Ontem (1/10/2011), na grande manifestação da CGTP, recebi um manifesto com o título “ÁGUA É DE TODOS - NÃO À PRIVATIZAÇÃO”, onde se podia ler no primeiro parágrafo: “Em Portugal foram removidas as barreiras constitucionais e legais à espoliação do bem comum que é a água e dos direitos das pessoas à sua fruição, em benefício de grandes interesses económicos privados”
Este manifesto, assinado por diversas entidades, pode ser lido clicando aqui e é uma importante denúncia da negociata que querem fazer com água, entregando a sua exploração à gula e aos interesses especulativos de entidades privadas como se um bem público e de interesse vital para toda a população fosse uma qualquer vulgar mercadoria!
Curiosamente hoje participei na 1ª Corrida da Água, prova organizada pela Xistarca, com partida em Monsanto (Lisboa) que tinha o aliciante de atravessar o Aqueduto das Águas Livres (e que alguns cada vez mais querem aprisionar).
Uma prova de 10 quilómetros em estrada já é algo que pouco me alicia, mas a passagem pelo Aqueduto fazia toda a diferença (nunca ali tinha passado nem em prova, nem em passeio).
Encarei a prova de forma descontraída, sem sequer reduzir o treino semanal que até incluiu 15 quilómetros na passada quinta-feira, e acabei por rolar um bom bocado mais rápido que a minha actual velocidade de “tartaruga pouco Ninja”.
Mas sendo esta a Corrida da Água, não poderia deixar de ter uma história em torno da mesma e da falta que faz ao ser humano esse tão precioso liquido.
Chegado ao abastecimento dos 5 quilómetros, o primeiro elemento que estava a distribuir água mal dava conta do recado, mas informava que havia mais abastecimento a seguir. Chego ao segundo elemento que distribuía água e a confusão continuava a ser muita, pois só um elemento não conseguia dar vazão a tantos atletas juntos. Enfim pensei que haveria mais alguém a dar água um pouco mais a frente. Não estou habituado a ver tão poucos elementos nos abastecimentos (se havia mais não os vi!) e ainda para mais a terem de arrancar as garrafas das embalagens de plástico, à medida que os atletas passavam!
Enfim, com tudo isto, e com alguma burrice da minha parte, acabei por falhar o abastecimento. Devia ter parado, mas é daquelas coisas, quebra o ritmo, depois custa a arrancar e aquilo não era uma prova de montanha em que se tem “tempo para tudo”.
Enfim lá segui e pensei para comigo que eram só 10 quilómetros e eu até faço treinos bem mais longos (mas nunca com aquele calor) sem abastecimento.
As pernas iam bem, a respiração controlada, mas a garganta começou a secar cada vez mais.
Já não havia saliva que me valesse, parecia-me que a boca se ia colar a qualquer momento, que ia “entupir” de vez!
Eu até já fui um corredor que aguentava bem o calor, pois já fui!...
Lá ataco a subida da Rua de Campolide cada vez mais aflito com a secura, em busca de alguma solução, milagrosa, para o problema!
Quando chego quase ao cimo da mesma e viramos para a direita na direcção do Aqueduto vejo um café e, para grande espanto da simpática população de Campolide (um abraço Orlando Duarte) que incentivava os corredores, desligo o GPS e entro pelo café a dentro que nem um raio!
Oh amigo! Desculpe não me arranja um copo de água? (tive muito medo de não conseguir pronunciar está frase de tão seca que estava a garganta) O senhor podia não ser muito sorridente, mas atendeu o meu pedido prontamente e foi um autêntico oásis no deserto.
Copo de água bebido, agradecimento feito, “salto” para a rua, ligo o GPS e aí vou que até parecia que tinha tomado aquela bebida que anunciam na televisão e diz dar asas (não acredito, para mim as asas “ganham-se” no treino árduo!).
Entro no Aqueduto, desfruto a vista, vou fresco que nem uma alface (eu até sou alfacinha, embora exilado noutras paragens) e lá acabo a prova muito feliz, com o meu tempo de GPS de 1:02:08, numa média de 6’14’’, para 9,970 km que a “maquineta” indicava.
Para esta minha “segunda vida” de corredor (a primeira foi no século XX!), este é um bom tempo ainda para mais numa prova descontraída, com abastecimento num café e numa distância que nunca foi a minha “praia”!
Gostei da organização e do pormenor das camisolas estarem separadas por tamanhos (com a “engorda”, se apanho uma S não me serve para nada e eu ainda sou daqueles que aproveita as camisolas das provas para se vestir! É pena não começarem a dar calças!),
O meu reparo vai apenas para os abastecimentos, mas bem sei a escassez de colaboradores que há para estas coisas.
Enfim talvez tenha chegado o tempo de eu começar a levar o meu auto-abastecimento, mesmo para provas de 10 quilómetros! Cada vez o “radiador” me pede mais água, senão gripa de vez.
