sábado, 19 de setembro de 2015

AS ELEIÇÕES E A POLÍTICA PARA O DESPORTO E A EDUCAÇÃO FÍSICA

Com o aproximar das eleições para a Assembleia da República o Último Quilómetro achou que seria de grande interesse publicar neste blogue as linhas programáticas no que concerne à educação física e ao desporto por parte dos vários partidos e coligações que concorrem às eleições do próximo dia 4 de Outubro.
Começamos por publicar hoje um documento divulgado pelo Partido Comunista Português no dia 6 de Setembro na Festa do Avante, num almoço de profissionais de Educação Física e Desporto, na qual participaram autarcas, atletas e dirigentes associativos.
Estamos abertos a publicar as linhas programáticas de todas as forças políticas concorrentes às eleições só tendo para isso que nos enviarem as referidas linhas programáticas, em formato Word, para o nosso endereço electrónico (teixeirajb@gmail.com).
Não sendo o documento que aqui vamos publicar da responsabilidade do Último Quilómetro, nem de nenhum dos seus colaboradores, achamos por bem não permitir a publicação de comentários.
 

O DESPORTO:
UMA QUESTÃO FUNDAMENTAL PARA O PAÍS

o PCP considera o desporto como um bem cultural a que toda a população deve ter acesso, na medida em que a sua prática, desde que devidamente orientada, constitui um factor decisivo para a melhoria da qualidade de vida, indispensável á educação integral da juventude e á promoção da saúde de todos, em especial das crianças, dos trabalhadores, dos idosos, das pessoas com deficiência, propiciando a sua integração social e o desenvolvimento da sociabilidade, para além da afirmação internacional do Pais através do desporto de alto rendimento.
Para o PCP, o desporto deve ser adequadamente integrado em toda a política de desenvolvimento do Pais como elemento essencial de um novo quadro da vida social, deixando progressivamente de dizer respeito unicamente a uma percentagem restrita da população para passar a cumprir a efectivação do direito ao desporto consignado na Constituição da República Portuguesa.
O PCP toma em consideração as profundas transformações que têm caracterizado a evolução do desporto nas últimas décadas, considerando que, para além das tradicionais áreas em que se exprime -educação e cultura, ocupação sadia e activa do tempo livre, preservação da saúde pública, afirmação internacional do pais -a sua influência passou a verificar-se de forma decisiva em novas áreas e sectores da vida social, como a economia, o turismo, a defesa do ambiente, o urbanismo, a integração social e a luta contra a exclusão e a marginalidade.
O PCP entende que o desporto e as outras actividades físicas devem integrar, de forma essencial , as preocupações com o desenvolvimento do Pais, cabendo ao Estado um papel decisivo no financiamento, na dinamização, coordenação e conjugação de esforços entre todas as instituições e estruturas que devem desempenhar um papel nesse processo, nomeadamente, os ministérios com a tutela do desporto, da juventude, da educação, da saúde, do trabalho e segurança social, da economia, do turismo e do mar, do ordenamento do território, acessibilidades e transportes, as autarquias locais, escolas, clubes e federações desportivas, outras organizações sociais e empresas.
O PCP alerta para a gravidade da visão centrada no processo economicista da difusão da prática do desporto, na medida em que tal processo leva á perda da capacidade cultural e humanizadora que deve constituir a justificação fundamental para que o desporto seja colocado ao serviço do ser humano. De facto, o desporto exige meios económicos para a sua difusão e, simultaneamente, da sua organização podem decorrer vantagens económicas quando correctamente orientado -nomeadamente na luta contra o insucesso escolar, na poupança substancial com a prevenção de certas doenças, no aumento significativo da produtividade no sector do trabalho e na melhoria da oferta turística do Pais. Contudo, a mercantilização generalizada do desporto, procurando obter lucros financeiros a que ele é alheio, apresenta-se nos países em que tal se tem verificado como um travão a democratização, promovendo em contrapartida o aprofundamento da injustiça social no acesso as práticas, especialmente por parte da população mais carenciada.
A deliberada abstenção dos governos em preencher a responsabilidade que lhes cabe, definida pela visão neoliberal do funcionamento da sociedade, que tem imposto um processo de submissão a hipotética racionalidade utilitária e mercantilista das leis económicas e decorrentes do mercado que tudo regula, deve ser substituída urgentemente por uma politica patriótica e de esquerda que garanta a estruturação de um serviço público de difusão da prática das actividades físicas e desportivas, e conceba o desporto como um bem cultural colocado ao serviço da humanização do indivíduo e da sociedade. Esta perspectiva passa inevitavelmente pela definição de uma política que estabeleça uma relação coerente entre o direito público a pratica das actividades desportivas, o exercício da função voluntaria dos dirigentes e o processo comercial da oferta.
