quarta-feira, 25 de abril de 2012

CORRIDA DA LIBERDADE - CORRIDA DA FRATERNIDADE

Falar da Corrida da Liberdade é falar de fraternidade.
E falar de fraternidade é falar da equipe dos Zatopeques.
Já não corro para médias, andamentos, classificações e objectivos.
Corro para ser feliz.
Há melhor maneira de ser feliz que fazer toda a Corrida Da Liberdade ao lado dos Zatopeques? Julgo que não!
Foi uma honra cortar a meta nos Restauradores com estes amigos a gritarmos, bem alto  25 DE ABRIL SEMPRE:



segunda-feira, 23 de abril de 2012

ALERTA – O QUE SE PASSA COM OS CORREDORES?

Dois leitores desde blogue, ao comentaram um texto aqui publicado, referiram que quando em pleno treino se cruzam com outro corredor e o saúdam, muitas vezes esse seu gesto não é correspondido.
Ficámos completamente perplexos e preocupados com estas  afirmações e o que elas representam.
Começámos a correr na década de oitenta e nesses anos era impensável que ao passarmos por um corredor não houvesse uma saudação / cumprimento mutuo.
Todos nós corredores nos sentíamos pertença de uma grande família e, de certa forma, irmãos de um certo ideal, de uma certa maneira de estar na vida.
Não vou dizer que o mundo da corrida fosse algo de perfeito e idílico, uma sociedade à parte. Não, o mundo da corrida espelhava a sociedade em que se vivia na altura, com todas as suas imperfeições mas, de qualquer forma, o nosso “pequenino” mundo de corredores ainda era muito mais fraterno que o “mundo  exterior”.
Naqueles anos era quase escandaloso um corredor saudar outro e não ser correspondido!
Quando deixei a cidade grande e vim viver para o campo passei praticamente a não me cruzar com outros corredores mas mantive a pratica de os saudar, das raras vezes em que isso acontece.
Mas se não encontrava corredores passei a ter por hábito saudar as pessoas com quem cruzava, em especial em locais mais isolados.
Ao ser praticamente o único corredor a passar em determinados locais sinto-me como um embaixador do nosso desporto e tenho como obrigação ser o mais educado possível com as pessoas pois elas podem não entender bem aquele esforço de um sujeito que anda por ali a correr mas têm que ficar com uma imagem o mais positiva possível do corredor que por elas passa.
Nos dias de hoje continuo a executar estas práticas e a ser correspondido nas minhas saudações.
Talvez por viver longe dos grandes centros as coisas por aqui sejam diferentes e as pessoas ainda tenham outra disponibilidade e atenção para quem com elas se cruza por esses caminhos.
Sei que a sociedade está cada vez mais egoísta e egocêntrica, que as pessoas estão cada vez mais envoltas em problemas, que destroem os sonhos e tornam a vida num inferno, mas se quando se corre, se quando estamos a fazer algo que nós dá prazer, não temos a capacidade, mínima, de esquecer os nossos problemas e responder a uma simples saudação do corredor que connosco se cruza então essa sociedade está bem mais doente do que eu possa imaginar.
O que se passa connosco corredores que já nem respondemos à saudação de outro corredor que connosco se cruza?
Para onde vamos com estas atitudes?
Se o treino não nos liberta dos problemas do dia a dia, não nos torna mais humanos, mais fraternos, vale a pena continuar a correr?
Vale a pena andar correr tão mal disposto que respondemos com o silêncio e um ar carrancudo  ao colega que por nós se cruza no treino?
Não! Este não é o meu mundo da corrida. Aprendi que ser corredor é ser-se fraterno e solidário!
Não pensem que não tenho problemas, que a vida me corre de feição, bem pelo contrário, mas quando os problemas da minha vida interferirem de tal maneira no meu treino que me impossibilitem de saudar o amigo corredor que comigo se cruza, se esse dia chegar, deixo de treinar! Correr mal disposto e angustiado não vale a pena! É contrário a tudo o que aprendi sobre o que é correr!
E nem quero pensar que a falta de resposta a uma saudação seja, tão simplesmente, falta de educação. Não acredito que haja assim por aí tantos corredores mal educados! Prefiro acreditar que é o “peso da vida” que está a afectar também a “família” dos corredores!
Vamos mudar de atitudes? Vamos ser mais humanos e fraternos?
Jorge Branco

sábado, 21 de abril de 2012

SINAIS DE LUZES NA SAUDAÇÃO AOS CORREDORES!


