Afinal, e indo ao mais básico e
radical de tudo, para se fazer uma prova quase que somos levados a dizer que
bastam dois participantes e definir um percurso.
Nestes tempos conturbados,
amargos e difíceis que atravessamos, e dos quais somos vítimas sem termos tido
culpa nenhuma (ou talvez alguns tendo alguma por nunca terem escolhido outras
alternativas em termos eleitorais mas isso é outra questão) é bom lembrarmo-nos
desses tempos em que se organizava uma prova com a maior simplicidade do mundo
e poucos recursos.
Os tempos são outros, as
exigências diferentes, os custos também, mas numa altura em que começam a ser
canceladas provas em nome da crise (como sempre dizemos: criada pelos que nunca
têm crises) temos que encontrar alternativas às clássicas provas com grandes
meios envolvidos e um orçamente “pesado”.
Convívios entre corredores, como
a denominada São Silvestre Pirata de Monsanto (Lisboa), que no momento em
escrevemos estas linhas já tem mais de 140 “inscritos”, podem ser uma
alternativa, ou melhor, um complemento às clássicas provas.
Em Monsanto não vai haver
classificação, meta, lembranças, televisão, policia, mais vai haver um mar de
gente que ama a corrida a confraternizar simplesmente correndo e convivendo,
tanto durante esse mega treino propriamente dito, como na ceia final em que
cada um trás algo para todos e todos trazem algo para cada um.
São novas formas de correr e
conviver que abrem novos horizontes.
Claro que este tipo de
iniciativas tem que ter em atenção o tipo de percurso a efectuar pois não há
qualquer tipo de policiamento. Mas há sempre alternativas para se usarem
percursos pouco problemáticos e tendo isso em atenção e usando as regras de
segurança normais num treino de estrada não há problemas.
A imagem que ilustra este texto
(retirada da página do João Lima e que pode ser vista aqui) reporta-se à
primeira edição daquela que é hoje uma das mais míticas meias maratonas
Portuguesas, a Meia Maratona de São João das Lampas.
Aqueles 19 participantes que
concluíram a primeira edição deveriam estar longe de imaginar que estavam a
fazer história!
Eram ainda os “tempos da
simplicidade” em que se elaborava a classificação numa simples folha de papel
mas não era por isso que se deixava de organizar uma prova.
Ainda hoje é possível voltar a
esses tempos da simplicidade se necessário!
Claro que não se podem organizar
eventos com centenas de atletas mas podem sempre fazer-se treinos convívios
como o de Monsanto, que é um tão bom exemplo, ou mesmo provas entre grupos de
amigos.
É bom não nos esquecermos que
correr é das coisas mais simples (e belas) do mundo. Tão simples com respirar!
Bem dito! E nem por isso a prova deixava de ter "craques"; Carlos Capítulo emcabeça a pequena lista!
ResponderEliminarO que eu gosto desta classificação!
ResponderEliminarUm verdadeiro documento histórico!
Corrida e simplicidade, está tudo dito e muito bem dito. Assim é que eu entendo a corrida e as outras corridas da vida fora da "redoma de vidro".
ResponderEliminarFiz esta meia maratona 8 vezes, a 1ª das quais em 20 de Set 1986 em 1h 22 min e 45 seg. Mas dizia-se na altura que a prova tinha apenas 20 km. Com um percurso exigente, devido a um perfil de declives acentuados, é conhecida pela MM de S. João das Rampas! José Praça
ResponderEliminarPadrinho.... gostei!
ResponderEliminarPor isso eu entendo que quem corre à muito mais tempo e no tempo em que os tempos eram vistos de uma outra forma.
Nesta mesma prova, este ano, dizia-me o Mário Lima que antigamente quem chegava às 2h00 era uma vergonha....
Eu entendo, nessa altura não havia o "corredor turista", havia o corredor "corredor" e ou era para dar o litro ou nem ia lá!
É interessante ver-se como as coisas mudam e as "mentalidades"....
Mas como estamos no presente, ficamos com a nostalgia do passado e vamos correndo como podemos com ou sem "piratas".
Bom texto.... como sempre :-)