Um
impulso repentino levou-me a optar por aquele carreiro agrícola.
Foi
mesmo algo não planificado e que ocorreu em cima da bifurcação, obrigando-me à
mudança súbita de rota.
Seria
um calmo e curto treino, que estava mesmo a pedir aquele caminho que era usado para acesso aos campos, de máquinas e gentes
para trabalhos agrícolas. Um treino sem história, pensava eu erradamente.
Mas
logo após a curta mas relativamente inclinada descida e mesmo antes de ter por
companhia um imponente pivot de rega reparo numa pequena ave que se debatia no
solo presa num cordel proveniente de algum trabalho agrícola, desleixadamente
abandonado no terreno como, infelizmente, é tão vulgar acontecer.
Imediatamente
desliguei o gps e mesmo antes de fazer qualquer intervenção junto da ave
analisei a situação: pela forma como a ave se debatia parecia-me que o cordel
estava enrolado à volta da cabeça (se podemos falar assim de uma ave!) e que a
situação era complicada. Pensei mesmo se não teria que interromper imediatamente
o treino e levar o pequeno pássaro a um familiar meu, com mais tarimba no
assunto, e com um tesoura que era capaz de ser necessária.
Não
seria a primeira vez que voltaria a correr de um treino para casa, com uma ave
a necessitar de cuidados urgentes e provavelmente não será a última vez que tal
me vai acontecer.
Mas,
para meu grande alivio, assim que peguei no pequeno e frágil pássaro verifiquei
que o cordel estava apenas enrolado, sem qualquer nó, e consegui soltá-lo com
facilidade.
Depois
foi só libertar a assustada ave ligar o gps e voltar ao treino.
Claro
que foi um treino diferente, com uma enorme sensação de dever cumprido e com a
lembrança daquele pequenino coração a bater aceleradamente na minha mão.
Afinal
o ser humano e uma ave não são assim tão diferentes. Numa situação de perigo
ambos os corações batem aceleradamente.
E ambos só querem voar. A ave pelo ar, o atleta correndo pelos campos fora.
ResponderEliminarMais um excelente texto e parabéns pelo salvamento!
Que linda história, até me emocionei...
ResponderEliminarParabéns Jorge, beijinho
Somos algo mais que corredores... Felizmente!
ResponderEliminarJorge... Bons voos.
ResponderEliminarisso foi muito bonito, e contado de uma maneira que me emocionou!
ResponderEliminarainda bem que no fim deu tudo certo e ave e corredor voaram livres!
que bonito, Jorge. Pequenina (?) coisa a fazer de facto um Treno diferente e melhor! Pequenos gestos que tornam os homens grandes.
ResponderEliminarE ... que bom é treinar assim por esses caminhos, longe do asfalto e dos veículos.
Boa maneira de fazer uma pausa no treino Jorge. Confesso que cada vez que leio os relatos dos teus treinos me sinto com alguma inveja. Ainda bem que conseguiste safar o bichito daquela enrascada. Quem sabe se não é um factor de captação para o Grupo d'Os Não Alinhados ... :-)
ResponderEliminarAbraço