O Vídeo que pode ser visualizado em baixo, reporta-se a uma prova “clássica” da corrida a pé, da década de 80, os 18 Km Odivelas-Loures–Odivelas (com o nome erradamente trocado no vídeo).
No pequeno filme caseiro, criado para fins pessoais e de fraca qualidade, devido as conversões a que teve de ser sujeito para passar a digital, podemos assistir a edição de 1986.
Muito dos corredores veteranos que aparecem no filme já não estarão entre nos infelizmente, mas queremos chamar a atenção para o “jovem” Armando Aldegalega que continua a correr, e muito, passados todos estes anos.
Quanto aos jovens que aparecem na imagem não sabemos quantos se terão tornado bons atletas e quantos correrão na actualidade.
Sabemos sim, que essa imagem de jovens atletas a correr numa prova de 18 quilómetros é algo que não se vê nos dias hoje, por culpa de um regulamento absurdo por parte da Federação Portuguesa de Atletismo.
Na altura as provas populares eram um “viveiro” de novos talentos e, como as imagens comprovam, os jovens acabavam a sua prova em perfeitas condições e felizes, coisa que talvez não aconteça nos dias de hoje, em distâncias bem curtas, em que acabam por correr em esforços demasiadamente elevados para a sua idade...
Quanto a esta problemática da proibição dos juniores estarem impedidos de correr provas de fundo, o Professor Mário Machado considerou um erro gravíssimo em entrevista concedida a este bloque e que pode ser lida aqui.
Um aspecto que se destaca neste filme é enorme adesão popular à prova bem espelhada na quantidade de público presente.
Hoje, as provas quase não têm público. Porque será?
Pessoalmente, temos uma opinião muito própria sobre o assunto.
Pensamos que nos inícios da década de 80 o 25 de Abril ainda estava muito presente nos espirito das pessoas (embora com os seus mais nobres ideais já derrotados) o que fazia com que as pessoas ainda tivessem alguma esperança no futuro e se sentissem parte de um colectivo onde podiam participar muito para além de serem meros espectadores.
Ainda não imperava o individualismo, fruto do cinzentismo dos tempos actuais e as pessoas gostavam de sair a rua, quer fosse para se manifestarem, quer fosse para assistir a uma corrida.
Ainda era um pouco daquela alegria dos ventos de Abril, em que as pessoas se sentiam vivas e participativas nos destinos do seu País.
Com todos estes anos de políticas erradas, de destruição das condições de vida das pessoas, das lavagens ao cérebro televisivas, com a perda da esperança em dias melhores, quem é que se preocupa ou interessa em ir ver “uns malucos” a correr?
As pessoas ficam-se pelo “velhinho” futebol, como espectadores de bancada ou de sofá, porque esse sempre nos foi servido em doses maciças, como analgésico da realidade.
Penso que voltámos a ser um povo triste, oprimido e descrente, que se fechou, novamente, nas sua concha e tenta, desesperadamente, sobreviver sem grandes esperanças no futuro.
Imagens como as do Odivelas – Loures – Odivelas só serão vistas de novo, quanto novos ventos não soprarem em Portugal e as pessoas se sentirem novamente donas e senhoras do seu destino e com direito ao futuro!
Evidentemente que ainda há provas com forte assistência popular, mas isso dá-se em situações em que a prova é vista como uma festa anual de determinada localidade e as pessoas habituaram-se a acarinhá-la ano após ano.
Entre outros exemplos vem-me sempre a memória a noite mágica da Corrida das Fogueiras, em Peniche, onde os mais velhos nestas andanças podem matar saudades das provas antigas e os mais novos podem sentir o que é uma prova apoida por um povo feliz (no caso de Peniche, feliz por uma noite com a sua “festa”).
No pequeno filme caseiro, criado para fins pessoais e de fraca qualidade, devido as conversões a que teve de ser sujeito para passar a digital, podemos assistir a edição de 1986.
Muito dos corredores veteranos que aparecem no filme já não estarão entre nos infelizmente, mas queremos chamar a atenção para o “jovem” Armando Aldegalega que continua a correr, e muito, passados todos estes anos.
Quanto aos jovens que aparecem na imagem não sabemos quantos se terão tornado bons atletas e quantos correrão na actualidade.
Sabemos sim, que essa imagem de jovens atletas a correr numa prova de 18 quilómetros é algo que não se vê nos dias hoje, por culpa de um regulamento absurdo por parte da Federação Portuguesa de Atletismo.
