Lá ao fundo da recta, naquele poeirento e arenoso estradão ribatejano, circulava um jipe na minha direcção.
Em pleno finalizar de época agrícola o pacato estradão era mais movimentado e pensei: mais um jipe para me fazer correr uns metros em apneia, envolto numa nuvem de pó!
O treino de uma horinha estava na parte final e “dava-lhe com força” dentro das muitas limitações deste corredor estropiado.
À medida que o jipe se aproximava de mim comecei a notar algo de, estranhamente, diferente. A primeira coisa que vi foram os “pirilampos” azuis no tejadilho. Fixei mais a vista e tirei todas a dúvidas: era mesmo um jipe da GNR!
Um jipe da GNR naquele estradão agrícola?! Coisa nunca vista! Tractores, máquinas agrícolas, carrinhas, carregadas ou não de trabalhadores rurais, carros (poucos), jipes, BTT’s e até velhas motorizadas com o motor mais gripado que o meu, eram veículos “normais” naquelas paragens, mas um jipe da GNR?!
A medida que o jipe avançava na minha direcção reduzia a velocidade, parecendo que ia parar.
Este “pobre” “desatleta coxo” com quase uma hora nas pernas e alguma falta de oxigénio no cérebro começa a entrar em divagações surrealistas: Os sujeitos vão parar, será que andam a minha procura? Mas o que é que fiz? Vou acabar o treino de “cana”? Bem sei que penso e tenho umas ideias subversivas para os tempos actuais mas será que é razão para já andarem atrás de mim?
E lá vem o jipe devagarinho, devagarinho e eu já a ver a cena: Os seus documentos! Documentos? Mas eu vou a correr seu guarda! Não interessa: os seus documentos!
Será que ia abaixo da velocidade regulamentar (como os 40 das auto-estradas)? Sim, porque acima era impossível!
Será que já havia SCUTS agrícolas e eu passei sem pagar nalguma? Não teria eu pago algum novo imposto de circulação pedestre? Não teria o catalisador homologado para a feijoada que tinha comido ontem ao almoço?
Mas, alívio, o jipe aproxima-se de mim sem fazer menção de parar!
Afinal aqueles militares da GNR eram conscienciosos e apenas tinham reduzido a velocidade para não me darem um banho de pó!
Tive vontade de lhes agradecer com um aceno, mas tive medo de ser mal interpretado e ser, mesmo, preso por ter feito algum gesto desrespeitoso para com as forças da ordem (eu que tanto gosto da desordem) mas o militar que conduzia a viatura acenou para mim e eu não resisti e retribui o cumprimento!
Podia ir tomar banho descansado. Ainda não era desta vez que acabava o treino “engavetado”!
Em pleno finalizar de época agrícola o pacato estradão era mais movimentado e pensei: mais um jipe para me fazer correr uns metros em apneia, envolto numa nuvem de pó!
O treino de uma horinha estava na parte final e “dava-lhe com força” dentro das muitas limitações deste corredor estropiado.
À medida que o jipe se aproximava de mim comecei a notar algo de, estranhamente, diferente. A primeira coisa que vi foram os “pirilampos” azuis no tejadilho. Fixei mais a vista e tirei todas a dúvidas: era mesmo um jipe da GNR!
Um jipe da GNR naquele estradão agrícola?! Coisa nunca vista! Tractores, máquinas agrícolas, carrinhas, carregadas ou não de trabalhadores rurais, carros (poucos), jipes, BTT’s e até velhas motorizadas com o motor mais gripado que o meu, eram veículos “normais” naquelas paragens, mas um jipe da GNR?!
A medida que o jipe avançava na minha direcção reduzia a velocidade, parecendo que ia parar.
