A primeira participação numa
prova é sempre algo marcante na vida de um corredor de pelotão.
A nossa estreia a correr com
dorsal deu-se no ano de 1981, mais precisamente a 26 de Abril, na primeira
edição do Grande Prémio Internacional do Círculo de Leitores.
Na altura o cronómetro dos nossos relógios marcaram os seguintes tempos: Jorge 01:06:00 (640º classificado).
Egas: 01:11:30 (720º
classificado)
(Relógios que já eram digitais,
mas todos metálicos e pesados, não se dando nada bem com a chuva. Não foi só uma
vez que devido há humidade os números deixaram-se de se ler tendo que ser
recuperados usando como recurso um
secador de cabelo!)
Tínhamos na altura
respectivamente 21 anos ( quase a chegar aos 22) e 43 anos.
Atraídos por um anúncio da
Revista Spiridon resolvemos participar nesta prova que quer pelo número de
atletas, quer pela excelente qualidade organizativa se tornou numa referência nos
anos 80 do século passado em Portugal.
A nossa experiência como
corredores era muito diminuta e limitava-se à leitura da Revista Spiridon e a
um ou outro conselho dado por outros corredores nos locais em que treinávamos
(Estádio do Inatel e Estádio Nacional).
Nesses anos já um tanto distantes
não havia Internet e logicamente
blogues e fóruns sobre corrida era algo de inexistente e o corredor tinha muito
mais dificuldades em adquirir conhecimentos, sendo a Revista Spiridon um
auxiliar precioso na nossa aprendizagem como corredores.
A nossa total imaturidade como
praticantes de corrida fica bem espelhada nos sapatos com que treinámos e
fizemos a prova: o Egas concluiria a mesma com umas “botas Sanjo” e eu com uns
“Desportex” !!...
Seria depois da participação
nessa prova que o Doutor Renato Graça (antigo campeão nacional da maratona) nos
daria os primeiros, e preciosos, ensinamentos sobre o que era o calçado
adequado para a prática da corrida.
Pese embora a nossa grande
inexperiência encarámos a nossa participação na prova com muita seriedade e
treinámos o melhor possível para a mesma, dentro das nossas limitações de
debutantes neste maravilhoso mundo da corrida.
Da nossa preparação fez parte,
inclusive, pelo menos um treino no percurso da prova e ainda me lembro do nosso
primeiro treino de 15 km (ou supostamente 15 Km que GPS nem em sonhos e as
nossas medições eram feitas com o recurso a um carro!) no Estádio Nacional e da
satisfação que sentimos no final do mesmo em que se mistura o orgulho de termos
concluído um grande feito (!!) com um certo estado de zombies em que nos
encontrávamos.
Foi uma aposta ganha essa
participação na nossa primeira prova e o começo de uma longa vida como amantes
da corrida a pé!
Gostava só de acrescentar que terminei a prova com o Francisco Pedro, saudoso atleta, fundador dos Zatopeques, por quem, a partir daí, sentimos uma grande admiração pelo atleta e pela sua postura desportiva e humana. Foi ele que, ao cortarmos a meta no Círculo dos Leitores (ver classificação publicada pela revista Spiridon nessa data), me disse pela primeira vez que os sapatos que eu usava então não seriam os mais adequados para um esforço daqueles. Do que tomei boa nota. Depois, fizemos muitas provas juntos e ligou-nos uma grande Amizade. Entretanto o Dr. Renato Graça, que conhecemos pessoalmente no Centro de Medicina Desportiva, e que depois viria a ser o meu actual Médico de família e grande Amigo, deu-nos todos os conselhos indispensáveis a dois candidatos a atletas de pelotão.
ResponderEliminarGrandes recordações! O início duma longa carreira de tanto prazer feita!
ResponderEliminarNote-se na publicidade ao evento o prémio dum televisor a cores. Tanto quanto me recordo, foi em 1980 que a RTP começou a emitir a cores, logo era um bem ainda raro.
São estas recordações que perpetuam o passado - o bom passado, neste caso. Vale a pena recordar...
ResponderEliminarBelo relato, para não variar. A 1ª vez, é sempre marcante. A corrida não é excepção e deixa sempre gratas recordações. Andei muito com sapatos Sanjo. Nessa altura era uma marca muito conhecida. Na minha estreia tive a sorte de conseguir contar com uns 'Tiger', que comprei na Espingardaria Montez, no Rossio. Estreei-os na Nazaré claro, na minha estreia na Corrida a Pé. Curioso que não tenha lembrança desse Grande Prémio, nesses tempos da dédada de 80, que a julgar pelo relato ainda deve ter sido bastante conhecido. Abraço
ResponderEliminarAdoro estas histórias dos primórdios da corrida, então contados na primeira pessoa ainda muito melhor. Ser atleta naquele tempo é que era de "macho" :)
ResponderEliminarGrande abraço