terça-feira, 22 de junho de 2010

DOIS AMIGOS

Dois amigos que correm lado a lado.
Uma longa amizade com esse rio grande, aprendido a amar deste de tenra idade.
Vivi 30 anos da minha vida empoleirado num 10º andar, bem de frente para o Tejo.
Cedo comecei a sair do meu “poleiro”, a descer a avenida e ir conversar com o meu amigo Tejo, lá nas docas.
Depois aos fins-de-semana, vinha para ao pé de ti, aqui onde és mais lindo.
Conheci a ilhas de areia amarela e salgueiros murmurando ao vento, os banhos em águas ainda límpidas, os almoços de frangos assados debaixo de salgueiros frondosos, a pesca às fataças. Enfim tornei-me um amigo, um irmão do rio grande.
Fiz-me corredor, maratonista e ultra maratonista, nas tuas margens, com quilómetros e quilómetros corridos nas tuas docas, entre a Cruz Quebrada e o e o Cais do Sodré.
Depois fiz o que deve ser feito quando se tem um grande amigo: vim viver para o pé ti.
Então foram os regressos a casa vindo directamente do bulício da cidade grande para a tua companhia correndo pelos diques, atravessando-te pela ponte ferroviária, quer de dia quer de noite, de frontal na cabeça.
As idas a Valada visitar-te e meditar em frente das tuas águas.
O passar diário, a caminho do comboio e do trabalho, na Antiga Ponte D. Amélia, agora adaptada ao transito rodoviário.
Tantas e tantas historias, meu Tejo, meu rio, que me corre na alma.
Histórias que me fazem lembrar a memória do meu avô que, como exímio, velejador, te conheceu tão bem e me falava do cachopo norte, das mamas, nos tempos em que não havia nem GPS nem sonares e a navegação tinha outro encanto e outra pureza.
Por tudo isto quis deixar aos leitores deste modesto blogue, a história desta longa amizade.
Mas, mais que qualquer texto, ela é sobejamente ilustrada pela foto que aqui se publica que mais não é que a de dois amigos correndo lado a lado, felizes.
Jorge Branco

3 comentários:

  1. Ainda bem caro amigo que pode desfrutar de um Rio tão bonito como o Tejo. Sempre teve as margens à sua disposição, (salvo as idas e vindas da Cruz Quebrada a Algés tal como a conhecemos hoje)e por isso ele tem mais encanto.
    No oposto devo dizer-lhe que há mais de 50 anos que praticamente, aqui na zona de Loures quase não temos acesso ás suas margens, são vedações e mais vedações que nos impedem de aceder a um lugar que devia ser de todos.
    Histórias como a sua já devem ser muito raras nos dias de hoje tais são as barreiras criadas que impedem uma relação de proximidade entre nós e a Natureza.
    Um abraço.

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  2. Que linda história de amizade, que ainda possam correr juntos por muito tempo os dois gozando de plena saúde...
    Bjinhos
    JU

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  3. Parabéns Jorge, pelo Post, gostei da escrita, sinceramente!

    A leitura desta história, fez-me lembrar (com alguma nostalgia), as histórias que lia (há alguns anos) de Redol ou Soeiro.

    Como é bonito falar daquilo que ao Tejo e às suas gentes, diz respeito "dessa" maneira!

    Gostei!

    Um abraço!

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