*FOTO MAFALDA LIMA*
Este manifesto, assinado por diversas entidades, pode ser lido clicando aqui e é uma importante denúncia da negociata que querem fazer com água, entregando a sua exploração à gula e aos interesses especulativos de entidades privadas como se um bem público e de interesse vital para toda a população fosse uma qualquer vulgar mercadoria!
Curiosamente hoje participei na 1ª Corrida da Água, prova organizada pela Xistarca, com partida em Monsanto (Lisboa) que tinha o aliciante de atravessar o Aqueduto das Águas Livres (e que alguns cada vez mais querem aprisionar).
Uma prova de 10 quilómetros em estrada já é algo que pouco me alicia, mas a passagem pelo Aqueduto fazia toda a diferença (nunca ali tinha passado nem em prova, nem em passeio).
Encarei a prova de forma descontraída, sem sequer reduzir o treino semanal que até incluiu 15 quilómetros na passada quinta-feira, e acabei por rolar um bom bocado mais rápido que a minha actual velocidade de “tartaruga pouco Ninja”.
Mas sendo esta a Corrida da Água, não poderia deixar de ter uma história em torno da mesma e da falta que faz ao ser humano esse tão precioso liquido.
Chegado ao abastecimento dos 5 quilómetros, o primeiro elemento que estava a distribuir água mal dava conta do recado, mas informava que havia mais abastecimento a seguir. Chego ao segundo elemento que distribuía água e a confusão continuava a ser muita, pois só um elemento não conseguia dar vazão a tantos atletas juntos. Enfim pensei que haveria mais alguém a dar água um pouco mais a frente. Não estou habituado a ver tão poucos elementos nos abastecimentos (se havia mais não os vi!) e ainda para mais a terem de arrancar as garrafas das embalagens de plástico, à medida que os atletas passavam!
Enfim, com tudo isto, e com alguma burrice da minha parte, acabei por falhar o abastecimento. Devia ter parado, mas é daquelas coisas, quebra o ritmo, depois custa a arrancar e aquilo não era uma prova de montanha em que se tem “tempo para tudo”.
Enfim lá segui e pensei para comigo que eram só 10 quilómetros e eu até faço treinos bem mais longos (mas nunca com aquele calor) sem abastecimento.
As pernas iam bem, a respiração controlada, mas a garganta começou a secar cada vez mais.
Já não havia saliva que me valesse, parecia-me que a boca se ia colar a qualquer momento, que ia “entupir” de vez!
Eu até já fui um corredor que aguentava bem o calor, pois já fui!...
Lá ataco a subida da Rua de Campolide cada vez mais aflito com a secura, em busca de alguma solução, milagrosa, para o problema!
Quando chego quase ao cimo da mesma e viramos para a direita na direcção do Aqueduto vejo um café e, para grande espanto da simpática população de Campolide (um abraço Orlando Duarte) que incentivava os corredores, desligo o GPS e entro pelo café a dentro que nem um raio!
Oh amigo! Desculpe não me arranja um copo de água? (tive muito medo de não conseguir pronunciar está frase de tão seca que estava a garganta) O senhor podia não ser muito sorridente, mas atendeu o meu pedido prontamente e foi um autêntico oásis no deserto.
Copo de água bebido, agradecimento feito, “salto” para a rua, ligo o GPS e aí vou que até parecia que tinha tomado aquela bebida que anunciam na televisão e diz dar asas (não acredito, para mim as asas “ganham-se” no treino árduo!).
Entro no Aqueduto, desfruto a vista, vou fresco que nem uma alface (eu até sou alfacinha, embora exilado noutras paragens) e lá acabo a prova muito feliz, com o meu tempo de GPS de 1:02:08, numa média de 6’14’’, para 9,970 km que a “maquineta” indicava.
Para esta minha “segunda vida” de corredor (a primeira foi no século XX!), este é um bom tempo ainda para mais numa prova descontraída, com abastecimento num café e numa distância que nunca foi a minha “praia”!
Gostei da organização e do pormenor das camisolas estarem separadas por tamanhos (com a “engorda”, se apanho uma S não me serve para nada e eu ainda sou daqueles que aproveita as camisolas das provas para se vestir! É pena não começarem a dar calças!),
O meu reparo vai apenas para os abastecimentos, mas bem sei a escassez de colaboradores que há para estas coisas.
Enfim talvez tenha chegado o tempo de eu começar a levar o meu auto-abastecimento, mesmo para provas de 10 quilómetros! Cada vez o “radiador” me pede mais água, senão gripa de vez.
*FOTO MAFALDA LIMA*
Atleta importante é assim. Reabastece no café!
ResponderEliminarComo sempre, amigo Jorge, um excelente artigo que equilibra bem os assuntos sérios com os mais divertidos.
Um grande abraço
Parabéns pelo artigo...
