Quando fui contagiado pelo “bicho” das corridas (1975) não havia
qualquer informação sobre esta vertente do atletismo. Bom, se não havia
experiência e hábitos de correr fora das pistas, como é que poderia haver
publicações da especialidade.
Mas há males que vêm por bem… Tanto quanto julgo saber, o Prof. Mário
Machado, por questões e razões de saúde teve necessidade de se ausentar do país
por algum tempo, e no país de acolhimento, tal como noutras actividades, já
havia muitas organizações de corridas, não só de estrada como também na
natureza e, claro, para além de vários e bons técnicos e entusiastas da
modalidade com quem o Prof. Mário Machado teve a sorte de se relacionar, havia
também algumas publicações desta modalidade que nós tanto amamos.
No regresso a Portugal, Mário Machado, não perdeu tempo e,
paulatinamente, começou a incrementar por todo o país esta “maluquice” de se
andar a correr pelas ruas fora. Veja-se o caso da “mãe” das meias maratonas que
em 1975 na sua 1ª edição teve 175 maluquinhos à partida, e três anos depois já
ultrapassavam os 2500!
Nessa altura, mais uma vez, Mário Machado, apesar de haver pouca gente
que acreditasse no seu projecto, ainda por cima uma revista com um nome pouco
apelativo para os especialistas de marketing: Spiridon?.., decide avançar,
finalmente, com uma publicação, não virada na totalidade para as corridas de
estrada, mas também para a pista e montanha. Mas o objectivo central era o
pedestrianismo e, sobretudo, virada para aqueles atletas que nunca tinham
praticado atletismo ou sequer a corrida e que necessitavam de todo o apoio em
todos os aspectos inerentes à corrida para, assim, fazerem a sua introdução na
modalidade da melhor maneira e duma forma irreversível!
O meu contacto com a Revista Spiridon dá-se só por volta do início de
1980 (devorava-a em poucos momentos. Era lida e relida e ficava ansioso pela
próxima), mas como eu nessa altura e até 1984/85, não podia ser frequentador
assíduo das corridas, por questões profissionais, mas também porque naqueles
anos atravessei dificuldades económicas com ordenados em atraso, limito-me a
comprar alguns números avulsos (85$00…e 500$00 de assinatura…) até porque não
era fácil comprar a revista, recordo-me que tinha que ir à baixa e a
determinado quiosque…
Não me recordo se foi em finais de 1985 ou 86 que assinei a revista e
que continua até à actualidade. Não estou nada arrependido, muito pelo
contrário. Ela foi a minha conselheira técnica, o meu treinador, conselheiro
médico, informador de quando e onde havia provas. Foi lá que tomei conhecimento
básico de tanta coisa como, por exemplo, qual o tamanho de sapatilhas para o
meu pé, o que era o treino intervalado, o Fartlek, cuidados com alimentação
etc. etc. Aliás, foi graças à revista Spridon que hoje, e desde 1985, que o meu
pequeno-almoço é o célebre Muesli. Na época não havia por cá, era através da
revista que encomendava por 120$00 embalagens de 400g…
Resumindo e concluindo, a riqueza desta revista está, e sempre esteve,
na interacção com os leitores nas diversas e excelentes rubricas que contém.
Assim como na actualidade e riqueza dos conteúdos enviados por colaboradores
estrangeiros do melhor que havia e há no mundo da corrida. A prova do que estou
a dizer é que, ainda hoje, se podem consultar revistas com 20/25 anos com temas
técnicos ou de saúde perfeitamente dentro da actualidade!
Resta-me agradecer e felicitar o Prof. Mário Machado por estes mais de
trinta anos que compartilhou comigo através da nossa Revista. E que venham,
pelo menos, mais 200 edições da SPIRIDON!
(Orlando
Duarte – Atleta desde 1975 e maratonista)
Não deixe de ler o depoimento de Renato Graça, publicado
hoje no JoaoLima.net
Caro Amigo, Jorge Branco,
ResponderEliminarObrigado por nos dar esta oportunidade de, singelamente, homenagearmos esta nossa companheira de à muitos anos, como também o seu mentor, Prof. Mário Machado.
Aproveito para manifestar a minha grande satisfação por ver a minha mensagem ilustrada por um casal de muito respeito e de muito valor!
Os melhores cumprimentos,
Orlando Duarte
E o Orlando que bem transmitiu o espírito Spiridon. Muito bem. Aplaudo.
ResponderEliminarOrlando Duarte. Mais um atleta que sei que esteve a meu lado em muitas provas e que só o conheci verdadeiramente há bem pouco tempo. A tal situação de correr sem olhar para o companheiro que está a nosso lado.
ResponderEliminarUma escrita e um olhar sobre esta Revista que veio mudar a forma como encarava-mos o atletismo e o tal Muesli que também utilizava (ainda hoje o faço, mas não antes das provas ou dias de treino pois não me dou com o leite de difícil digestão) que veio mudar o conceito do pequeno almoço.
O Orlando como sempre um Amigo e é sempre com prazer redobrado vê-lo nas provas onde participo, mas desta feita já sei quem ele é!
:)
Gostei muito da descrição.
ResponderEliminarParabéns.