sexta-feira, 11 de maio de 2012

MEMÓRIAS – A NOSSA PRIMEIRA PROVA

A primeira participação numa prova é sempre algo marcante na vida de um corredor de pelotão.
A nossa estreia a correr com dorsal deu-se no ano de 1981, mais precisamente a 26 de Abril, na primeira edição do Grande Prémio Internacional do Círculo de Leitores.
Na altura o cronómetro dos nossos relógios marcaram os seguintes tempos: Jorge 01:06:00 (640º classificado).
Egas: 01:11:30 (720º classificado)

(Relógios que já eram digitais, mas todos metálicos e pesados, não se dando nada bem com a chuva. Não foi só uma vez que devido há humidade os números deixaram-se de se ler tendo que ser recuperados usando como  recurso um secador de cabelo!)
Tínhamos na altura respectivamente 21 anos ( quase a chegar aos 22) e 43 anos.
Atraídos por um anúncio da Revista Spiridon resolvemos participar nesta prova que quer pelo número de atletas, quer pela excelente qualidade organizativa se tornou numa referência nos anos 80 do século passado em Portugal.
A nossa experiência como corredores era muito diminuta e limitava-se à leitura da Revista Spiridon e a um ou outro conselho dado por outros corredores nos locais em que treinávamos (Estádio do Inatel e Estádio Nacional).
Nesses anos já um tanto distantes não havia  Internet e logicamente blogues e fóruns sobre corrida era algo de inexistente e o corredor tinha muito mais dificuldades em adquirir conhecimentos, sendo a Revista Spiridon um auxiliar precioso na nossa aprendizagem como corredores.

A nossa total imaturidade como praticantes de corrida fica bem espelhada nos sapatos com que treinámos e fizemos a prova: o Egas concluiria a mesma com umas “botas Sanjo” e eu com uns “Desportex” !!...
Seria depois da participação nessa prova que o Doutor Renato Graça (antigo campeão nacional da maratona) nos daria os primeiros, e preciosos, ensinamentos sobre o que era o calçado adequado para a prática da corrida.
Pese embora a nossa grande inexperiência encarámos a nossa participação na prova com muita seriedade e treinámos o melhor possível para a mesma, dentro das nossas limitações de debutantes neste maravilhoso mundo da corrida.

Da nossa preparação fez parte, inclusive, pelo menos um treino no percurso da prova e ainda me lembro do nosso primeiro treino de 15 km (ou supostamente 15 Km que GPS nem em sonhos e as nossas medições eram feitas com o recurso a um carro!) no Estádio Nacional e da satisfação que sentimos no final do mesmo em que se mistura o orgulho de termos concluído um grande feito (!!) com um certo estado de zombies em que nos encontrávamos.
Foi uma aposta ganha essa participação na nossa primeira prova e o começo de uma longa vida como amantes da corrida a pé!

5 comentários:

  1. Gostava só de acrescentar que terminei a prova com o Francisco Pedro, saudoso atleta, fundador dos Zatopeques, por quem, a partir daí, sentimos uma grande admiração pelo atleta e pela sua postura desportiva e humana. Foi ele que, ao cortarmos a meta no Círculo dos Leitores (ver classificação publicada pela revista Spiridon nessa data), me disse pela primeira vez que os sapatos que eu usava então não seriam os mais adequados para um esforço daqueles. Do que tomei boa nota. Depois, fizemos muitas provas juntos e ligou-nos uma grande Amizade. Entretanto o Dr. Renato Graça, que conhecemos pessoalmente no Centro de Medicina Desportiva, e que depois viria a ser o meu actual Médico de família e grande Amigo, deu-nos todos os conselhos indispensáveis a dois candidatos a atletas de pelotão.

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  2. Grandes recordações! O início duma longa carreira de tanto prazer feita!

    Note-se na publicidade ao evento o prémio dum televisor a cores. Tanto quanto me recordo, foi em 1980 que a RTP começou a emitir a cores, logo era um bem ainda raro.

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  3. São estas recordações que perpetuam o passado - o bom passado, neste caso. Vale a pena recordar...

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  4. Belo relato, para não variar. A 1ª vez, é sempre marcante. A corrida não é excepção e deixa sempre gratas recordações. Andei muito com sapatos Sanjo. Nessa altura era uma marca muito conhecida. Na minha estreia tive a sorte de conseguir contar com uns 'Tiger', que comprei na Espingardaria Montez, no Rossio. Estreei-os na Nazaré claro, na minha estreia na Corrida a Pé. Curioso que não tenha lembrança desse Grande Prémio, nesses tempos da dédada de 80, que a julgar pelo relato ainda deve ter sido bastante conhecido. Abraço

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  5. Adoro estas histórias dos primórdios da corrida, então contados na primeira pessoa ainda muito melhor. Ser atleta naquele tempo é que era de "macho" :)
    Grande abraço

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