Por: Filipa Vicente
O sonho comanda a vida e inspirada pelos bons exemplos que me rodeiam desde que comecei a correr cedo pensei em aumentar a fasquia, ir mais longe. O sonho de correr uma Meia-Maratona surgiu cedo, depois de duas provas de 14 e 15km e muitas de 10km, com os olhos postos na primeira Maratona. Fazendo justiça à cidade que acolheu os meus primeiros passos na corrida, estreei-me na invicta onde também farei os 42km em 2011.
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O melhor das provas é o convívio seja antes, durante ou depois da prova por isso o ponto alto, a meu ver, foi a pasta-party organizada pelo Vítor e pela Ana em sua casa para três estreantes (eu incluída) e um outro atleta amigo. Desta prova irei recordar a alegria de ver o Vasco vir buscar-me, o leite-creme da Ana, a alegria do Miguel ao terminar a sua primeira prova (e logo uma Meia) e do aniversariante Zé Nando, que recebeu como prenda de anos os primeiros 21km. Não é para todos..
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O treino tinha sido demasiado irregular para encarar a prova com um espírito que não fosse o de sacrifício, tinha a plena consciência que quando chegasse à altura H as pernas iam doer, os joelhos iam doer, e apenas a força de vontade me podiam fazer avançar nem que fosse a passo. E por isso encarei o touro pelos ditos. Tinha estabelecido como objectivo mínimo 2h30, imprimi uma cábula para as passagens ao quilómetro e respeitei o corpo.
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Confesso que achei muita fruta conseguir tirar cerca de 4 minutos em cada quilómetro ao que tinha estabelecido, 1min ali, 1min acoli... pensei “bem, quando as coisas ficarem feias, tenho margem para abrandar”. A minha maior surpresa foi ver o Miguel e o Zé Nando zarpar em direcção à Ponte D. Luís e só os voltar a ver quase no retorno na Afurada. Pelo caminho até lá ia recebendo as palavras de apoio de todos os Porto Runners, destaco a Isabel que ia treinar e espero um dia conseguir acompanhar, brinda-me sempre com a sua simpatia e um apoio caloroso desde o primeiro dia. E vi claro os quenianos passarem a toda a velocidade.
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Não conhecia a zona da Afurada, era primeira vez que ali passava, mesmo a correr deu para apreciar a paisagem com toda a envolvência majestosa do Douro. Feito o retorno e passados os 10km com pouco mais de 1hora, vieram os primeiros lamentos, os joelhos estavam a perguntar-se por quanto mais tempo iria manter a corrida. Pela segunda vez na Ponte D. Luís senti o tabuleiro abanar atrás de mim, pensei que fosse eu a ceder, felizmente a sensação passou logo.
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E então veio uma dúvida de “moura”, mas qual delas é a Ponte do Freixo (perto de um segundo retorno, o final)? Como as dores estavam em crescento por esta altura, parecia não mais acabar, fiquei a saber qual era claro... e fixei-a bem, para saber no próximo ano seja nos 21 ou nos 42.
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O marcador dos 15km foi como uma chicotada, são mais 6km, distância que “facilmente” percorrida em qualquer treino mas que, naquele momento, parecia irrealmente distante. Meia dúzia de segundos a passo cada 1,5km ou no máximo 2km, no paralelo do Túnel e da Ribeira já praguejava com todas as palavras do dicionário. Chegou o limite da dor e o momento em que a mente tinha de mandar avançar, pensei por vários momentos se conseguiria ultrapassar esse limite... com muito boas recordações como a minha primeira Family Race, os 15km na Corrida das Festas, a leveza com que fiz a Corrida da APAV e das Novas Oportunidades. Todos esses sucessos fizeram-me acreditar que aquele era o teste para que me tinha preparado, “go hard or go home”.
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O Vasco veio-me buscar aos 18Km, animado depois de bater a sua melhor marca com 1h32. Nestes momentos este apoio vale quase um par de pernas ou pelo menos um último fôlego. Vejo os pórticos no Fluvial, as pernas ainda cedem mas aceleram ligeiramente. E vejo como sempre a Conceição Grare que vem sempre atrás buscar atletas vir à minha procura!!! Como estava acompanhada, tenho a certeza que terá ajudado e muito alguém mais atrás que naquela altura precisava de uma campeã assim. Para lhe fazer companhia o jovem Diogo, filho do Vasco corria também ao meu lado.