De acordo com esta perspectiva, a democratização da prática desportiva, só é viável se obedecer a um projecto devidamente planeado, em que todos os intervenientes, quer públicos quer privados, devem participar de forma activa e empenhada visando rentabilizar todos os meios disponíveis capazes de responderem as necessidades diferenciadas dos vários grupos da população, concretizando os direitos expressos na Constituição da República, nomeadamente o direito ao desporto, á educação, á cultura, á saúde e ao bem-estar.
Por outro lado, é indispensável que os governos deixem de considerar a afirmação desportiva do Pais em termos internacionais como algo de secundário e marginal. Na actualidade, a afirmação do valor desportivo de quaisquer pais constitui um elemento essencial de prestígio, na medida em que traduz a capacidade de organização e a vontade de afirmação de um povo. A politica de miserabilismo, traduzida por um orçamento que se afirma percentualmente como um dos mais baixos da Europa, e a ausência de medidas que estruturem, com a solidez indispensável, o subsistema de alto rendimento, deve ser substituída pela decisão em dotar Portugal de uma equipa nacional de atletas de alto rendimento capaz de colocar o Pais no lugar a que deve aspirar no contexto das nações, e do qual sempre esteve arredado
UM DIAGNÓSTICO DEVASTADOR
A degradação dos determinantes do desenvolvimento desportivo e da resposta às necessidades dos diferentes grupos da população, pode, sinteticamente, referir-se do seguinte modo:
As crianças que frequentam o 1º ciclo do ensino básico continuam sem Educação Física pedagogicamente integrada no currículo escolar, o que prejudica seriamente o seu desenvolvimento integral, a aquisição das aprendizagens motoras essenciais realizadas num período crítico, impedindo a contribuição na luta contra o insucesso escolar, no combate ao sedentarismo, e na prevenção de certas doenças como obesidade.
Atendendo à forma como se implementaram, as actividades chamadas de enriquecimento curricular desempenham unicamente uma função de ocupação do tempo livre, e revelando-se até como prejudiciais para a afirmação da Educação Física curricular;
Os pré-adolescentes, adolescentes e jovens que frequentam as escolas do 2.º, 3ºciclos do ensino básico e do ensino secundário, enfrentam com os seus professores dificuldades acrescidas de realização da Educação Física e do desporto escolar, impedindo-lhes a aquisição de hábitos de prática para a vida adulta, a aprendizagem de condutas motoras essenciais e O acesso a uma cultura desportiva referida a todos. A actividade física e desportiva nas universidades é praticamente inexistente;
Durante a legislatura que termina, a Educação Física para além de continuar a não receber a atenção que lhe é devida como elemento constituinte do currículo, sofreu um sério ataque perpetrado pelo Ministério da Educação que, em alguns casos, reduziu o número de horas que, sendo já insuficiente, eliminou pura e simplesmente a disciplina. Considera-se que esta situação constitui um sério motivo de preocupação na medida em que indicia uma tendência que tudo indica poder vir a concretizar-se no futuro em termos gerais, prejudicando profundamente a educação integral da Juventude portuguesa.
O desporto escolar não é mais do que simplesmente tolerado pelo Ministério da Educação, e os professores de Educação Física continuam a encontrar sérias dificuldades em realizar o seu trabalho. Inclusive, as estruturas criadas com o objectivo de garantir a especialização dos alunos mais dotados não passaram de meras tentativas sem estrutura sólida e sem consequências palpáveis.
O subsistema do desporto federado continua a não ver reconhecida a importância da sua acção em termos da formação, orientação e especialização dos jovens que revelam maiores aptidões, não recebendo da parte dos governos o apoio indispensável para a estruturação do nível de alto rendimento que um pais moderno exige como forma de afirmar O seu valor desportivo no contexto das nações.
Devido a esta situação Portugal não consegue ombrear em termos de uma posição condigna e prestigiante com os países europeus e vários do resto do mundo, que possuem características demográficas e estruturais do mesmo nível. Nos últimos Jogos Olímpicos, a Equipa Portuguesa não passou do 69.º lugar, e nos Jogos Paralímpicos do 63', sendo ultrapassada por várias equipas dos países do chamado terceiro mundo.
