sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eu corro!


Eu corro!Embora já tenham passados bastantes anos após a edição de um livro, de autor francês, com o título “Doutor, eu corro!”, não significa que a referida obra, sobre saúde e corrida, esteja ultrapassada. Não é meu objectivo abordar os temas que aquela obra trata, mas, apenas, recordá-lo para introdução a este pequeno texto. Já lá vão uns anos, 1987 para ser mais preciso, que alinhei, pela primeira vez, nas“12 Horas de Vila real de Santo António”, tendo por companheiro, de entre os 25 que completaram o “meio-dia” de corrida, o amigo Jorge Branco, que, para quem não saiba, tinha acumulado na sua conta mais de 100 quilómetros (101,650) quando o relógio completou as 21 horas daquele dia 18 do mês de Abril.
Não foi só ali, naquela “corrida diferente”, que tive o prazer da sua companhia, pois, de entre muitas, alinhámos na primeira prova em que foi autorizado que o tabuleiro da Ponte 25 de Abril ficasse sob os nossos pés, no ainda mais distante ano de 1983. As corridas em trilhos de montanha também foram palco do nosso “espectáculo”, ou seja, estivemos em todos, ou quase, os tipos de corrida, com excepção, no que me toca, daquelas que pertencem ao leque de alta competição. Assim, parece que fizemos o tirocínio que está ao alcance do corredor amador, ao passarmos pelas várias experiências; a contagem de metros no asfalto com os olhos postos na meta, como se levássemos uns antolhos (ou entrolhos); a corrida de puro convívio, sem outra preocupação ou os caminhos mais belos das nossas serras, onde, as cores das folhas das árvores ou arbustos, as aves menos vistas, o tresmalhar dos láparos, ratos ou répteis absorveram a nossa atenção. Naturalmente, também fizemos as nossas opções. Curiosamente, sem dar por isso, deixei de usar a primeira pessoa do singular, afinal a razão para recordar o título daquela obra de autor francês, sobre o nosso desporto favorito ou passatempo, porque terá acontecido? Será que tal tem a ver com a maneira de estar nas corridas, e não só, fruto de experiências, de exclusões ou selecções de diferentes ambientes, ou será, apenas, pelo facto da minha idade se aproximar, vertiginosamente, dos sessenta e cinco? É que, no meu último livro, este sobre a corrida, fazer uso da primeira pessoa do plural não parece cair bem entre alguns dos leitores. Será que o NÓS é um pronome sem significado?


António Belo

3 comentários:

  1. Se me for permitido, gostaria de homenagear o autor do livro aqui referido, o Dr. Jacques Turblin, falecido há alguns anos, por doença. Além de figura de referência na medicina desportiva, foi um atleta de grande nível e um organizador de provas que fizeram história, como a de Luchon-Super-Luchon (a de 36km, que a actual só contempla a subida, de 18km), nos Pirinéus. Um abraço AC

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  2. Caro AC
    Muito oportuna e justa a sua homenagem ao Dr. Jacques Turblin figura impar na medicina desportiva e em tudo o que diz respeito á corrida.
    Está nos propósitos dos coordenadores deste blogue fazer um artigo de homenagem ao Dr. Turblin.
    Fiquei com a ideia que o amigo conhece muito bem a figura do saudoso Dr.Turblin por isso, se estiver interessado, pode escrever uma homenagem ao visado que publicaremos aqui com todo o gosto.
    Se porventura não quiser, ou não poder, escrever mas tiver dados biográficos que nos possa facultar agradecemos a sua ajuda.
    Para qualquer contacto use o e-mail que vem divulgado na barra lateral direita do blogue.
    Gratos

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  3. Caro Jorge

    É verdade que cheguei a conhecer pessoalmente o Dr. Jacques Turblin, em 1982, quando participei pela 2ª vez na prova de Luchon-Super-Luchon. Como ele era o organizador, houve questões práticas em que tive de recorrer à ajuda dele. Fiquei com a melhor impressão dele. No entanto, isso não me coloca como a pessoa mais indicada para falar dele. Em Portugal, o prof. Mário Machado será, penso eu, uma das pessoas mais indicadas para fazê-lo.
    Um abraço

    AC

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