domingo, 11 de setembro de 2011

SÃO JOÃO DAS LAMPAS E O EMPENO BRUTAL !

O treino tinha sido cuidado tendo em conta a prova em si.
Seguramente o treino mais bem cuidado dos últimos anos!
A média semanal de pouco mais de uma hora de corrida nos últimos dois meses, as 5 sessões semanais de treino, o treino longo semanal de duas horas e meia (feito sempre em jejum e sem abastecimento), alguns treinos longos feitos em alcatrão (com bons indicadores em particular um em que fiz uma segunda metade muito boa) era tudo bons sinais de forma.
Claro que havia o “problema” do andamento em treino ser muito lento e eu não ter feito treino técnico no sentido de o melhorar. Pensei na teoria do “devagar se vai ao longe”, porque o esqueleto também não já aguenta grandes treinos técnicos.
Tinha feito a minha última meia maratona em estrada há dois anos, poucas provas faço, treino sozinho, e não tenho grandes descidas por aqui.
Mas pensei que o treino daria para fazer São João das Lampas bem lento mas sem problemas de maior. Claro que ia ser duro, era para sofrer, mas dentro do aceitável.
Na verdade tive seguramente o maior empeno da minha vida!
Parti com calma (penso eu), mas logo ao princípio estranhei a coxa da perna esquerda um pouco perra e dorida.
Resumindo se até aos 16 quilómetros consegui ir correndo, entre os 16 e os 17 tive de adoptar a técnica da corrida e da caminhada para nunca mais a abandonar.
Fui atacado por contracturas musculares (que nome fino…) nas coxas, primeiro na perna esquerda e depois na direita!
Descer era uma tortura! Subir doía menos, mas e a força?
Tive mais contracturas nas Lampas que em toda a minha carreira de “atleta coxo”.
Nunca desisti numa prova, mas também nunca estive tão perto disso!
Mas lá consegui chegar a São João das Lampas, fazer a recta da meta a correr, nem sei como e cheio de dores, receber os incentivos e carinhos dispensados aos últimos classificados (fui penúltimo!), ser incentivado pelos amigos da blogosfera e de uma vida de 31 anos na estrada e nos trilhos (e agora é muito mais nos trilhos) e, para mim, o mais importante de tudo (!) foi conseguir tirar o chip do sapato sem cair para lado, agarrado às pernas (mas tive que andar um bocado às voltas, até conseguir fazer essa operação com sucesso!).
Ainda agora estou para saber o que me aconteceu, mas penso que tudo tem a ver com os ritmos completamente diferentes a que corri nas longas descidas, que trabalham os músculos de maneira a que eles não estão preparados nem habituados e o resultado foi este!
Na verdade cheguei bem pior que amigos com muito menos treino que eu e isto deixa uma certa “raiva”.
Mas estou feliz, feliz e brutalmente empenado!
Amigo Fernando Andrade, a promessa foi comprida: voltei às Lampas 28 anos depois e fiz a “grande”! Para mim sua meia maratona é a melhor de Portugal! Não sei quando voltarei, não só pelo empeno sofrido, mas sobretudo pela logística que isso implica (sair de casa às 10 da manhã e chegar às 11 da noite, dinheiro em transportes, alimentação, sacrifício de um familiar que me dá boleia a partir de Lisboa e já não tem idade para estas aventuras a acabar àquela hora. Enfim, a vida é complicada).
João Lima foi muito bom rever-te.
Mário Lima um abraço do tamanho do mundo!
Joaquim Adelino, amigo, camarada, um abraço do tamanho do mundo novo, justo e fraterno, que queremos e pelo qual lutamos!
Orlando Duarte um abraço e obrigado pela tua ajuda com o teu saber imenso.
Carlos e Henriqueta as “batatas” já estão cozidas!
António Belo grande amigo, grande homem, grande companheiro da estrada, grande campeão (vencedor do escalão M60), um dia ainda cheguei à tua frente numa prova, ou melhor cheguei ao mesmo tempo, mas ganhei-te (isto é só para entendidos!)
Aos todos os amigos, conhecidos e desconhecidos que me incentivaram com palavras simpáticas.
Ao militar da GNR que me acompanhou durante um curto período, quase no final da prova, tendo para comigo palavras muito simpáticas, tendo até a gentileza de voltar para trás, na sua moto, para se despedir de mim e me deixar um abraço.
À minha mulher, a mais doce e melhor companheira que um corredor de fundo, pode ter, e que desta vez julgava que ficava viúva! Desculpa lá, foi pena não nos termos conhecido quando eu ainda tinha a mania que era atleta e andava alguma coisa.
Ao meu tio por tudo!
E por último, e os últimos são sempre os primeiros, a toda a população daquela simpática região do concelho de Sintra que veio para a estrada apoiar os atletas. Vocês são o melhor da Prova!
*Na foto Jorge Branco e João Lima
(Foto Mafalda Lima)*

9 comentários:

  1. Eh eh Jorge, estes agradecimentos todos no final, fazem-me recordar os discursos em noite de oscares! :)

    Fizeste as Lampas, derrotaste as Rampas. E isso de ficar em penúltimo é enganador, pois ficaste à frente de muito bom atleta que não tem coragem de enfrentar esta fantástica prova!

