Dedicado aos amigos para quem a Corrida, ou o Desporto, “é a mais importante das coisas secundárias”, mas para quem a Cultura é uma parte importante da vida e nomeadamente a “arte do nosso século”, o Cinema.
Oportunidade para, ao referir filmes onde o Desporto é pano de fundo da história, ou pelo menos é explicitamente referido como constituindo parte significativa da vida dos personagens, falar de obras que ficaram na história do cinema, e, na maior parte dos casos, de que gosto muito.
As referências são por modalidade desportiva.
O nosso ATLETISMO, em “Chariots of Fire” (Momentos de Glória) (1981), do britânico Hugh Hudson, em “The Loneliness of the Long Distance Runner” (A Solidão do Corredor de Fundo) (1981), de um dos mais brilhantes realizadores da geração britânica do “Free Cinema”, Tony Richardson, marido de Vanessa Redgrave, em “Without Limits” (1998), de Robert Towne, autor do excelente “Ask the Dust”, com Salma Hayek e do argumento do filme de culto de Roman Polanski, “Chinatown” e em “Marathon Man” (O Homem da Maratona) (1976), um filme inquietante de John Schlesinger sobre os criminosos nazis que mudaram de identidade, magistralmente interpretado por dois grandes actores, Laurence Olivier e o então jovem, Dustin Hoffman (o nosso corredor).
O AUTOMOBILISMO, com várias obras célebres de grandes cineastas como John Frankenheimer, “Grand Prix” (1966) ou Howard Hawks, este numa obra “maldita” para a crítica, “Red Line 7000” (1965), mas que tem apesar de tudo a marca do grande realizador norte-americano.
O BILHAR, na obra-prima “The Hustler” (A Vida é um Jogo) (1961), de Robert Rossen e no excepcional “remake” de Martin Scorsese, “The Color of Money” (A Cor do Dinheiro) (1986), ambos interpretados pelo grande e saudoso Paul Newman, interpretando dois papéis separados por 25 anos.
O BOXE, um dos desportos mais cinematográficos, deu grandes filmes e algumas obras- primas, como “Ranging Bull” (O Touro Enraivecido) (1980), de Martin Scorsese, onde Robert de Niro interpretava o campeão Jack La Motta, “The Body and Soul” (Corpo e Alma) (1947), de Robert Rossen, “The Boxer” (1997), do conhecido e excelente cineasta irlandês, Jim Sheridan, “Fat City” (1972) do mestre John Huston, “The Champion” (1949), de Mark Robson, “The Night and City” (1992), de Irwin Winkler, “Gentleman Jim” (1942), de Raoul Walsh, “Ali” (2001), de Michael Mann, o relativamente recente filme sobre o boxe feminino “Million Dollar Baby” (2004), de Clint Eastwood, com um belíssimo argumento de Paul Haggis, o realizador do magnífico “Colisão”, e o famoso “Belarmino” (1964), do nosso Fernando Lopes, com colaboração do Baptista-Bastos, que, embora não apareça na maior parte das enciclopédias de língua inglesa, não destoa, antes pelo contrário, ao lado das obras citadas, e que continua a ser uma obra ímpar do nosso cinema.
O CICLISMO, pelo menos no inesquecível “Jour de Fête” (Há Festa na Aldeia) (1942), do mestre Jacques Tati, num dos seus famosos gags, em que o carteiro bate os ciclistas, e uma obra-prima de animação, “Les Triplettes de Belleville” (2002), de Sylvain Chomet.
O FUTEBOL AMERICANO e o BASEBOL, em várias obras excelentes, provenientes dos estúdios norte-americanos, muitas vezes abordando o tema dos ídolos caídos. Três exemplos excelentes são “Heaven Can Wait” (O Céu Pode Esperar) (1978), de Warren Beatty, “Field of Dreams” (Campo de Sonhos) (1989), de Phil Alden Robinson e “The Longest Yard” (1974), de Robert Aldrich.
