sexta-feira, 9 de outubro de 2009

DORSAIS


Peça, fundamental, para a identificação e classificação dos atletas quando em prova, os dorsais também tem evoluído ao longo do tempo e contém algumas histórias interessantes.
Quando comecei a participar em provas, na década de 80, muito dos dorsais eram feito à mão, com o número escrito com uma caneta de feltro.
Era um trabalho laborioso a feitura de dorsais, em que muitos voluntários perdiam horas e noites.
O material usado era cartolina ou mesmo papel.
Nessa época a qualidade dos dorsais fazia com que muitos se desfizessem durante a prova com o suor, ou a chuva.
Na altura ainda estava longe a classificação electrónica dos atletas com um chip e o dorsal era, na esmagadora maioria das vezes, peça fundamental para a classificação dos atletas mediante a sua recolha e colocação no espeto (noutra ocasião explicarei o que era isso do espeto embora na actualidade ainda haja provas que se servem desse sistema para elaborar classificações).
Quando o atleta chegava sem dorsal havia que escrever o número do dorsal (caso o atleta se lembrasse) ou o nome do atleta num papel que substituiria o dorsal para a elaboração das classificações.
Para evitar que o dorsal se perdesse pelo caminho uma das soluções que se usava (eu usei-a!) era reforçar os 4 cantos do dorsal, onde se metiam os alfinetes, com fita-cola!
Nos dias de hoje os dorsais (pelo menos das organizações que têm possibilidades) são feitos num material especial e praticamente indestrutível.
Mas se houve grande melhoria nos dorsais posso dizer que os alfinetes-de-ama não acompanharam essa evolução é já entortei alguns ao tentar colocar o dorsal na camisola!

Mas tenho outras histórias com dorsais que fazem no mínimo sorrir.

Numa Maratona Nacional do Inatel, na Foz do Arelho no ano de 1985, o dorsal era em plástico grosso, pesado e incómodo, e tinha que se deixar um sinal no acto do levantamento do mesmo (100 escudos salvo o erro) que seria devolvido no final pois o referido dorsal era reutilizável!

Também corri com dorsais de pano duas vezes, sendo que uma foi nas 12 Horas de Vila Real de Santo António e eram dois dorsais (um para as costas) a fim de facilitar a tarefa de controlar um atleta ao longo das 12 horas de prova.

Julgo também ter sido dos poucos atletas a ter dormido uma noite com um dorsal colocado! Aconteceu numa edição da TransEstrela, quando a prova se realizava em duas etapas, e eu tomei essa opção para facilitar a partida (de madrugada) para a segunda etapa.

Correr sem dorsal foi uma experiência bem recente, quando a Nike “tomou conta” da Corrida do Tejo e o número passou a ser impresso na própria T-Shirt, o que resulta numa espectacular acção publicitária com um enorme pelotão todo vestido com camisolas iguais.
Não me esqueço da primeira edição da Corrida do Tejo que se realizou nesses moldes e de sentir a falta de dorsal e alfinetes que durante tantos anos usei.
E não esqueço que a camisola oferecida me cortou os mamilos, tendo chegado a meta com sangue nos ditos, o que aconteceu a muitos atletas, e deu um aspecto insólito à chegada, com sangue em grande parte das camisolas!

E para finalizar recorde-me, com um sorriso, como uma organização chamava, no regulamento da prova, aos dorsais no início da década de 80: PEITORAIS!

Nota: Na imagem dorsal em pano usado nas 12 horas de
Vila Real de Santo António no ano de 1987.


5 comentários:

  1. Oh amigo Jorge,

    Então uma Raposa tarimbada não usa um pouco de vaselina nos mamilos para impedir / minorar essas esfoladelas ? Mas concordo no que toca à qualidade dessa t-shirt azul : até agora, foi das piores. Quando suada, torna-se pesada e fica tipo lixa. Mas das "lixadas" tenho uma da Maratona de Badajoz 2007 que apenas a uso para passear.
    Dorsais :
    Há provas que o dorsal é uma especie de colete (Dolomites Skyrace) e na Transgrancanaria também eram assim. No Brasil, o dorsal é...numero de peito.

    Abraço

    Tigre

    ResponderEliminar
  2. Caro Tigre
    Uma raposa usava vaselina sim mas em situações normais só nos pés e em provas longas.
    Raramente uso nos mamilos e nunca esperei que numa prova de 10 quilómetros acontecesse um “estrago” daqueles.
    Quando fazia maratonas (no século passado!) e as camisolas eram de rede metia pensos rápidos em cima dos mamilos!
    Obrigado por ter tornado mais rico o meu modesto artigo com referências ao estrangeiro.
    Só corri uma vez fora de Portugal numa prova feita em território espanhol com a organização Portuguesa e sem um único corredor Espanhol a participar (um dia explico como foi)!
    Um abraço e volte mais vezes ao meu (nosso) blogue.
    Jorge Branco

    ResponderEliminar
  3. “Quando comecei a participar em provas, na década de 80, muito dos dorsais eram feito à mão, com o número escrito com uma caneta de feltro.
    Era um trabalho laborioso a feitura de dorsais, em que muitos voluntários perdiam horas e noites.”

    E eu que o diga! Participei na organização de várias provas na minha freguesia.

    “E não esqueço que a camisola oferecida me cortou os mamilos, tendo chegado a meta com sangue nos ditos, o que aconteceu a muitos atletas, e deu um aspecto insólito à chegada, com sangue em grande parte das camisolas!”

    E para além desse péssimo pormenor, ainda tinha aquela figura horrenda com a não menos triste frase: Correr CONTRA o Tejo!


    ”E para finalizar recorde-me, com um sorriso, como uma organização chamava, no regulamento da prova, aos dorsais no início da década de 80: PEITORAIS!”

    E salvo melhor opinião, chamava muito bem! Quem usa os dorsais são os velocistas (100, 200 e 400; 100 e 110 com barreiras). Nas provas mais longas e de estrada, o identificador usa-se no peito e não nas costas, logo…


    Um Abraço

    Orlando Duarte

    ResponderEliminar
  4. Com os dorsais eu tenho histórias fantásticas. Tenho um portefólio onde os guardo como truféus...

    E há cada coisa...
    Reparem nisto:


    A minha primeira corrida depois de 20 anos sem correr teve o dorsal 533;
    A minha primeira Meia Maratona o dorsal 3353;
    A minha primeira Maratona o dorsal 5333;
    A corrida que mudou a minha vida, primeiros Caminhos de Santiago dorsal 33;
    E agora na minha primeira experiência na areia terei o dorsal 53...

    No mínimo curioso não?

    Abraço
    Ricardo Bastos

    P.S. Estou aqui deitado na minha sala a escrever isto acabo de reparar que a camisola que trago vestida é da minha primeira corrida feita em Lisboa sem ser as Meias das pontes. Foi a Corrida do Tejo do ano passado e está lá impresso o dorsal 11.533

    ResponderEliminar