de casa, às 6:15 da manhã, era o segundo carro que avistava.

Uma camioneta com um casal idoso. Provavelmente algum comércio ambulante, que ainda vai resistindo nestes tempos vorazes, ou até mesmo um padeiro.

Por aqui ainda se vê a carrinha da senhora que vende a fruta, a peixeira, o padeiro, a “mercearia móvel” e o moderno homem dos congelados, pertença de uma grande firma e de outros mundos.

Os meus olhos prendem-se na pequena camioneta e no casal idoso, o homem diz-me adeus num aceno com a mão, ao que eu correspondo com igual gesto.

Devo ter sido espanto mútuo: o casal que encontra alguém a correr àquela hora matinal, naquele lugar e corredor que vê quebrada a rotina do seu treino solitário.

Aquele aceno, mais que tudo, sela, de certa forma, o encontro fugaz de dois companheiros de estrada.

A pequena camioneta faz pisca para a esquerda e vira a caminho da Raposa. Ainda vai ter comer um bocado de pó e saltos até lá chegar, penso eu.

Continuo o meu caminho solitário e as minhas contas.

Para já o meu grande objectivo é passar o campo da bola do Granho, mas antes de lá chegar ainda terei um curta subida, mas com alguma inclinação e “alcatifada” a seixos rolados, pela frente.

Finalmente o campo da bola do Granho, onde vislumbro um atleta em treinos matinais: é um coelho, que atravessa o campo de futebol correndo lesto a esconder-se.

À minha esquerda, a estrada que vira para o Granho. Do lado esquerdo dessa estrada, o campo da bola e do lado direito, pachorrentos bois não adivinham o futuro triste que os espera. Em fundo, o casario branco do Granho.

O meu próximo contacto com a civilização é quando atravesso o viaduto sobre a auto-estrada que rasga estas terras e nos atira, brutal e rapidamente, deste contacto com a natureza, onde a civilização parece estar longe de tudo.

Um carro correndo rápido, lá no fundo na auto-estrada. É o terceiro veículo que visualizo, um automóvel, desde que saí de casa. Registo.

O próximo desafio é a descida e a subida do Vale da Louceira. Coisa curta, que não faz jus ao nome, mas ainda dá algum trabalho, tanto mais que tem mais uma bela “alcatifa” de seixos rolados.

Depois do Vale da Louceira é como se já estivesse em casa. Os quatro quilómetros e picos que faltam, descem mais do que sobem e é sempre uma sensação de “está feito”, ao chegar ao cimo dessa subida.

Agora há que passar ao lado do velho e imponente moinho eólico de tirar água, mesmo em frente do curral das éguas, que está desabitado.

A próxima preocupação, é com os cães do Sobreiro do Neto, mas são mais de ladrar do que morder e hoje até estão presos.

Mas antes disso tenho uma visão única da igreja de Muge, que aparece lá no fundo, entre a folhagem das árvores, num visão surreal e ilusória, pois parece bem mais perto do que na verdade está.

Passado que está Sobreiro do Neto, é tempo de olhar o Paul, com as águas totalmente paradas a reflectirem as árvores como um espelho.

Ainda cumprimento um pescador, que não me dá resposta. Provavelmente não está um bom dia para a pesca!

Já vou em “estado zen” e começo a pensar no “portão da casa”.

Aos poucos começo a vislumbrar as instalações anexas ao Palácio.

Corro num estradão largo mas com alguma areia, um pouco mole e socorro-me dos rastos dos tractores para ter um piso mais firme.

Uma velha motorizada passa por mim, deve ter mais anos de estrada que eu!

Provavelmente deve ser um “heróico” motor Zundap e o homem lá vai mantendo o equilíbrio precário no estradão de areia, deixando no ar um cheiro inconfundível de um velho motor a dois tempos, a trabalhar a “mistura”.

Finalmente passo o que resta do portão da “casa”.

Toca o sino da igreja as 8 badaladas, assinalado a hora. Indiferentes a essas questões horárias, as cegonhas lá continuam no seu “Tzero”, bem lá no alto na chaminé do descasque.

Desço, desço em direcção à ponte romana, em direcção a casa, em direcção ao fim das preocupações da minha mulher (já chegaste, ainda bem, já posso dormir descansada!).

Cá temos a curva do Palácio, atravesso a estrada para o outro lado, deixo o minúsculo troço alcatroado, faço um azimute a direito à esquina do quintal do Sebastião.

Estou quase a chegar! Entro pela “rua do Oleiro Maluco”, subo um pouco, viro a direita, passo atraso da casa dos meus saudosos primos e eis-me no largo, à porta de casa!

Cheguei de mais uma “viagem”.

O GPS marca 15,270 km, bem lentos mas muito felizes!

Em plena descompressão ainda passo pelo João Paulo, que vem em sentido contrário de bicicleta. Bom dia! Bom dia!

Devem ser ai umas 8 e 10 da manhã aqui no meu Ribatejo adoptado.

Tenho o dia “ganho”!
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Texto dedicado a todos os meus novos e bons amigos da blogosfera corredora.
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Fotos obtidas nos primeiros 2,5 quilómetros do percurso. Agora imaginem o resto!


sexta-feira, 10 de junho de 2011

MARATONA DO LUXEMBURGO

A revista Spiridon estará presente na Maratona do Luxemburgo através do seu director, Professor Mário Machado. A prova realiza-se amanhã, 11 de Junho, com partidas às 19 horas e contará com a particularidade de a meta se encontrar instalada num pavilhão onde estará a decorrer um baile.

O Último Quilómetro deseja uma excelente prova ao Professor Mário Machado e a todos os outros atletas que irão correr os míticos 42,195 quilómetros

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Petição Albertina Dias - Ponto de situação



No seguimento das informações que temos vindo a prestar sobre a Petição Albertina Dias e dado que não recebemos qualquer resposta ou simples confirmação da recepção por parte das entidades envolvidas dos dois mails que enviámos, decidimos enviar a mesma em papel e correio registado com aviso de recepção, pois continuamos a julgar que possa ter acontecido qualquer imprevisto que eventualmente tenha obstado a que recebessem os ditos mails, por não pensarmos possível a inexistência de qualquer resposta, em respeito aos mais de 2.600 signatários.
Já temos em nossa mão os avisos de recepção assinados, tendo assim a certeza que a petição chegou a quem de direito, restando-nos aguardar alguns dias pela reacção, positiva ou negativa.
Como sempre, mal haja qualquer informação será de imediato anunciada aqui ou no blog JoãoLima.Net