    Um abraço e, tal como já te disse, foi muito bom rever-te!

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  2. Fantástico texto e descrição da sua meia maratona. Em cima da linha da meta enquanto o João Lima “puxava” por si do outro lado da rua ainda gritei “Força Ultimo KM” não sei se ouviu se não. Quem me dera, daqui a uns anos apresentar a sua força para continuar a correr.

    De realçar que a actividade física é um processo constante de destruição física para reconstrução de uma forma mais forte. Ou seja a destruição física de ontem com o devido descanso permitirá amanha ou depois apresentar-se fisicamente mais forte, no entanto esse nível superior é efémero e se calhar é por isso que andamos constantemente a treinar.
    A meu ver conseguiu muitas coisas que parecem simples mas que muitos outros não conseguem nem têm essa coragem:
    - Ter coragem para efectuar a inscrição na Meia de São João das Lampas.
    - Ter coragem para se apresentar na linha de partida.
    - Enfrentar km a km que se cada km fosse o ultimo.
    - Enfrentar todo aquele carrocel em forma de 8 com constantes subidas e descidas.
    - Enfrentar a passagem em São João e não cair na tentação de “ai não dá eu fico-me por aqui” (como eu vi muitos, mas mesmo muitos atletas a fazer aqui a dois anos atras).
    - Enfrentar a passadeira verde da meta a correr!

    Força e boa recuperação!!!

    Ivo Rosa

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  3. Jorge....

    Fico sem palavras!
    E como o João Lima (que tive o prazer de conhecer) diz, as Lampas já eram!
    Há muitos mais novos que nós que não se atrevem a por lá os pés....

    Tenho pena, mais uma vez, de não ter tido a oportunidade de ter estado consigo, mas disse logo ao Carlos que não me queria vir embora sem lhe dizer alguma coisa nem que fosse na meta.
    Ali fomos nós um pouco mais devagar a ver se o víamos e senti-me muito contente de ter tido a oportunidade de o ver chegar bem, mesmo que com dores.
    Confesso que fiquei algo preocupada e quando passei pelo seu tio falei com ele....

    Para a próxima, seja ela qual for, será melhor.
    Um beijinho grande

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  4. Bravo Jorge!!!Bravo.
    Muitíssimo obrigado por ter levado a sério o meu desafio "para o ano é a grande", embora, pelo que descreve,ter sido obrigado a uma preparação intensa para enfrentar esta Prova.
    Espero que essas "contracturas" não o desanimem a prosseguir com a prática da Corrida de que tanto gosta. Agradeço-lhe todo o sacrifício que fez para participar e completar a 35ªMMSJL com capacidade para tirar o chip "com dignidade". A melhor Meia Maratona de Portugal, tal como o seu km, é a última das que fazemos.
    Mais uma vez, muito obrigado por ter definido este objectivo e por tudo o que passou para o alcançar.
    Grande Abraço.
    Fernando Andrade

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  5. Oh Jorge, espero que neste dia e a esta hora que lhe escrevo, já esteja um bocadinho melhor.

    Eu sou certamente um daqueles que com MUITO menos treinos e preparação que o Jorge, acabou por terminar a prova em melhor estado e que lhe provoca por isso alguma "raiva". É apenas a vantagem natural de se ter menos anos, digo eu, embora essa "vantagem" não valha grande coisa, mas ainda vale alguma, embora eu esteja bem consciente que sem trabalho adequado pouco ou nada se alcança, por mais jovem que se seja. O que quero dizer é que admiro imenso o seu esforço e postura perante a Corrida, e quem me dera ser assim e correr assim a MMSJL quando um dia chegar à sua idade.

    Um grande beijinho Jorge e uma boa recuperação

    Ana Pereira

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  6. E ainda: Muitos Parabéns pela participação e conclusão da prova!!!

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  7. Gosto muito de ler as suas "crónicas" das provas, tem muito jeito a descrever, parece que corremos consigo!
    Antes de mais, parabéns pela S. João das Lampas, a deste ano (2012) e esta, a de 2011, que tive curiosidade em vir ler por ter sido a sua primeira.
    Ainda estive para inscrever-me nesta para ser a minha primeira Meia Maratona, mas a dificuldade do percurso deixou-me reticente. Sendo assim, vou participar na do Vasco da Gama, onde espero terminar feliz, já que também sou adepta do "devagarinho se vai ao longe", mais por falta de velocidade de pernas do que de treinos... :)

    Boas corridas!

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  8. Olá Jorge, com 2 anos e meio de atraso, os meus sinceros parabéns. Que grande prova, à campeão que és. Isso de treinar bem, fazer uma boa prova, esforçar-se e dar o litro para fazer uma boa prova....é o normal. Acabar uma prova, passando pelo que tu passaste é de grande campeão...não é para qualquer um. Olha que conheço muito atleta rápido, que teria desistido nessas condições. E mais...só quem sente a corrida como tu é que consegue descrever de uma forma tão espectacular o que foi a tua prova...emocionei-me, pois consegui sentir o teu "esforço" e "sofrimento".
    Grande Jorge!!!

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    1. Obrigado Carlos Cardoso.
      Não foi nada fácil mas fez-se!
      Um abraço.

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