O FUTEBOL, em “Escape to Victory “ (Fuga para a Vitória) (1981), de John Huston, sobre uma fuga dos campos de prisioneiros nazis através de um jogo de futebol, onde colaboraram estrelas como Bobby Moore, Osvaldo Ardilles, e o brasileiro Pele, que foram dos melhores jogadores de todos os tempos, “Goalkeeper’s Fear of the Penalty” (1971), de Wim Wenders, “O Leão da Estrela” (1947), de Arthur Duarte, uma comédia menor mas a que o público português ainda consegue achar alguma graça, se conseguir esquecer que essa era a pretendida imagem do “ bom povo português”, ideal para aceitar o atraso e a exploração que lhe eram impostos pelo regime político de então, “Meus Amigos” (1973), de Cunha Telles, com a célebre cena do jogo de futebol. E, pela ausência que pesa, “A Melhor Juventude”, de Marco Túlio Giordana, com a famosa cena da deambulação pela Roma deserta à hora do final do Mundial de Futebol, em que a Itália era uma das selecções presentes.
O HIPISMO (ou as corridas de cavalos), com “The Killing” (Um Roubo no Hipódromo) (1956), do mestre Stanley Kubrick, no primeiro e excelente filme de uma obra cheia de obras-primas inesquecíveis e “A Day at the Races” (Um Dia nas Corridas), realizado por Sam Wood, e interpretado pelos Irmãos Marx, com o seu humor muito peculiar.
Os RODEOS, numa das maiores obras-primas do cinema, “The Lusty Men” (Idílio Selvagem) (1952), realizada pelo mestre Nicholas Ray, no que é talvez o melhor papel de Robert Mitchum. Filme visto em plena adolescência, e nunca mais esquecido!
O RUGBY, no famoso e excepcional “This Sporting Life” (O Jogador Profissional) (1963),sobre a corrupção no desporto, do inglês Lindsay Anderson, então um dos jovens irados (angry men) do “Free Cinema” britânico, sendo o argumento do dramaturgo David Storey e produção de outro grande nome do Realismo Britânico, Karel Reisz, o autor de “A Amante do Tenente Francês”, onde Meryl Streep brilhou de maneira inesquecível.
O TÉNIS, com o mítico par Katherine Hepburn e Spencer Tracy, a jovem tenista e o seu treinador., em “Pat and Mike” (1952), uma das deliciosas comédias do mestre George Cukor.
E, por último, sobre os JOGOS OLÍMPICOS, três documentários avultam. Por um lado o da cineasta nazi Leni Riefenstahl, “Olympiad” (1936), que pretendia demonstrar a “superioridade da raça ariana”, que serviu de base a umas das maiores monstruosidades da história da Humanidade, com o Holocausto em primeiro lugar, dos judeus, dos ciganos e outras minorias consideradas inferiores pelos nazis, e cuja visão continua a ser, em minha opinião, repugnante. Por outro lado, entre os inúmeros documentários feitos sobre as diversas olimpíadas, um documentário brilhante, sobre os “Jogos Olímpicos de Tóquio” (1964), de Kon Ichikawa, e o outro mais recente sobre os Jogos de Munique, “Visions of Eight” (1973), onde colaboraram oito nomes do cinema mundial, como Arthur Penn (EUA), Júri Ozerov (URSS), Kon Ichikawa (JAP) ou Milos Forman (CHE/EUA), num espírito completamente oposto ao do filme racista da Riefenstahl, pelo seu anti-racismo e de comunhão entre os povos.
Não fiz nenhum estudo exaustivo, limitando-me praticamente à minha memória, cada vez mais limitada, de espectador impenitente, que gosta muito de Cinema, por isso, provavelmente, algumas obras importantes tenham ficado por citar, por esquecimento ou por as não ter visto. Mas espero que os amigos me corrijam, se detectarem alguma falta grave.
Oportunidade para, ao referir filmes onde o Desporto é pano de fundo da história, ou pelo menos é explicitamente referido como constituindo parte significativa da vida dos personagens, falar de obras que ficaram na história do cinema, e, na maior parte dos casos, de que gosto muito.
As referências são por modalidade desportiva.
O nosso ATLETISMO, em “Chariots of Fire” (Momentos de Glória) (1981), do britânico Hugh Hudson, em “The Loneliness of the Long Distance Runner” (A Solidão do Corredor de Fundo) (1981), de um dos mais brilhantes realizadores da geração britânica do “Free Cinema”, Tony Richardson, marido de Vanessa Redgrave, em “Without Limits” (1998), de Robert Towne, autor do excelente “Ask the Dust”, com Salma Hayek e do argumento do filme de culto de Roman Polanski, “Chinatown” e em “Marathon Man” (O Homem da Maratona) (1976), um filme inquietante de John Schlesinger sobre os criminosos nazis que mudaram de identidade, magistralmente interpretado por dois grandes actores, Laurence Olivier e o então jovem, Dustin Hoffman (o nosso corredor).