O parque de instalações desportivas espalhadas pelo território mantém-se caracterizado por uma enorme subutilização, enfrentado sérios problemas de gestão devido às consequências da crise e à ausência de uma política de desenvolvimento do desporto para todos; pela não resolução de inúmeras carências no setor escolar e que compete ao Ministério da Educação resolver; assim como pelo não reconhecimento da importante acção que o movimento associativo desportivo poderia desempenhar através da utilização das instalações desportivas existentes, e outras que deveriam ser criadas e colocadas à sua disposição;
A ausência de esforços conjugados entre os diversos sectores do Estado, as autarquias locais, o movimento associativo desportivo e as empresas, impede que se estruture uma política nacional de desenvolvimento do desporto, perante a indiferença manifestada pelos sucessivos governos;
A transferência de competências e responsabilidades do Estado Central para o Poder Local no sentido do desenvolvimento da prática desportiva e da criação das bases materiais para a viabilizar, não é acompanhada da indispensável transferência de meios financeiros, o que, por um lado, impede o desenvolvimento da ação das autarquias locais, e, por outro, leva a que os cidadãos paguem duas e três vezes o investimento realizado -através dos impostos gerais e locais e do respectivo ingresso;
O movimento associativo desportivo, constituído na sua grande maioria pelos pequenos clubes de bairro e de aldeia, vive um momento extremamente difícil. Dificuldades que advêm da crise que limitou fortemente a capacidade de financiamento local; do agravamento das condições de vida e da desregulação dos horários de trabalho dos seus voluntários; da alteração da lei do arrendamento urbano; e da forma como a sua acção é entendida, quando afinal desenvolvem uma importantíssima função social de serviço público, materialmente desinteressada, na medida em que é o grande obreiro do desporto que o Pais vai possuindo, ao mesmo tempo que garante o enquadramento e a integração de um número significativo de crianças e jovens;
O desporto para as pessoas com deficiência continua a ser apresentado através dos êxitos conseguidos por alguns atletas que, com as suas famílias e os seus treinadores, são afinal quem sustenta a sua preparação, sem receber o apoio significativo que a sua situação justifica, do mesmo modo que é esquecida a generalidade da população com deficiência;
O problema do aumento significativo da população idosa, que devia ser devidamente esclarecida sobre as enormes vantagens de uma prática da actividade física e desportiva diferenciada e devidamente adaptada, e que deveria encontrar formas especificas de apoio para se poder dedicar à prática, não é sequer tomado em consideração naquilo a que o Governo chama pomposamente da sua politica desportiva, ignorando não só os efeitos negativos dessa situação para cada idoso, como também os beneficias económicos que se repercutiriam nos gastos em saúde se ele fosse devidamente equacionado;
O desporto para todos não foi sequer encarado como uma forma de promover a resposta ao imperativo constitucional do «direito ao desporto». Entende-se o desporto para todos como o vasto conjunto de práticas desportivas, competitivas ou não, realizadas em espaços especificamente desportivos ou outros, de forma auto-organizada ou institucionalmente integrada, mas sempre considerando o indivíduo, dos dois sexos e em qualquer momento da sua existência, como o centro das preocupações, pelo que todas as actividades devem ser adaptadas às capacidades do momento e às motivações e necessidades de cada um. É de acordo com esta perspectiva que o desporto para todos deverá passar a constituir o processo essencial de difusão democrática da prática desportiva em todo o Pais, constituindo o elemento essencial da estruturação do serviço público capaz de responder ao «direito ao desporto».
Em sentido contrário, os sucessivos governos têm procurado justificar o seu alheamento deste processo com a responsabilização directa do cidadão pela prática das actividades. Tratando-se de uma perspectiva claramente neoliberal que culpabiliza o indivíduo pelo grau de sedentarismo elevadíssimo que caracteriza o Pais, quando, afinal, sabe-se bem que a causa fundamental desta grave situação se encontra nas características do ambiente. Desde as condições socioeconómicas de vida, de trabalho, de transporte, acessibilidade e de habitação, às características da estrutura urbana, à ausência de uma rede de equipamentos devidamente integrada na comunidade e, aspecto fundamental, ao facto de não existir uma politica desportiva preocupada em responder às necessidades do indivíduo e da população, tudo isto se opõe a que a população e cada indivíduo por si encontre condições para poder alterar os hábitos de sedentarismo que se instalaram na sociedade portuguesa nas últimas décadas. Desta forma, a responsabilização do cidadão constitui meramente uma manobra de escamoteamento daquilo que cabe ao Estado e que este recusa cumprir, sem contudo se considerar que ele tudo deve resolver visto que a responsabilidade individual e da comunidade também continuará a existir, mas de acordo com uma visão anti-segregativa que tem de tomar em consideração a situação de carência material que caracteriza uma percentagem muito significativa da população portuguesa.