Quando um corredor se encontra ao volante da sua viatura e se cruza na estrada com outro corredor em pleno treino o normal é que queira saudar aquele colega, mas como faze-lo?
Talvez o mais óbvio e natural, o que esteja mais à mão, seja usar a buzina.
Mas buzinar não nos parece de todo a opção mais sensata.
Ao ouvirmos um buzinadela em pleno treino na estrada nunca sabemos se é uma saudação amiga ou se é alguém que se julga o dono da estrada e resolva demonstrar assim a sua absurda e egoísta irritação.
Por melhor das intenções que uma buzinadela possa ter na nossa opinião é sempre algo irritante de se escutar quando em pleno treino.
Mas então como saudar aquele corredor que passa por nós?
Pensamos que há um sistema extremamente fácil, perceptível e nada incomodativo: fazer sinais de luzes!
É isso amigos: para saudar os corredores façam sinais de luzes quer seja de noite ou de dia!
Como corremos de frente para o transito, com toda a facilidade veremos essa saudação do amigo que se encontra ao volante.
Se divulgarmos esta prática entre os corredores, depressa ela se tornará conhecida de todos e teremos assim criado um código que permite saudar quem faz o seu treino na estrada sem incomodar ninguém e com uma forma clara e inequívoca de saudação perante aquele atleta com o qual nos cruzamos.
SINAIS DE LUZES PARA SAUDAR QUEM CORRE NA ESTRADA! VAMOS DIVULGAR E ADOPTAR ESTA PRÁTICA?
Se concordas com o que aqui escrevemos põe em pratica e divulga!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ONDE ESTAVAS FAZ HOJE 25 ANOS?

Um grande amigo mandou-me hoje (18 de Abril de 2012) um mail contendo apenas esta enigmática pergunta: onde estavas  faz hoje 25 anos?
Tendo em conta o amigo em questão, o mês em que nos encontramos e fazendo umas rápidas contas de cabeça cheguei, facilmente, à resposta:
Precisamente há 25 anos encontrava-me a participar na minha mais longa prova como corredor de fundo, na segunda edição das 12 horas de Vila Real de Santo António.
Pois é mesmo verdade. Foi há um quarto de século que obtive o melhor resultado da minha modesta carreira de corredor de fundo, ao classificar-me em quinto lugar com a marca de 101,650 Km na referida prova.
Não posso deixar de recordar essa data com uma pontinha de nostalgia e orgulho.
Para todos os efeitos ficarei para sempre ligado à história da ultra maratona em Portugal e seria hipocrisia negar que isso me faz feliz.
Curiosamente no dia em passou um quarto de século sobre essa aventura fiz um treino longo que era para ter sido efectuado no domingo mas acabou por se ter de realizar hoje.  Parece que é o destino a empurrar o treino para esta data!
Claro que os treinos longos actuais nada têm a ver  com os de há 25 anos, mas sinto-me feliz por, volvido todo este tempo, ainda ser capaz de andar “perdido” por estes pinhais e eucaliptais ribatejanos durante uma hora e (quase) cinquenta minutos. O corredor de fundo ainda não está completamente defunto!
Um  abraço para o grande amigo que me alertou para esta data mágica e outro abraço para o Egas que comigo esteve na grande aventura de Vila Real de Santo António e embora apenas fosse com o objectivo de me dar apoio logístico acabou por fazer 60,575 km nas calmas!
Nota: mais informação sobre a minha participação na referida prova pode ser lida aqui