Este “pobre” “desatleta coxo” com quase uma hora nas pernas e alguma falta de oxigénio no cérebro começa a entrar em divagações surrealistas: Os sujeitos vão parar, será que andam a minha procura? Mas o que é que fiz? Vou acabar o treino de “cana”? Bem sei que penso e tenho umas ideias subversivas para os tempos actuais mas será que é razão para já andarem atrás de mim?
E lá vem o jipe devagarinho, devagarinho e eu já a ver a cena: Os seus documentos! Documentos? Mas eu vou a correr seu guarda! Não interessa: os seus documentos!
Será que ia abaixo da velocidade regulamentar (como os 40 das auto-estradas)? Sim, porque acima era impossível!
Será que já havia SCUTS agrícolas e eu passei sem pagar nalguma? Não teria eu pago algum novo imposto de circulação pedestre? Não teria o catalisador homologado para a feijoada que tinha comido ontem ao almoço?
Mas, alívio, o jipe aproxima-se de mim sem fazer menção de parar!
Afinal aqueles militares da GNR eram conscienciosos e apenas tinham reduzido a velocidade para não me darem um banho de pó!
Tive vontade de lhes agradecer com um aceno, mas tive medo de ser mal interpretado e ser, mesmo, preso por ter feito algum gesto desrespeitoso para com as forças da ordem (eu que tanto gosto da desordem) mas o militar que conduzia a viatura acenou para mim e eu não resisti e retribui o cumprimento!
Podia ir tomar banho descansado. Ainda não era desta vez que acabava o treino “engavetado”!
Só mesmo consigo!!!!
ResponderEliminarO que eu já me ri com esta descrição.
Como sempre com muito humor :-)
Esta está boa, Jorge!
ResponderEliminarPor momentos pensei que estava a ler um livro de aventuras! (E tinha jeito para o escrever!)
Um abraço!
Fantástico e muito humorado texto!
ResponderEliminarUma rica maneira de começarmos o dia bem dispostos! :)
Bom dia Jorge,Eu achava que era uma história do tempo da ditadura transportada para os dias de hoje, mas afinal é só a sua fértil imaginação a trabalhar...
ResponderEliminarEstá muito bom.
bj Eugénia
O humor e a imaginação na descrição de um treino, bem engendrado
ResponderEliminarContinue a escrever cá estaremos para ler.
Com os cumps
J.Lopes
Quem sabe, destas palavras, apareça nas bancas " As aventuras de um amante de corrida"
ResponderEliminarCarlos, isso era uma rica ideia!
ResponderEliminarO Jorge tem histórias fenomenais para um grande enredo!
Duas leituras que leio ao até ao fim, que cativam pelo profissionalismo ... A tua ( João ), e Jorge
ResponderEliminarAh ah, Jorge! Gostei de ler! Nada como correr no sossego do campo e apreciar uma cena dessas: sobressalto no meio da calmaria. Aqui, podem passar carros de bombeiros, patrulhas inteiras com as sirenes ligadas em plena perseguição a 180 Km/hora, que a "gente", esta gente que treina na estrada, acha cenário absolutamente normal e banal... e alheios continuamos a correr como se nada fosse. Porque não é nada connosco. Porque é assim na cidade: aprendemos a nos alhear de tudo e de todos. Tristeza não é?
ResponderEliminarOlhe Jorge, aqui que ninguém nos ouve, acho que fez muito bem em não acenar... já soube de quem fosse dentro por muito menos... noutros tempos, era eu menina de colo. Está-me mesmo a ver que essa sua decisão foi reacção causada por reminiscências desses tempos...que dizem que já lá vão, embora isso seja bastante subjectivo afinal...
Um beijinho e continuação de bons treinos, que aqui a menina anda a treinar para ver se o acompanha na Água... (não treina)
Notável!!! Envolvente e de grande suspense. Um exemplo de respeito pelo atleta e pelo ser humano nem sempre visto pelas nossas estradas e estradões, não raras vezes a resultarem em acidentes graves e mortais.
ResponderEliminarGostei imenso do enredo e da história, um abraço.