A própria promoção da actividade física visando a manutenção da saúde, a prevenção de doenças, como a epidemia da obesidade, e a luta contra o sedentarismo, não tem obtido por parte dos sucessivos governos a atenção absolutamente indispensável capaz de enfrentar a enorme gravidade da situação que se continua a viver em Portugal.
Os projectos até agora apresentados publicamente caracterizam-se por uma visão tecnicamente rudimentar e doutrinariamente vazia, assumindo, por isso, o carácter de uma mera intenção, sem real vontade de concretização de uma acção que no entanto é de importância crucial para o Pais. Sem a definição de objectivos concretos, nem estratégias, coordenação entre sectores públicos e privados envolvidos, e sem se proceder à indispensável avaliação daquilo que, de facto, se obteve até ao momento, esses «Planos», para além do mais caracterizam-se por uma rotunda indefinição dos meios destinados á acção.
A situação do organismo do Estado com competências na área do desporto é calamitosa, mantendo-se o seu alheamento perante os problemas do desenvolvimento desportivo do Pais, a incoerência da acção, a falta de capacidade e a recusa em definir e pôr em pratica soluções essenciais para enfrentar a dificuldade da generalidade da população em adoptar hábitos de vida mais activos.
Inclusive, a necessária «Carta Desportiva Nacional» e o «Estudo da Situação Desportiva do Pais», apontados como elementos essenciais na Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, não foram sequer implementados, apesar dos sucessivos compromissos assumidos pelo governo PSD/CDS, há quatro anos. É claro que é conveniente desconhecer a realidade, na medida em que a partir desse desconhecimento se poderá afirmar o que mais convém em termos politicas. Todavia, as estatísticas internacionais, periodicamente difundidas, continuam a colocar Portugal nos últimos lugares, junto dos países europeus que revelam os mais altos níveis de sedentarismo.
A recusa em desenvolver qualquer ação de promoção da prática do desporto nos locais de trabalho impede a estruturação e manutenção da força de trabalho através da melhoria da saúde dos trabalhadores e da luta contra o absentismo, como também não gera aumento da capacidade de trabalho nem bem-estar do trabalhador;
A situação da dotação orçamental para o sector, assumindo desde hã muito tempo uma pobreza constrangedora, foi agora agravada com o pretexto da crise. Na verdade, esta situação traduz o desprezo a que é votado o desporto. e desconhece, ou recusa, por incompetência e incúria, O enorme papel que as actividades físicas e desportivas podem e devem desempenhar em termos de poupança em saúde, de aumento da produtividade, na luta contra o insucesso escolar e a favor da integração social dos jovens;
A penúria dos meios postos ã disposição dos diferentes subsistemas provoca, de facto, duas consequências maiores. Em primeiro lugar, impede o indispensável desenvolvimento do desporto de alto rendimento -o que põe em causa não só a resposta aos/ás jovens que a ele desejam aderir, como também a afirmação internacional do Pais e, em segundo lugar, leva, inexoravelmente, a um processo de mercantilização das práticas em relação a todos os grupos da população, criando, por um lado, um processo agravado de segregação social devido ao facto patente de larga percentagem da população não possuir meios económicos, e, por outro, provoca, em muitas circunstâncias, a degradação do significado educativo e cultural das próprias actividades.
UMA NOVA POLÍTICA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESPORTO
É indispensável que o Estado equacione as dificuldades e obstáculos que os vários entes desportivos defrontam para responder ás necessidades da generalidade da população. É indispensável assumir uma nova política visando a alteração desta situação. Uma politica que, cumprindo a orientação Constitucional da conjugação coordenada de esforços «Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto» (n.º 2, artigo 79.º), possibilite às actividades físicas e desportivas e à Educação Física o desempenho da sua função de valorização humana -factor de desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e de contributo para a democratização da vida social.