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A Lina (esposa) empunhava a câmara logo no primeiro provavelmente para a foto da meta que não vi ninguém mais tirar, fixei a meta e vi o cronómetro, ia conseguir menos de 2h30. Pensei “Está feita” já procurando os companheiros de luta e pegando no telemóvel para tranquilizar a família e amigos próximos “viva, dorida mas feliz”.
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Agradecimentos
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• Ao Vítor pela inspiração e por ter acabado por me incitar a começar a correr para não mais parar, para se acompanhar um Atleta (com A grande) tem de se conhecer pelo menos um pouco pelo que passa, os bons e os maus momentos.
• À Ana, pelo espectacular acolhimento que recebo sempre que vou ao Porto, e desta vez pela fabulosa pasta-party e sobretudo pelo leite-creme. Estende-se também ao Vítor, ao Gonçalo e ao Francisco.
• À família Pereira, pelo delicioso abastecimento no início da semana e pelos bons momentos, não fiz carga de hidratos mas fiz de mimos. É desses momentos que me lembro quando as pernas não querem correr.
• À minha Mãe por ser minha Mãe e ao meu Pai por me picar (21km? Não achas isso muito??? Obrigada, Pai, de carro é pouco de facto...).
• Ao Pedro pelo apoio e por me ter ido buscar a Santa Apolónia, quem me viu descer as escadas sabe o valor que isso tem. “Ai Jesus, que eu atiro-me daqui a baixo e dói menos, carago!!!”
• E a todos os que me dedicaram uma palavra de apoio ao longo de toda esta jornada.
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Em especial para o “Último Quilómetro”:
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O meu último quilómetro (e alguns antes) foi percorrido com o Vasco Baptista, que conhecera na noite anterior na pasta-party, e tinha-me ido buscar ao quilómetro 18 depois da fantástica marca de 1h32, o seu melhor tempo. Devagarinho foi comigo até à meta com palavras de apoio, onde se juntaram os incentivos da Lina, da Conceição e do Diogo. Embora tivesse corrido sozinha até ali, aqueles últimos 3 km valeram pela prova toda. Ao Vasco que se vai estrear no próximo dia 7 de Novembro nos 42km, desejo as maiores felicidades e tenho a certeza que o veremos muito mais tempo a correr sempre com prazer.
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O melhor das provas é o convívio seja antes, durante ou depois da prova por isso o ponto alto, a meu ver, foi a pasta-party organizada pelo Vítor e pela Ana em sua casa para três estreantes (eu incluída) e um outro atleta amigo. Desta prova irei recordar a alegria de ver o Vasco vir buscar-me, o leite-creme da Ana, a alegria do Miguel ao terminar a sua primeira prova (e logo uma Meia) e do aniversariante Zé Nando, que recebeu como prenda de anos os primeiros 21km. Não é para todos..
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O treino tinha sido demasiado irregular para encarar a prova com um espírito que não fosse o de sacrifício, tinha a plena consciência que quando chegasse à altura H as pernas iam doer, os joelhos iam doer, e apenas a força de vontade me podiam fazer avançar nem que fosse a passo. E por isso encarei o touro pelos ditos. Tinha estabelecido como objectivo mínimo 2h30, imprimi uma cábula para as passagens ao quilómetro e respeitei o corpo.
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Confesso que achei muita fruta conseguir tirar cerca de 4 minutos em cada quilómetro ao que tinha estabelecido, 1min ali, 1min acoli... pensei “bem, quando as coisas ficarem feias, tenho margem para abrandar”. A minha maior surpresa foi ver o Miguel e o Zé Nando zarpar em direcção à Ponte D. Luís e só os voltar a ver quase no retorno na Afurada. Pelo caminho até lá ia recebendo as palavras de apoio de todos os Porto Runners, destaco a Isabel que ia treinar e espero um dia conseguir acompanhar, brinda-me sempre com a sua simpatia e um apoio caloroso desde o primeiro dia. E vi claro os quenianos passarem a toda a velocidade.
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Não conhecia a zona da Afurada, era primeira vez que ali passava, mesmo a correr deu para apreciar a paisagem com toda a envolvência majestosa do Douro. Feito o retorno e passados os 10km com pouco mais de 1hora, vieram os primeiros lamentos, os joelhos estavam a perguntar-se por quanto mais tempo iria manter a corrida. Pela segunda vez na Ponte D. Luís senti o tabuleiro abanar atrás de mim, pensei que fosse eu a ceder, felizmente a sensação passou logo.