ResponderEliminarDuas considerações. Sobre a 'privatização da água', foi ler o manifesto no link que indicou no texto e não pude evitar rir-me com esta frase pelo caricato que representa «Estes aumentos agravam a pobreza e promovem a desigualdade social. Depois de reduzidas ao extremo, quase de privação, outras despesas, uma percentagem cada vez maior da população deixa de poder pagar a factura da água e é-lhe cortado o fornecimento». É que sobre este assunto também importa referir que muitos dos clientes das empresas do grupo Águas de Portugal, que são as CM, não honram os seus compromissos, ou de outra forma, não pagam a conta da água. Isto quer dizer o seguinte: por exemplo, uma CM compra água à EPAL e depois vende-a aos seus clientes através da rede de distribuição. De facto, quando um de nós não paga a água, no dia seguinte vai lá alguém e corta o abastecimento. Só que, às CM que são grandes caloteiras, não se pode fazer isso. Por exemplo, a EPAL, não pode cortar o abastecimento a Loures, caso este município não esteja a pagar a água que consome. E por causa deste pormenor sabe o que acontece? As CM usam o dinheiro da venda da água para pagarem outras dívidas. E como não pagam a quem lhes deu a água, essas empresas vão tendo cada vez mais problemas de tesouraria. No limite, poderão haver problemas para pagar os próprios ordenados. Eu fabrico 1000 peças e vendo-as a alguém por X. Na prática, se esse alguém não me pagar, eu terei zero no cofre e X à espera de ser pago, sendo esse um valor que nada me serve. Adiante.
ResponderEliminarEm relação aos abastecimentos, pelo que tenho lido em vários blogues de quem vai participando em provas, parece que nem sempre tudo funciona bem. E já li vários relatos de quem ficou sem poder molhar a garganta. Por isso pergunto: não será mais seguro ir para essas provas com o próprio abastecimento, p.e., com um cintos onde caibam 2 garrafas? Ou isso depois torna-se muito incómodo com a corrida?
Parabéns também pelo artigo que eu gostei de ler, como já vem sendo hábito neste blogue
Também eu encontrei alguma confusão no abastecimento, e ao contrário do que faço habitualmente, fui deixando passar pois todos eles tinham gente ao monte até que me apercebi que chegara ao último e peguei em 2 garrafas, uma para mim e outra para a Eugénia que ia
ResponderEliminarà minha esquerda e que acabou por nao usar....
Gostei da prova, mas àparte os 500 metros em terra, a parte no MOnsanto, mesmo em estrada e o Aqueduto, a prova é muito Cidade, muito asfalto e muito alcatrão- Gostei mas não me encantou
E o jorge que se queixa que anda lento, anda lento... olhe que na prática nem lhe devo ter dado 1 km de avanço (ok..eu também ando lento)
BEijinho e boa semana
Caro Jorge,
ResponderEliminarGostei muito de mais este teu belo texto! E já li o manifesto (magnífico!) e assinei a petição contra a PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA, outro crime social inominável que alguns pretendem impor a a uma população cada vez explorada.
Ainda bem que te lembraste de referir essa questão aqui, porque é mais uma demonstração de que os corredores são, na sua maioria, cidadãos de corpo inteiro e não cabeças ocas, como alguns pensam...
Não fiz a prova, mas já passeei pelo Aqueduto e recomendo a todos os que puderem que o façam.
valenteev@gmail.com
Olá Jorge
ResponderEliminarPelos vistos querem aprisonar a água que no Aqueduto é livre mas que nos canos apertam mais o garrote.
Assim como a água da petição, também a água dada estava presa nos 'labirinticos' plásticos que a custo se rasgam. E a sede aperta e o desespero desperta para outras soluções como a que tiveste em entrar dentro do café, sem em antes teres o cuidado de desligares o GPS. Tempo é tempo e uma paragem não faz parte do tempo de corrida. É de atleta.
:)
Uma bela prova feita num bom percurso bem relatado por ti que eu nunca fiz esta prova.
Abraços duplos!
Olá Jorge
ResponderEliminarPelos vistos querem aprisonar a água que no Aqueduto é livre mas que nos canos apertam mais o garrote.
Assim como a água da petição, também a água dada estava presa nos 'labirinticos' plásticos que a custo se rasgam. E a sede aperta e o desespero desperta para outras soluções como a que tiveste em entrar dentro do café, sem em antes teres o cuidado de desligares o GPS. Tempo é tempo e uma paragem não faz parte do tempo de corrida. É de atleta.
:)
Uma bela prova feita num bom percurso bem relatado por ti que eu nunca fiz esta prova.
Abraços duplos!
Então parece que não houve grandes melhorias de um ano para o outro, pelo contrário...O que me deixa anda mais descontente com a organização da prova.O ano passado havia água, mas pelos vistos a sua distribuição não foi bem pensada. Este ano nem sequer houve água na Corrida da Água para os corredores mais lentos.
ResponderEliminarJá estou como o Jorge, qualquer dia começo a levar a minha própria água, que é para não haver surpresas.
Beijinhos