o PCP considera que é urgente iniciar um processo de autêntica democratização da Cultura Física de forma a assegurar à generalidade da população condições de acesso á prática desportiva regular, dando resposta ás necessidades de mulheres e homens nas diferentes etapas de vida, visando contribuir para os processos de educação, formação, cultura, sociabilização, saúde, qualidade de vida e preenchimento sadio do tempo livre.
Uma nova politica que:
Considere a importância decisiva da Educação Física ao longo de toda a escolaridade, com instalações adequadas e seguras, carga horária significativa para cumprir um novo currículo de aprendizagens planeadas, progressivamente adaptadas e inclusivas, apostando na elevada qualificação de docentes e na transformação do Desporto Escolar num processo de desenvolvimento desportivo, de conquista da juventude para a prática do desporto e de contributo para a sua formação como cidadãs e cidadãos.
Garanta a igualdade das raparigas e das mulheres na prática e na participação desportivas, e combata todas as formas de discriminação baseadas no sexo.
Confirme a autonomia, e afirme o papel insubstituível dos clubes desportivos e de todo o movimento associativo na promoção e desenvolvimento da prática desportiva federada, assegurando o apoio do Estado em meios materiais, humanos e financeiros indispensáveis para o desenvolvimento da sua acção.
Reconheça o valor e a importância cultural, social e económica dos dirigentes associativos voluntários, que lutando contra toda a casta de dificuldades, carências, obstáculos, incompreensões e falta de real apoio, têm garantido a estruturação do desporto que o Pais possui, através do funcionamento dos seus clubes. Para isso, é indispensável que seja revisto o actual estatuto em vigor, substituindo-o por um novo estatuto capaz de fazer inteira justiça ao trabalho das muitas dezenas de milhar de cidadãos e cidadãs que desempenham estas funções.
Reconheça o valor social e cultural da prática desportiva de alto rendimento, dotando as federações desportivas de um conjunto de meios indispensáveis a uma preparação estruturada e planeada no tempo -garantindo medidas de protecção e apoio especial aos/às atletas, incluindo o processo de integração social terminada a carreira desportiva, promovendo a qualificação de treinadores/as e de outros profissionais e o apoio à acção dos dirigentes voluntários.
Reconheça a função da medicina desportiva como elemento constituinte da politica nacional de saúde, garantindo o controlo médico-desportivo, periódico e gratuito, e o indispensável acompanhamento especializado ás/aos atletas de alto rendimento.
Garanta que seja produzida legislação capaz de estruturar uma autêntica carreira profissional aos atletas que integram o espectáculo desportivo profissional, salvaguardando os seus direitos e uma situação justa em termos de direito do trabalho e na sua integração social
Concretize formas de apoio expressivo á investigação cientifica em diferentes áreas disciplinares, com a finalidade de apoiar a orientação do processo de desenvolvimento desportivo e a avaliação dos seus impactos.
Impulsione o investimento na criação de uma rede coerentemente planeada e integrada de infraestruturas desportivas, públicas e privadas, visando responder às necessidades dos diferentes tipos de práticas dos vários grupos da população.
Estimule a formação adequada de técnicos e dirigentes, devidamente estruturada, qualificada, avaliada e orientada para a satisfação das necessidades, presentes e futuras, do desenvolvimento desportivo nacional, solicitando com esse objectivo a participação activa e conjugada de universidades e federações desportivas.
Possibilite a plena expressão das funções que as actividades físicas e desportivas devem desempenhar na dinâmica social, respondendo às orientações definidas internacionalmente.
Implemente programas específicos de integração social através do desporto, dirigidos à população jovem, à população idosa, às pessoas com deficiência e à população prisional.
Sensibilize as empresas para as vantagens do desenvolvimento do desporto no sector do trabalho, impulsionando a intervenção das estruturas representativas dos trabalhadores na definição e orientação das actividades desportivas adaptadas às necessidades específicas dos homens e mulheres trabalhadoras.
Promova o apoio ao associativismo desportivo popular, reconhecendo a importância que sempre assumiu na dinamização desportiva local, na integração social e na melhoria da qualidade de vida das populações.
Reconheça a função imprescindível do Poder Local na democratização da prática desportiva, encoraje a existência de uma politica desportiva adequada às especificidades sociais de cada território, definindo critérios equitativos de combate ás discriminações no acesso á prática desportiva regular.