sábado, 14 de abril de 2012

BANHOS E BALNEÁRIOS


Muito pouco falado tem sido o banho no final dos treinos.
Talvez para muitos isso já nem seja uma componente do treino!
Quando falamos do banho no final do treino não estamos a enveredar por considerações técnicas de como o mesmo se deve processar mas simplesmente do prazer que ele nos transmite e dos “diferentes” tipos de banho conforme o treino efectuado.
Só quem é corredor de fundo pode entender o prazer que se retira de um banho de depois de um treino de longo e duro.
Só quem já passou por isso pode saber o significado de um bom e relaxante banho depois de correr uma maratona, ou ter concluído outro grande objectivo, quando debaixo de bom duche se atinge um estado de tranquilidade e felicidade indescritíveis, e uma paz interior inimaginável.
Das centenas de banhos nos finais de treino guardo sempre aquela paz que nos invade debaixo do duche depois de um treino longo.
Recordo-me dos tempos dos treinos longos que acabavam no balneário do Estádio Nacional.   Quando os treinos longos eram corridos debaixo de chuva e frio entrava no duche todo equipado (só tirava os sapatos!) e era debaixo da água quente que me despia. Como sabia bem aquela água quente depois de tantos quilómetros ao frio e à chuva.
Recordo-me dos banhos nos saudosos e minúsculos balneários do Estádio 1º de Maio (INATEL) em plena década de 80.
Fervilhava de corrida e fraternidade aquela balneário (hoje já não existe assim, nem no mesmo local).  
Um “família” de corredores tão diferentes nos seus objectivos mas tão iguais no amor à corrida.
A escassez de chuveiros obrigava a tomar banhos “rotativos” em hora de ponta: enquanto um atleta se ensaboava fora do duche outro corredor tirava o sabão debaixo do chuveiro!
Balneários tão apertados e tão superlotados que mais pareciam uma sauna!
O “truque” era depois do banho vestirmo-nos o mais rapidamente possível e sair para o exterior porque senão começava-se a suar mais que durante o treino (!).
A solução passava mesmo por vestir a roupa mínima que o decoro impunha e acabar de se vestir lá fora (em especial no inverno, que a temperatura do balneário não comportava vestir a roupa que a época exigia).
Pode dizer-se que era uma “arte” saber usar os minúsculos balneários, mas todos éramos tão felizes lá e nos entendíamos tão bem!
Recordo-me dos mais espaçosos balneários do Estádio Universitário (mas nada que se compare à magnitude do Estádio Nacional) e daquela vez que comecei a sangrar do nariz, em pleno treino, entre os estádios do INATEL e Universitário, tendo de pedir ao funcionário deste último se me deixava usar as instalações, na tentativa de estancar a hemorragia com a água fria de uma torneira. Prontamente atendido o meu pedido consegui mesmo estancar a hemorragia e voltar para o estádio do INATEL (a correr é claro!)  e nunca mais tive hemorragias nasais até hoje ( e já lá vão bem mais de 20 anos!).
Mas o Estádio Universitário, dado o grande número de atletas que o utilizavam, sendo impossível conhecer todos, até porque estavam sempre a chegar desconhecidos, exigia que se tivesse o máximo cuidado com a roupa, sob pena de se ficar sem a parte mais apetecível – sapatos de topo de gama, fato de treino, etc, como aconteceu a alguns dos nossos amigos mais inexperientes e confiantes.
No Estádio Nacional, havia um amigo que batia sempre à porta do balneário e continuava a bater até algum gritar: pode entrar! (não digo o nome. Ele se quiser, se chegar a ler este texto, que diga)
Nas histórias a rondar o anedótico posso contar aqui o caso daquele amigo que se esqueceu de pôr a camisa no saco e só deu por isso, após o treino, quando se pretendia vestir para ir trabalhar. A solução passou por vestir o casaco em cima do “pêlo” dirigir-se com a companheira, que também corria e tinha treinado connosco, a uma loja, escolher uma camisa, pedir para experimentar a mesma e dizer à funcionária que o atendeu que era mesmo isso que queria e que a levava já vestida e tudo!
Imagine-se o que a funcionária da loja terá pensado daquele cliente: que devia ter andando em tal “farra” durante a noite que até tinha perdido a camisa!
Lembro-me de outro caso em que um amigo se esqueceu de levar as calças da vida “civil” e teve que andar de calças de fato de treino e casaco normal durante todo o dia!
Este escriba após tomar duche reparou que um colega de balneário olhava atentamente para seus meus pés e então perguntou: queres que te empreste os chinelos?   Ao que o amigo retorquiu:  mas esses chinelos não são os meus??!!
E eram mesmo! Tinha-me esquecido de levar os meus e aqueles eram igualzinhos  e como estavam ao lado da minha roupa confundi-me! 
Banhos e balneários no final do treino são mesmo parte integrante desse mesmo treino e fazem parte da nossa história de corredores!
E as vezes até podem ser num local inusitado, como num final da saudosa Transestrela, em que se recorreu às  águas cristalinos e frias de um rio para reduzir as dores musculares e durante alguns minutos ter, de novo, um andar normal e não aquele andar desarticulado!    
Jorge Branco e Egas Branco   
             

quinta-feira, 12 de abril de 2012

50 MARATONAS E ULTRAS (ACTUALIZAÇÃO)

Mais informações sobre este tema podem ser lidas aqui.