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E então veio uma dúvida de “moura”, mas qual delas é a Ponte do Freixo (perto de um segundo retorno, o final)? Como as dores estavam em crescento por esta altura, parecia não mais acabar, fiquei a saber qual era claro... e fixei-a bem, para saber no próximo ano seja nos 21 ou nos 42.
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O marcador dos 15km foi como uma chicotada, são mais 6km, distância que “facilmente” percorrida em qualquer treino mas que, naquele momento, parecia irrealmente distante. Meia dúzia de segundos a passo cada 1,5km ou no máximo 2km, no paralelo do Túnel e da Ribeira já praguejava com todas as palavras do dicionário. Chegou o limite da dor e o momento em que a mente tinha de mandar avançar, pensei por vários momentos se conseguiria ultrapassar esse limite... com muito boas recordações como a minha primeira Family Race, os 15km na Corrida das Festas, a leveza com que fiz a Corrida da APAV e das Novas Oportunidades. Todos esses sucessos fizeram-me acreditar que aquele era o teste para que me tinha preparado, “go hard or go home”.
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O Vasco veio-me buscar aos 18Km, animado depois de bater a sua melhor marca com 1h32. Nestes momentos este apoio vale quase um par de pernas ou pelo menos um último fôlego. Vejo os pórticos no Fluvial, as pernas ainda cedem mas aceleram ligeiramente. E vejo como sempre a Conceição Grare que vem sempre atrás buscar atletas vir à minha procura!!! Como estava acompanhada, tenho a certeza que terá ajudado e muito alguém mais atrás que naquela altura precisava de uma campeã assim. Para lhe fazer companhia o jovem Diogo, filho do Vasco corria também ao meu lado.
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A Lina (esposa) empunhava a câmara logo no primeiro provavelmente para a foto da meta que não vi ninguém mais tirar, fixei a meta e vi o cronómetro, ia conseguir menos de 2h30. Pensei “Está feita” já procurando os companheiros de luta e pegando no telemóvel para tranquilizar a família e amigos próximos “viva, dorida mas feliz”.
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Agradecimentos
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• Ao Vítor pela inspiração e por ter acabado por me incitar a começar a correr para não mais parar, para se acompanhar um Atleta (com A grande) tem de se conhecer pelo menos um pouco pelo que passa, os bons e os maus momentos.
• À Ana, pelo espectacular acolhimento que recebo sempre que vou ao Porto, e desta vez pela fabulosa pasta-party e sobretudo pelo leite-creme. Estende-se também ao Vítor, ao Gonçalo e ao Francisco.
• À família Pereira, pelo delicioso abastecimento no início da semana e pelos bons momentos, não fiz carga de hidratos mas fiz de mimos. É desses momentos que me lembro quando as pernas não querem correr.
• À minha Mãe por ser minha Mãe e ao meu Pai por me picar (21km? Não achas isso muito??? Obrigada, Pai, de carro é pouco de facto...).
• Ao Pedro pelo apoio e por me ter ido buscar a Santa Apolónia, quem me viu descer as escadas sabe o valor que isso tem. “Ai Jesus, que eu atiro-me daqui a baixo e dói menos, carago!!!”
• E a todos os que me dedicaram uma palavra de apoio ao longo de toda esta jornada.
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Em especial para o “Último Quilómetro”:
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O meu último quilómetro (e alguns antes) foi percorrido com o Vasco Baptista, que conhecera na noite anterior na pasta-party, e tinha-me ido buscar ao quilómetro 18 depois da fantástica marca de 1h32, o seu melhor tempo. Devagarinho foi comigo até à meta com palavras de apoio, onde se juntaram os incentivos da Lina, da Conceição e do Diogo. Embora tivesse corrido sozinha até ali, aqueles últimos 3 km valeram pela prova toda. Ao Vasco que se vai estrear no próximo dia 7 de Novembro nos 42km, desejo as maiores felicidades e tenho a certeza que o veremos muito mais tempo a correr sempre com prazer.
Parabéns Filipa pela conquista.
ResponderEliminarBjs
Vitor
Parabéns, parabéns.... continua sempre assim.
ResponderEliminarBons treinos, melhores provas.
Beijinho
Adorei ler mais um registo de uma conquista; de um sonho alcançado; de uma alegria partilhada entre amigos.
ResponderEliminarParabéns!
Continuação! Sim, que muitos outros "primeiros e últimos quilómetros" se seguirão.
Um beijo