O PCP CONSIDERA URGENTES AS SEGUINTES MEDIDAS:
Criação de um plano de emergência para a integração real da Educação Física nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico e do ensino pré-escolar.
Revogação do decreto-lei n.' 139/2012 de 5 de Julho, designadamente, assegurar a contabilização da classificação da disciplina de Educação Física no ensino secundário para apuramento das médias globais do aluno, e eliminar a possibilidade de redução da carga horária de Educação Física no ensino secundário e no 3.º ciclo do ensino básico.
Redução à taxa mínima do IVA aplicada á aquisição de equipamento de apoio à prática desportiva por parte dos clubes desportivos.
Revogação do atual Regime Jurídico das Federações Desportivas visando restabelecer a sua autonomia.
Revogação do atual enquadramento da Administração Pública desportiva por um serviço central da administração do Estado, dotado de autonomia administrativa e financeira, capaz de desempenhar um verdadeiro papel ativo no processo de desenvolvimento desportivo nacional.
Elaboração de um Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo e de um Plano de Infraestruturas Desportivas que tomem em consideração as assimetrias do desenvolvimento, possibilitando a intervenção coordenada dos diferentes entes desportivos, visando racionalizar e fornecer coerência ao esforço que deve ser empreendido para promover a difusão faseada da prática das actividades físicas e desportivas de toda a população.
Dinamização de campanhas específicas visando aumentar significativamente o número de praticantes desportivos, com particular intervenção junto das mulheres na medida em que estas se encontram significativamente menos envolvidas na prática desportiva.
Valorização adequada do desporto escolar, em termos educativos, de cultura desportiva e de cidadania, de vida activa e de criação de hábitos de prática desportiva, através do apoio indispensável às escolas, aos educadores e os estudantes.
Reconstrução de uma rede de medicina no desporto directamente integrada no Serviço Nacional de Saúde, visando controlar os efeitos da prática desportiva da juventude e da população adulta.
Valorização do envolvimento efelivo do movimento associativo desportivo e do papel que as autarquias locais devem desempenhar na definição e concretização da política desportiva nacional e na sua adequação a realidade local.
Definição de uma política estruturada, devidamente financiada, que vise acabar com o autêntico miserabilismo que tem caracterizado o apoio a preparação e participação das equipas e dos atletas de alio rendimento nas competições internacionais, com particular destaque para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
IMPÕE·SE UMA POLÍTICA PATRIÓTICA E DE ESQUERDA DE DESENVOLVIMENTO DO DESPORTO
Afirmar que os sucessivos governos não possuem uma política para o desporto revela uma ingenuidade que não toma em consideração as intenções e os objetivos que orientam a sua actuação. De faclo, existe uma politica que se exprime fundamentalmente pela desresponsabilização do Estado em relação as obrigações de desenvolvimento social que lhe cabem, pela responsabilização directa, mas injusta e contraria a democratização do desporto, do cidadão tomado individualmente, tudo isto visando criar um mercado alargado das actividades físicas e desportivas assente na sua mercantilização sob diversas formas.
A conjugação desta politica com os efeitos da crise faz com que o desporto português viva, no presente, dificuldades acrescidas, especialmente traduzidas pelos obstáculos económicos criados as famílias e aos outros grupos sociais fragilizados, agravando o anterior processo de segregação social do acesso as diferentes práticas desportivas.
Para enfrentar esta situação é indispensável dar lugar a uma nova política patriótica e de esquerda que possa fornecer respostas adequadas aos diferentes problemas vividos no presente, de forma colocar Portugal, progressivamente, pelo menos dentro da média europeia, abandonando decididamente os últimos, e em muitos casos o último dos lugares referidos ao contexto europeu, em relação aos diferentes fatores de desenvolvimento da cultura física da população. Mas, acima de tudo, é a única forma de garantir a generalidade da população os benefícios de um conjunto de práticas insubstituíveis para a educação dos seus filhos, para a manutenção da capacidade de trabalho dos trabalhadores, de prevenção do envelhecimento nos idosos, de integração social das pessoas com deficiência, e tudo isto referido á melhoria da qualidade de vida e do bem-estar de toda a população.
Programa Eleitoral do PCP · Legislativas 2015
Política Patriótica e de Esquerda -Soluções para um Portugal com futuro 