Na altura as provas populares eram um “viveiro” de novos talentos e, como as imagens comprovam, os jovens acabavam a sua prova em perfeitas condições e felizes, coisa que talvez não aconteça nos dias de hoje, em distâncias bem curtas, em que acabam por correr em esforços demasiadamente elevados para a sua idade...
Quanto a esta problemática da proibição dos juniores estarem impedidos de correr provas de fundo, o Professor Mário Machado considerou um erro gravíssimo em entrevista concedida a este bloque e que pode ser lida aqui.
Um aspecto que se destaca neste filme é enorme adesão popular à prova bem espelhada na quantidade de público presente.
Hoje, as provas quase não têm público. Porque será?
Pessoalmente, temos uma opinião muito própria sobre o assunto.
Pensamos que nos inícios da década de 80 o 25 de Abril ainda estava muito presente nos espirito das pessoas (embora com os seus mais nobres ideais já derrotados) o que fazia com que as pessoas ainda tivessem alguma esperança no futuro e se sentissem parte de um colectivo onde podiam participar muito para além de serem meros espectadores.
Ainda não imperava o individualismo, fruto do cinzentismo dos tempos actuais e as pessoas gostavam de sair a rua, quer fosse para se manifestarem, quer fosse para assistir a uma corrida.
Ainda era um pouco daquela alegria dos ventos de Abril, em que as pessoas se sentiam vivas e participativas nos destinos do seu País.
Com todos estes anos de políticas erradas, de destruição das condições de vida das pessoas, das lavagens ao cérebro televisivas, com a perda da esperança em dias melhores, quem é que se preocupa ou interessa em ir ver “uns malucos” a correr?
As pessoas ficam-se pelo “velhinho” futebol, como espectadores de bancada ou de sofá, porque esse sempre nos foi servido em doses maciças, como analgésico da realidade.
Penso que voltámos a ser um povo triste, oprimido e descrente, que se fechou, novamente, nas sua concha e tenta, desesperadamente, sobreviver sem grandes esperanças no futuro.
Imagens como as do Odivelas – Loures – Odivelas só serão vistas de novo, quanto novos ventos não soprarem em Portugal e as pessoas se sentirem novamente donas e senhoras do seu destino e com direito ao futuro!
Evidentemente que ainda há provas com forte assistência popular, mas isso dá-se em situações em que a prova é vista como uma festa anual de determinada localidade e as pessoas habituaram-se a acarinhá-la ano após ano.
Entre outros exemplos vem-me sempre a memória a noite mágica da Corrida das Fogueiras, em Peniche, onde os mais velhos nestas andanças podem matar saudades das provas antigas e os mais novos podem sentir o que é uma prova apoida por um povo feliz (no caso de Peniche, feliz por uma noite com a sua “festa”).
Isso mesmo, Jorge, 100% de acordo com tudo escrito!
ResponderEliminarUm abraço
PS - E essa lei dos mais jovens é aberrante!
Olá Jorge!
ResponderEliminarParabéns pelo excelente texto sobre a saudosa corrida que já acabou.
Grande parte do atual pelotão não conheceu esta linda prova em que se partia dos Bombeiros de Odivelas e se ia dar a volta à igreja situada no fim de Loures.
É muito bom que escrevas sobre algumas corridas que desapareceram que eram do agrado de todos.
É altura de ser mudar essa lei aberrante.
1 abraço
Esmeraldo Pereira
Jorge
ResponderEliminarFiz os meus primeiros 18 km Odivelas-Loures-Odivelas em 1992. Não me lembro ao certo se essa prova ainda nessa altura era organizada pela Câmara de Loures ou já pelo amigo Atabão do Barcelona92, loja de artigos desportivos sediada no "Centro Comercial Oceano".
Sei sim que era uma prova espectacular que um dia simplesmente acabou.
Fica a memória das tuas imagens e palavras e não acredito que a mesma um dia se volte a realizar.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Abraços Jorge e parabéns pela narrativa e pelo vídeo.
Na minha infância há dois momentos de grande ingenuidade. Um é na piscina dos Olivais. O meu irmão incentivava-me a atravessar a zona sem pé, e eu com medo recusava, até que ele faz uma contraposta: vai só até ao meio...e eu aceitei...:-)
ResponderEliminarA outra é nos 18 km de Odivelas. Com 13/14 anos fui à prova, mas não estava inscrito. Era apenas dia de treino. Colegas mais velhos lá me convenceram a ir com eles, e que parava aos 10/12 km...só que me esqueci que quando parasse não tinha outra alternativa que regressar a Odivelas a andar...andar por andar preferi fazer os 18 km :-)