terça-feira, 10 de abril de 2012

OPERAÇÃO DE SALVAMENTO


Um impulso repentino levou-me a optar por aquele carreiro agrícola.
Foi mesmo algo não planificado e que ocorreu em cima da bifurcação, obrigando-me à mudança súbita de rota.
Seria um calmo e curto treino, que estava mesmo a pedir aquele caminho que era usado para acesso aos campos, de máquinas e gentes para trabalhos agrícolas. Um treino sem história, pensava eu erradamente.
Mas logo após a curta mas relativamente inclinada descida e mesmo antes de ter por companhia um imponente pivot de rega reparo numa pequena ave que se debatia no solo presa num cordel proveniente de algum trabalho agrícola, desleixadamente abandonado no terreno como, infelizmente, é tão vulgar acontecer.
Imediatamente desliguei o gps e mesmo antes de fazer qualquer intervenção junto da ave analisei a situação: pela forma como a ave se debatia parecia-me que o cordel estava enrolado à volta da cabeça (se podemos falar assim de uma ave!) e que a situação era complicada. Pensei mesmo se não teria que interromper imediatamente o treino e levar o pequeno pássaro a um familiar meu, com mais tarimba no assunto, e com um tesoura que era capaz de ser necessária.
Não seria a primeira vez que voltaria a correr de um treino para casa, com uma ave a necessitar de cuidados urgentes e provavelmente não será a última vez que tal me vai acontecer.
Mas, para meu grande alivio, assim que peguei no pequeno e frágil pássaro verifiquei que o cordel estava apenas enrolado, sem qualquer nó, e consegui soltá-lo com facilidade.
Depois foi só libertar a assustada ave ligar o gps e voltar ao treino.
Claro que foi um treino diferente, com uma enorme sensação de dever cumprido e com a lembrança daquele pequenino coração a bater aceleradamente na minha mão.
Afinal o ser humano e uma ave não são assim tão diferentes. Numa situação de perigo ambos os corações batem aceleradamente.

7 comentários:

  1. E ambos só querem voar. A ave pelo ar, o atleta correndo pelos campos fora.

    Mais um excelente texto e parabéns pelo salvamento!

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  2. Que linda história, até me emocionei...
    Parabéns Jorge, beijinho

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  3. Somos algo mais que corredores... Felizmente!

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  4. isso foi muito bonito, e contado de uma maneira que me emocionou!

    ainda bem que no fim deu tudo certo e ave e corredor voaram livres!

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  5. que bonito, Jorge. Pequenina (?) coisa a fazer de facto um Treno diferente e melhor! Pequenos gestos que tornam os homens grandes.

    E ... que bom é treinar assim por esses caminhos, longe do asfalto e dos veículos.

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  6. Boa maneira de fazer uma pausa no treino Jorge. Confesso que cada vez que leio os relatos dos teus treinos me sinto com alguma inveja. Ainda bem que conseguiste safar o bichito daquela enrascada. Quem sabe se não é um factor de captação para o Grupo d'Os Não Alinhados ... :-)
    Abraço

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