Balanço do Trabalho Parlamentar do PCP
A XII Legislatura ficou marcada pela agressão ao povo e ao Pais com a aplicação do Pacto assinado entre PS, PSD e CDS e a troica estrangeira constituída por FMI, BCE e UE.
O profundo retrocesso social e económico do pais, após 4 anos e meio de aplicação de politicas de destruição das funções sociais do Estado e dos serviços públicos, de empobrecimento generalizado da população, de agravamento da exploração através da alteração da legislação laboral, de uma politica fiscal de beneficio ao grande capital e brutal aumento de impostos para os trabalhadores e o povo, de apoio à banca e aos grandes grupos económicos e do autêntico saque ao património do Estado que constituiu a politica de privatizações, confirmam a natureza de uma politica orientada para servir os interesses dos grandes grupos económicos e financeiro à custa da liquidação de direitos laborais e sociais, da destruição do emprego e da economia e da degradação do regime democrático.
A coligação PSD/CDS-PP, com o apoio e o compromisso do PS - não apenas pelas responsabilidades do seu anterior Governo mas também pela subscrição e compromisso com o Pacto da troica e as suas medidas mais gravosas - constituíram a troica nacional responsável por essa politica de exploração e empobrecimento que contou com a cobertura politica e institucional do Presidente da República para se manter no poder apesar da perda da base social de apoio e da ilegitimidade da sua ação politica.
Hoje, passados 4 anos, o balanço das consequências das políticas do Pacto de Agressão da troica está à vista e é profundamente negativo.
O Grupo Parlamentar do PCP, dando expressão institucional à actividade do PCP e à luta dos trabalhadores e do povo, marcou decisivamente esta Legislatura não apenas pela qualidade, diversidade e quantidade de iniciativas parlamentares, mas principalmente porque elas corresponderam, em cada momento, à denúncia dos problemas sentidos e à necessidade de combater as políticas do Governo, bem como à apresentação de propostas concretas para os problemas que atingiram os trabalhadores e o povo numa clara afirmação de que é possível uma verdadeira alternativa patriótica e de esquerda.
O nosso trabalho parlamentar assenta no conhecimento do pais e no contacto constante com os problemas concretos de cada região e sector. Apesar de não termos deputados eleitos por todos os círculos eleitorais, não deixámos de, em cada distrito, contactar semanalmente com instituições, trabalhadores, autarcas e representantes locais, única maneira de poder intervir no sentido das necessidades do pais e do povo. Fizemos centenas de visitas em todo o país e recebemos, em reunião na Assembleia da República, mais de 800 pessoas e instituições.
Realizámos 30 Audições Parlamentares temáticas, que foram momentos importantes de contacto e debate e que serviram para trazer à discussão na Assembleia da República temas da actualidade como a dramática situação que o Serviço Nacional de Saúde atravessou no início de 2015, os diversos momentos de ataque à legislação laboral e à Conlratação Coletiva, as privatizações dos CTT e das empresas públicas de transportes, o ataque ao Poder Local Democrático e a extinção das Freguesias, as alterações ao Mapa Judiciário, entre outras.
Foi da soma da proposta política do PCP com o conhecimento profundo da realidade do pais, que resultou um trabalho impar na Assembleia da República com 105 Apreciações Parlamentares, 432 Projectos de Lei, 472 Projectos de Resolução e mais de 4800 Perguntas e Requerimentos.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

