segunda-feira, 23 de novembro de 2009

OS TEMPOS DE PASSAGEM NA MARATONA.

Um dos principais segredos para correr nas melhores condições uma maratona passa por uma criteriosa definição do tempo final que se pretende obter e por um rigoroso respeito pelo andamento durante a prova.
A definição do tempo final pode ser obtida recorrendo a vários fórmulas ou tabelas que permitem fazer a equivalência entre o tempo que se obtém numa distância inferior e a sua correspondência na maratona.
É claro que estas tabelas e fórmulas nunca podem ser consideradas 100% exactas porque temos que ter em conta a forma de cada um e as especificações próprias de cada atleta. Mas elas dão uma aproximação bastante rigorosa do que poderemos fazer na maratona.
Na minha opinião quem se estreia na Maratona deve ser muito mais cauteloso com o cálculo do tempo que pretende fazer e dar uma “folga” mais alargada a esse mesmo tempo final.
A primeira maratona é sobretudo para testar e ganhar experiência e confiança para futuras participações e nunca para dar o “litro” e andar nos limites (é claro que em termos de primeira participação a nível de atletas de alta competição tudo será diferente pois a experiência e os meios de treino envolvidos são outros).
Mas de nada serve ter feito uma criteriosa definição do tempo final que se pretende obter na prova se depois no decorrer na mesma não se respeitar o andamento que nos leva a obter esse mesmo tempo.
Um dos erros mais comuns nas provas é partir rápido demais e depois pagar esses exageros na parte final. Isso é mau numa meia maratona e numa maratona pode mesmo ser trágico para o nosso desempenho na mesma.
Por isso o ideal é levar uma cábula com os tempos de passagem, sendo até desejável definir dois tempos por cada cinco quilómetros (um mínimo e um máximo) dentro dos quais devemos passar.
Agora há o GPS e toda uma tecnologia de ponta.
Quando corri as minhas quatro maratonas, todas na década de 80, não havia nada disso e a solução passava por colar a cábula dos tempos de passagem na braçadeira do relógio (usando para o efeito plástico autocolante).
Ainda hoje penso ser um método bastante válido, simples e intuitivo.
Numa maratona toda a nossa atenção e concentração devem estar viradas para a corrida e para o escutar a “máquina” por isso penso que o uso de GPS e outros equipamentos só vai prejudicar a nossa concentração.
Na maratona tudo deve ser simples e nada mais simples que uma tabela colada no relógio e o simples olhar a mesma e comparar com o tempo do nosso cronómetro a cada 5 quilómetros.
Houve até campeões olímpicos que apenas escreviam os tempos de passagem na palma da mão (nunca fiz isso com medo do suor e da chuva)!
Mais uma nota: nenhuma rectificação ao andamento deve ser feita com brusquidão.
E há sempre aquele dia em que por melhor que estejamos preparados “a coisa” não sai e não vale a pena tentar cumprir o tempo previsto porque não o vamos conseguir e ainda podemos piorar mais a situação.
Aconteceu-me isso na minha tentativa de baixar das 3 horas na maratona: tinha treino e capacidade atlética para isso mas naquele dia não deu e o meu melhor tempo na maratona ficou, para sempre, nas 3:10:27! (faria 3:15:43 nesse dia aziago numa maratona Spiridon na Granja do Marquês em Sintra).
Aproveito ainda para referir que tudo o que escrevi atrás se deve aplicar a todos os atletas que pretendam fazer uma maratona nas devidas condições independentemente da sua prestação atlética; não é por se ir fazer 4 horas na maratona que se deve deixar de fazer uma planificação criteriosa da prova, até porque, em minha opinião, uma maratona feita com esforço, dedicação, treinos e empenho é sempre muito válida independentemente das possibilidades atléticas de cada um.
Numa das fotos que acompanha este texto podem ver as tabelas de tempos de passagem que usei no decorrer das minhas 4 (modestas) maratonas.
Não quero finalizar este texto sem deixar um abraço a todos os que vão participar na Maratona de Lisboa.
Dando o tempo de passagem aos 10 quilómetros
à “grande” ultra maratonista Analice Silva,
na Maratona Spiridon em Almeirim.
Uma foto do século passado!


6 comentários:

  1. Olá Jorge!
    Obrigado pela passagem pelo tomaracorrida.
    São muitas as vezes, em treino e em competição, que penso no “Último Quilómetro”. O pensamento é encorajador e motivante.
    Dia 6 estarei na Maratona de Lisboa. Votos do maior sucesso para todos os que lá vão estar até ao melhor de todos, o Último Quilómetro!
    Uma boa semana para si,
    Luís Mota

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  2. Olá meu Caro Jorge!

    Apesar de apenas correr 10kms ou distâncias menores (de preferência), acho extremamente útil estas informações, especialmente uma que me ficou na retina (OUVIR A MÁQUINA).

    É algo que tenho presente nos Treinos, mas nas Provas, é outra coisa ... e a "coisa" passa despercebida, e se em 5 ou 10kms é perigoso, numa Maratona será SUPER-perigoso!

    Nas Provas, quase todos temos um "obsessão", uma prioridade, OS TEMPOS, OS TEMPOS, OS TEMPOS.

    Esta Crónica, esta partilha (que agradeço)deixou-me a pensar nos erros que cometemos!

    Parabéns e obrigado!

    Bons Treinos e Boas Corridas!

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  3. Companheiro,
    Apesar de todas as tecnologias, há coisas que não mudam. Eu vi, na Maratona do Porto, cábulas de passagens ao km em modernos relógio com gps…

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  4. Parabéns por este seu artigo, tanto mais oportuno quando estamos a escassos 5 dias de mais uma edição da Maratona de Lisboa.

    Ajudou-me a recordar principalmente a minha 1ª maratona, feita por volta de 1986/1987, em Cascais, Maratona Spiridon, 2 voltas ao circuito dos '20K de Cascais'. Também para essa Maratona tive perspectivas de baixar as 3hrs e depois, devido ao temporal que se abateu sobre Lisboa nesse fim-de-semana, consegui fazer 3:04hrs!!

    Também usava o mesmo método que aqui propõe, de um bocado de papel dentro de uma bolsa de acetato, só que em vez de utilizar o relógio, levava-a pendurada ao pescoço.

    Cumps

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  5. Boa Noite Caro Jorge Branco,
    Interessante artigo com boa informação sobre a Mitica Maratona, já usei as fitas(tiradas da NET)na Maratona do LS e foi uma boa ajuda, só que aí pelos 35 km mandei-as fora, que já me pesavam nos pulsos. Voltarei a passar por aqui.
    Até Domingo
    Luis Parro

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  6. Hola Jorge,gracias por compartir estas fotos maravillosas y el trabajo y esfuerzo para los que participan en las carreras,os admiro..Con cariño Victoria

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