Adoro à correr à chuva!
Devo ter começado a amar correr à chuva quando treinava em Lisboa.
Dava-me especial prazer passar nas paragens de autocarro, ainda o dia mal estava a começar, a treinar debaixo das maiores cargas de água,
Quando todos se acotovelavam debaixo do resguardo da paragem, dizendo mal à sua vida, a caminho de mais um dia de labuta, passava eu, livre, solto e feliz, de sorriso nos lábios e completamente encharcado!
Depois habituei-me em treinos longos, com começo e término nos balneários do Estádio Nacional, quando tinha a chuva por companheira, acabar o treino a despir-me debaixo do chuveiro para não arrefecer!
Com esta minha paixão pela chuva fui “recompensado”: a melhor das minhas modestas quatro maratonas foi baptizada com algumas bátegas de água monumentais. Mas o São Pedro caprichou e proporcionou-me granizo noutra maratona e também um temporal terrível na primeira edição do saudoso Crosse da Serra do Açor (a crónica da prova pode ser procurada neste link).
Quando abandonei a cidade grande e me “exilei” no Ribatejo, a chuva passou a ter outra cor, cheiro, encanto e prazer.
Aqui temos os carreiros ébrios de água, onde os sapatos cantam numa melodia diferente, o verde das ervas brilhantes e cintilantes das gotas de água, as poças, charcos e “charcões”, que se tentam evitar no princípio do treino e se atravessam pelo meio lá para o final do mesmo!
A lama onde se escorrega em equilíbrio precário.
Os seixos rolados da subida do Cabeço de Montalvo, brilhantes da água que por eles escorre e “canta”.
O cheiro a terra molhado, ah! o cheiro a terra molhada!
Correr à chuva é um acto de liberdade, de prazer, de amor. É sentirmo-nos vivos, é um hino a vida!
A minha mulher continua a não entender, a dizer que sou doido, a amaldiçoar a logística: a roupa para secar, os sapatos ensopados e cobertos de lama, a entrada do corredor que se molhou. A ter um medo, quase maternal, que eu apanhe uma pneumonia! Enfim, um sem números de pequenas grandes coisas.
Mas eu cá continuo a correr à chuva e se conseguir saltar bem cedo da cama e ir treinar antes que a minha mulher dê por isso sinto-me como uma criança que fez a sua traquinice e depois vai ouvir os ralhos do costume.
Mas apesar desta aversão a treinos molhados, tenho a mais doce e melhor das mulheres que um corredor de fundo pode sonhar ter.
Uma mulher tão doce que se convenceu a tirar a foto que ilustra este texto no final de mais um daqueles treinos em que o “maluco” foi correr debaixo de uma valente chuvada.
Devo ter começado a amar correr à chuva quando treinava em Lisboa.
Dava-me especial prazer passar nas paragens de autocarro, ainda o dia mal estava a começar, a treinar debaixo das maiores cargas de água,
Quando todos se acotovelavam debaixo do resguardo da paragem, dizendo mal à sua vida, a caminho de mais um dia de labuta, passava eu, livre, solto e feliz, de sorriso nos lábios e completamente encharcado!
Depois habituei-me em treinos longos, com começo e término nos balneários do Estádio Nacional, quando tinha a chuva por companheira, acabar o treino a despir-me debaixo do chuveiro para não arrefecer!
Com esta minha paixão pela chuva fui “recompensado”: a melhor das minhas modestas quatro maratonas foi baptizada com algumas bátegas de água monumentais. Mas o São Pedro caprichou e proporcionou-me granizo noutra maratona e também um temporal terrível na primeira edição do saudoso Crosse da Serra do Açor (a crónica da prova pode ser procurada neste link).
Quando abandonei a cidade grande e me “exilei” no Ribatejo, a chuva passou a ter outra cor, cheiro, encanto e prazer.
Aqui temos os carreiros ébrios de água, onde os sapatos cantam numa melodia diferente, o verde das ervas brilhantes e cintilantes das gotas de água, as poças, charcos e “charcões”, que se tentam evitar no princípio do treino e se atravessam pelo meio lá para o final do mesmo!
A lama onde se escorrega em equilíbrio precário.
Os seixos rolados da subida do Cabeço de Montalvo, brilhantes da água que por eles escorre e “canta”.
O cheiro a terra molhado, ah! o cheiro a terra molhada!
Correr à chuva é um acto de liberdade, de prazer, de amor. É sentirmo-nos vivos, é um hino a vida!
A minha mulher continua a não entender, a dizer que sou doido, a amaldiçoar a logística: a roupa para secar, os sapatos ensopados e cobertos de lama, a entrada do corredor que se molhou. A ter um medo, quase maternal, que eu apanhe uma pneumonia! Enfim, um sem números de pequenas grandes coisas.
Mas eu cá continuo a correr à chuva e se conseguir saltar bem cedo da cama e ir treinar antes que a minha mulher dê por isso sinto-me como uma criança que fez a sua traquinice e depois vai ouvir os ralhos do costume.
Mas apesar desta aversão a treinos molhados, tenho a mais doce e melhor das mulheres que um corredor de fundo pode sonhar ter.
Uma mulher tão doce que se convenceu a tirar a foto que ilustra este texto no final de mais um daqueles treinos em que o “maluco” foi correr debaixo de uma valente chuvada.
Li este texto e comecei o dia com um sorriso nos lábios!
ResponderEliminarUm abraço Jorge