terça-feira, 10 de abril de 2012

OPERAÇÃO DE SALVAMENTO


Um impulso repentino levou-me a optar por aquele carreiro agrícola.
Foi mesmo algo não planificado e que ocorreu em cima da bifurcação, obrigando-me à mudança súbita de rota.
Seria um calmo e curto treino, que estava mesmo a pedir aquele caminho que era usado para acesso aos campos, de máquinas e gentes para trabalhos agrícolas. Um treino sem história, pensava eu erradamente.
Mas logo após a curta mas relativamente inclinada descida e mesmo antes de ter por companhia um imponente pivot de rega reparo numa pequena ave que se debatia no solo presa num cordel proveniente de algum trabalho agrícola, desleixadamente abandonado no terreno como, infelizmente, é tão vulgar acontecer.
Imediatamente desliguei o gps e mesmo antes de fazer qualquer intervenção junto da ave analisei a situação: pela forma como a ave se debatia parecia-me que o cordel estava enrolado à volta da cabeça (se podemos falar assim de uma ave!) e que a situação era complicada. Pensei mesmo se não teria que interromper imediatamente o treino e levar o pequeno pássaro a um familiar meu, com mais tarimba no assunto, e com um tesoura que era capaz de ser necessária.
Não seria a primeira vez que voltaria a correr de um treino para casa, com uma ave a necessitar de cuidados urgentes e provavelmente não será a última vez que tal me vai acontecer.
Mas, para meu grande alivio, assim que peguei no pequeno e frágil pássaro verifiquei que o cordel estava apenas enrolado, sem qualquer nó, e consegui soltá-lo com facilidade.
Depois foi só libertar a assustada ave ligar o gps e voltar ao treino.
Claro que foi um treino diferente, com uma enorme sensação de dever cumprido e com a lembrança daquele pequenino coração a bater aceleradamente na minha mão.
Afinal o ser humano e uma ave não são assim tão diferentes. Numa situação de perigo ambos os corações batem aceleradamente.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

50 MARATONAS E ULTRAS (ACTUALIZAÇÃO)

Mais informações sobre este tema podem ser lidas aqui.

domingo, 1 de abril de 2012

PARA A HISTÓRIA DA CORRIDA EM MONTANHA EM PORTUGAL

Pode-se afirmar, sem margem de erro, que o grande arranque para a implantação das provas de montanha em Portugal se deu pelas mãos do Professor António Matias,  no já longínquo ano de 1995 com o lançamento do DESAFIO 95.
Numa entrevista datada de Setembro de 1996, publicada na Revista Atletismo e quem prestamos o merecido agradecimento, o Professor António Matias fala-nos da corrida em montanha em Portugal e das suas perspectivas sobre a mesma.
Passados todos estes anos, a forte implantação das corridas de montanha no nosso país vem demonstrar que não foi em vão todo o esforço deste professor de educação física, corredor de fundo e ainda hoje na linha da frente na organização das actualmente, designadas provas de trail (mas que nós preferimos chamar como sempre as conhecemos, ou seja provas de montanha).
Ao João Lima, os nossos agradecimentos por ter digitalizado a referida entrevista e por ter tido a gentileza de no-la enviar.
Ao Professor António Matias, o nosso enorme obrigado por tudo o que fez, e faz, pelas provas de montanha em Portugal.
À Revista Atletismo, o nosso muito obrigado por ter estado sempre na linha da frente na divulgação do que concerne ao nosso desporto preferido e as nossas desculpas por lhe termos “roubado” a citada entrevista para publicação aqui.
Para uma maior facilidade na leitura da entrevista (podendo-se ampliar a mesma) podem clicar aqui.