VAI TRABALHAR!

Hoje já podemos correr, livremente, nas ruas sem que nos mandem trabalhar mas nem sempre foi assim como se pode ver neste depoimento dado pelo professor Mário Machado na SIC Notícias.


domingo, 13 de setembro de 2015

SIMPLESMENTE ANA!

Porque um blogue é também um lugar de afectos.
Porque me apetece.
E porque sim!
Hoje digo apenas: simplesmente Ana!

(Fotos copiadas do Facebook)


domingo, 6 de setembro de 2015

A NAMORADA SEMI NOVA E O POLIDESPORTIVO

Na infância apaixonei-me pelas bicicletas!
O menino da cidade grande vinha passar os fins-de-semana e as férias grandes aqui ao campo e levava os dias montado em cima de uma bicicleta.
Vem da memória desses tempos coisas como as idas ao Granho de bicicleta, com o Egas, onde se disputava uma partida de matraquilhos e se fazia um abastecimento à base de bifanas antes de voltar para casa, ou as idas ao Tejo de bicicleta.
Quando a corrida tomou conta do meu coração em 1980 a amiga bicicleta foi posta de lado. Eram tempos da descoberta de uma nova paixão e não havia espaço no meu coração para mais nada.
Em 1990 troquei a capital por um “exílio” voluntário aqui na ruralidade do Ribatejo na procura de um lugar tranquilo para se viver e também para correr.
Acontece que essa minha vinda aqui para o Ribatejo deu-se, precisamente, no início de um período de uma paragem de três anos na corrida devido a um problema num joelho, arranjado também num veículo de duas rodas, neste caso uma motorizada. Um queda, absolutamente estúpida numa subida em curva, ainda eu vivia em Lisboa, provocou-me um traumatismo num joelho que implicou uma pequena intervenção cirúrgica no dito.
Mas se a intervenção cirúrgica foi muito pequena a lista de espera para a mesma foram “só” três anos!
Resumindo estava a começar a minha nova vida Ribatejana tinha condições edílicas para correr mas não o podia fazer!...
Mas se não podia correr pedalar não me trazia problemas nenhuns!
Foi assim que no começo da década de 90 do século passado vendi a tal motorizada que me tinha dado cabo do joelho (vinguei-me, mas a coitada nem teve culpa da queda, culpa teve quem derramou óleo ou gasóleo na estrada) e comprei uma BTT, mas uma BTT a sério que na altura era quase topo de gama de uma determinada marca.
Se juntarmos um corredor impedido de correr a pé mas apaixonado desde sempre pelas bicicletas, uma BTT, e uma imensidão de percursos para se descobrir (bem mais que na actualidade pois muitos hoje já estão fechados para evitar roubos e vandalismo) esta mistura, explosiva, só podia dar um “betetista” “furioso”!
Foi o que aconteceu nesses três anos de prática de BTT, a coisa foi intensa. Sem competição, que nesses anos quase não havia e também não era coisa que me motivasse, mas com muitos e muitos quilómetros nas pernas aqui pelo Ribatejo, com sol ou chuva, calor ou frio.
Para “agravar” a situação pouco tempo depois juntei à minha BTT uma “prima” ou seja um bicicleta de cicloturismo e comecei, também, a fazer longos passeios em estrada.
Na altura, fora da estrada os meus passeios mais longos eram de 70 km e sem problemas de maior e em alcatrão uma dose de 100 km era algo que fazia com bastante tranquilidade e a prática de BTT era quase diária.
E assim passei três felizes anos com a minhas duas “namoradas”!
Depois de me “consertarem” o joelho fiz uma despedida das bicicletas com uma volta de 160 km em estrada (a maior distância que alguma vez fiz de bicicleta) e atirei-me à corrida a pé e a recuperar parte da forma perdida.
Ainda cheguei a usar a bicicleta como método de recuperação da corrida mas coisa pouca.
Entretanto os problemas da minha desgraçada coluna foram-se agravando com a idade e o uso de uma bicicleta de corrida tornou-se proibitivo para mim e minha velhinha BBT também me proporcionava uma posição de condução com um grau de inclinação totalmente impróprio para os meus problemas de coluna.
Foi assim que as bicicletas acabaram por ser postas de lado na minha vida e estive um longo período sem as usar.
Eu que durante alguns anos fiz uso da bicicleta quer na vertente desportiva, que no dia-a-dia; para ir ao barbeiro na vila vizinha, para ir ao Multibanco (que só havia no Cartaxo na altura), para ir para o trabalho tudo era feito com recurso a bicicleta, vi-me completamente afastado dessa espantosa máquina.
Mas como não há paixão como a primeira comecei a pensar voltar a reconciliar-me com a bicicleta. Na verdade nunca estive zangado com elas mas não tinha uma máquina que se adequasse à situação do meu pobre esqueleto.
Então pensei que mudando o tipo de guiador da minha velhinha e histórica, BTT talvezes resolvesse o problema da posição de condução.
Foi assim que consultei uma “mago” especialista em bicicletas e apaixonado pelas mesmas.
Entreguei-lhe a minha velha “namorada” e ela veio de lá semi-nova depois de uma revisão profunda em que foi toda desmontada, limpa e montada, com um novo guiador sobrelevado, subido o avanço do mesmo, e uns guarda-lamas (pois o tempo do BTT puro e duro para mim terminou e agora o objectivo é uns passeios tranquilos em estrada).
Esta semana comecei então uma nova etapa da minha vida desportiva em que alterno entre a corrida a pé e a bicicleta durante seis vezes por semana.
A ideia é a busca do bem-estar físico e mental, e o aliviar mais a carga da corrida que se torna mais violenta para o meu esqueleto que a bicicleta.
Tudo isto ainda está muito no começo, ainda está tudo “pintado de fresco”.
Se na parte da corrida a pé estou a recomeçar, muito lentamente, depois da paragem por causa da fascite, já na bicicleta é todo um redescobrir de sensações, vivências e músculos. Mas não há duvida: uma bicicleta é o melhor brinquedo que um adulto pode ter!

Resumindo, todo este longo texto para dizer algo que se escreve numa frase: tenho uma namorada semi nova e, agora, sou polidesportivo (mas não  pavilhão que isso é outra coisa :) )!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

UMA PRENDA DO PERNETA

Recebemos, ontem, aqui na redacção uma prenda do perneta (mentira que ele corre muito!) Carlos Cardoso.



(CLIQUE NAS IMAGENS PARA AS AMPLIAR)


terça-feira, 1 de setembro de 2015

ÚLTIMO QUILÓMETRO SEXTO ANO DE VIDA!

O Último Quilómetro atingiu o seu sexto ano de vida.
Fossemos uma criança (em certo sentido até o somos) e estaríamos a entrar para o ensino básico neste ano lectivo que se inicia.
Pese embora já tenhamos abandonado os bancos da escola há muitos anos consideráramos a vida uma eterna aprendizagem quer se tenham 8 ou 80 anos.
Tem também sido uma excelente escola de aprendizagem para nós tanto este blogue como toda a blogosfera corredora.
Muito temos aprendido aqui com esta grande família e não só no campo desportivo.
Renovamos, como sempre, o nosso obrigado a todos os que tem a paciência de passar por esta “casa”/causa na certeza que ela é muito mais vossa que nossa.
Depois de um dos períodos menos produtivos que o Último Quilometro atravessou vamos entrar no nosso sétimo ano de existência com uma energia renovada mas aprendendo sempre em cada minuto da vida.

Um abraço a todos.