O AUTOMOBILISMO, com várias obras célebres de grandes cineastas como John Frankenheimer, “Grand Prix” (1966) ou Howard Hawks, este numa obra “maldita” para a crítica, “Red Line 7000” (1965), mas que tem apesar de tudo a marca do grande realizador norte-americano.
O BILHAR, na obra-prima “The Hustler” (A Vida é um Jogo) (1961), de Robert Rossen e no excepcional “remake” de Martin Scorsese, “The Color of Money” (A Cor do Dinheiro) (1986), ambos interpretados pelo grande e saudoso Paul Newman, interpretando dois papéis separados por 25 anos.
O BOXE, um dos desportos mais cinematográficos, deu grandes filmes e algumas obras- primas, como “Ranging Bull” (O Touro Enraivecido) (1980), de Martin Scorsese, onde Robert de Niro interpretava o campeão Jack La Motta, “The Body and Soul” (Corpo e Alma) (1947), de Robert Rossen, “The Boxer” (1997), do conhecido e excelente cineasta irlandês, Jim Sheridan, “Fat City” (1972) do mestre John Huston, “The Champion” (1949), de Mark Robson, “The Night and City” (1992), de Irwin Winkler, “Gentleman Jim” (1942), de Raoul Walsh, “Ali” (2001), de Michael Mann, o relativamente recente filme sobre o boxe feminino “Million Dollar Baby” (2004), de Clint Eastwood, com um belíssimo argumento de Paul Haggis, o realizador do magnífico “Colisão”, e o famoso “Belarmino” (1964), do nosso Fernando Lopes, com colaboração do Baptista-Bastos, que, embora não apareça na maior parte das enciclopédias de língua inglesa, não destoa, antes pelo contrário, ao lado das obras citadas, e que continua a ser uma obra ímpar do nosso cinema.
O CICLISMO, pelo menos no inesquecível “Jour de Fête” (Há Festa na Aldeia) (1942), do mestre Jacques Tati, num dos seus famosos gags, em que o carteiro bate os ciclistas, e uma obra-prima de animação, “Les Triplettes de Belleville” (2002), de Sylvain Chomet.
O FUTEBOL AMERICANO e o BASEBOL, em várias obras excelentes, provenientes dos estúdios norte-americanos, muitas vezes abordando o tema dos ídolos caídos. Três exemplos excelentes são “Heaven Can Wait” (O Céu Pode Esperar) (1978), de Warren Beatty, “Field of Dreams” (Campo de Sonhos) (1989), de Phil Alden Robinson e “The Longest Yard” (1974), de Robert Aldrich.
O FUTEBOL, em “Escape to Victory “ (Fuga para a Vitória) (1981), de John Huston, sobre uma fuga dos campos de prisioneiros nazis através de um jogo de futebol, onde colaboraram estrelas como Bobby Moore, Osvaldo Ardilles, e o brasileiro Pele, que foram dos melhores jogadores de todos os tempos, “Goalkeeper’s Fear of the Penalty” (1971), de Wim Wenders, “O Leão da Estrela” (1947), de Arthur Duarte, uma comédia menor mas a que o público português ainda consegue achar alguma graça, se conseguir esquecer que essa era a pretendida imagem do “ bom povo português”, ideal para aceitar o atraso e a exploração que lhe eram impostos pelo regime político de então, “Meus Amigos” (1973), de Cunha Telles, com a célebre cena do jogo de futebol. E, pela ausência que pesa, “A Melhor Juventude”, de Marco Túlio Giordana, com a famosa cena da deambulação pela Roma deserta à hora do final do Mundial de Futebol, em que a Itália era uma das selecções presentes.
O HIPISMO (ou as corridas de cavalos), com “The Killing” (Um Roubo no Hipódromo) (1956), do mestre Stanley Kubrick, no primeiro e excelente filme de uma obra cheia de obras-primas inesquecíveis e “A Day at the Races” (Um Dia nas Corridas), realizado por Sam Wood, e interpretado pelos Irmãos Marx, com o seu humor muito peculiar.
Os RODEOS, numa das maiores obras-primas do cinema, “The Lusty Men” (Idílio Selvagem) (1952), realizada pelo mestre Nicholas Ray, no que é talvez o melhor papel de Robert Mitchum. Filme visto em plena adolescência, e nunca mais esquecido!
O RUGBY, no famoso e excepcional “This Sporting Life” (O Jogador Profissional) (1963),sobre a corrupção no desporto, do inglês Lindsay Anderson, então um dos jovens irados (angry men) do “Free Cinema” britânico, sendo o argumento do dramaturgo David Storey e produção de outro grande nome do Realismo Britânico, Karel Reisz, o autor de “A Amante do Tenente Francês”, onde Meryl Streep brilhou de maneira inesquecível.
O TÉNIS, com o mítico par Katherine Hepburn e Spencer Tracy, a jovem tenista e o seu treinador., em “Pat and Mike” (1952), uma das deliciosas comédias do mestre George Cukor.
E, por último, sobre os JOGOS OLÍMPICOS, três documentários avultam. Por um lado o da cineasta nazi Leni Riefenstahl, “Olympiad” (1936), que pretendia demonstrar a “superioridade da raça ariana”, que serviu de base a umas das maiores monstruosidades da história da Humanidade, com o Holocausto em primeiro lugar, dos judeus, dos ciganos e outras minorias consideradas inferiores pelos nazis, e cuja visão continua a ser, em minha opinião, repugnante. Por outro lado, entre os inúmeros documentários feitos sobre as diversas olimpíadas, um documentário brilhante, sobre os “Jogos Olímpicos de Tóquio” (1964), de Kon Ichikawa, e o outro mais recente sobre os Jogos de Munique, “Visions of Eight” (1973), onde colaboraram oito nomes do cinema mundial, como Arthur Penn (EUA), Júri Ozerov (URSS), Kon Ichikawa (JAP) ou Milos Forman (CHE/EUA), num espírito completamente oposto ao do filme racista da Riefenstahl, pelo seu anti-racismo e de comunhão entre os povos.
Não fiz nenhum estudo exaustivo, limitando-me praticamente à minha memória, cada vez mais limitada, de espectador impenitente, que gosta muito de Cinema, por isso, provavelmente, algumas obras importantes tenham ficado por citar, por esquecimento ou por as não ter visto. Mas espero que os amigos me corrijam, se detectarem alguma falta grave.
20set09
Artigo exaustivo, e impressionante por vir de memória!
ResponderEliminarTambém de cabeça, venho contribuir com mais dois, um no Atletismo e outro no Automobilismo.
Começando por este último, o célebre filme de Lee H.Katzin, com Steve McQueen, Le Mans (1971). Numa época que Le Mans rivalizava no cume do protagonismo com a Formula 1, e utilizando planos inéditos à altura.
Quanto ao Atletismo, temos um filme pouco conhecido entre nós, o que é pena, e que apanhei por mero acaso na televisão há um par de anos.
Chama-se Four Minutes é de Charles Beeson, o papel principal de Jamie Maclachlan e a estrela Christopher Plummer. Relata a história verídica de Roger Bannister, numa altura que as corridas de milha estavam no seu apogeu. Roger Bannister nasceu em 1929 e desde muito jovem sempre ouviu o seu pai afirmar "Se alguém, algum dia, bater os 4 minutos na milha, isso é que é um feito!"
Sempre com essa frase na cabeça, Roger dedicou-se a esse objectivo, sendo dos primeiros a aliar ciência com desporto, no capítulo fisiológico. Estudava medicina, e fez grandes estudos nomeadamente sobre o Vo2, muito em voga hoje.
O filme acompanha a sua carreira e seus estudos e dedicação, até ao grande dia em Maio de 1954, em Oxford, com os seus 2 grandes rivais e amigos a fazerem de lebres, levando esse papel até à exaustão, Roger atira-se de corpo e alma ao seu objectivo, momento muito bem realizado. Quando corta a meta é o silêncio absoluto no estádio, olhos fixos nos 4 cronometristas (não havia cronometragem electrónica, apenas manual, com 4 a compararem os tempos entre si). Quando é anunciado o tempo, 3.59.4, ninguém ouviu os 59.4, mal foi pronunciada a palavra 3 minutos, foi a explosão. História tinha sido feita.
Como mera curiosidade, o actual record (em pista de tartan...), pertence ao famoso Hicham el Guerrouj com 3.43.13 em 1999.
Tal como disse, apanhei-o por mero acaso na televisão, sem estar preparado para o poder gravar, e nunca o descobri em DVD, o que é pena pois o filme é empolgante para quem ama o Atletismo.
Um abraço amigo