domingo, 6 de janeiro de 2019

MEMORIAS – A MINHA AVENIDA


Vivi, praticamente, 30 anos na Avenida Infante Santo, em Lisboa. Para quem não conhece esta artéria da capital, esclareço que ela se caracteriza por uma subida bastante acentuada.
Desta avenida tenho algumas historias / memorias relacionadas com a corrida
Em 20 de Junho de 1982 tive o privilégio de a subir em competição e ainda por cima na primeira prova que atravessou a ponte 25 de Abril, e isto muitos anos antes da meia maratona atravessar aquela emblemática ponte, tratou-se da 1ª edição de PONTE A PÉ. Aqui fica uma curiosa foto dessa prova (retirada do Facebook do António Correia, desconheço quem é o seu autor) precisamente na entrada da Infante Santo e onde se pode ver que nesses tempos longínquos os corredores ainda eram obrigados a circular pelo meio dos carros em plena prova.

Mas foi o pioneirismo desses corredores que permitiu o desenvolvimento que a corrida nos dias de hoje conhece.
Passar exactamente à porta de casa com parte da família a apoiar é algo de motivador e gratificante, por um lado, mas, por outro lado, a meio de uma subida “desgraçada”, ver a porta da nossa casa a piscar-nos o olho sensualmente e a dizer: deixa-te disso e anda cá, é uma tentação quase irresistível!
Mas resisti, até porque não iria fazer má figura ali na frente dos meus familiares, aliás não iria fazer ainda mais má figura do que já tinha feito, pois o meu tio passou na minha frente ali junto dos meus familiares, coisa inusitada, e nunca mais lhe pus a vista em cima até cortar a meta!
Nunca mais faria uma prova a passar na “minha” Infante Santo, mas depois de já morar aqui no Ribatejo fiz uma prova com partida na Infante Santo precisamente em frente do prédio em que vivi! Foi a Corrida Saúde CUF.
Já em treino tenho três memorias interessantes ou engraçadas.
Em plena preparação para a Maratona do Inatel na Foz do Arelho, em 21 de Abril de 1985, tinha prevista a minha participação na terceira edição dos 12 km Manteigas – Penhas Douradas. Com a maratona como objectivo, não me preocupei praticamente nada com a minha ida a Manteigas, tendo apenas feito 6 séries de 1 km na Infante Santo, com a recuperação a descer. A medição da distância foi feita de carro, o que lhe tira exactidão, mas, a fazer fé na distância, andei em ritmos abaixo dos 5 ao km naquela complicada subida! A medição poderia estar errada mas o certo é que fiz um tempo “canhão” em Manteigas (consegui chegar na frente da primeira senhora, coisa que nem de perto nem de longe alguma vez tinha conseguido ou viria a conseguir) batendo por cerca de 5 minutos o meu tempo da edição anterior! E na Maratona do INATEL fiz o meu melhor tempo na maratona, marca que perdura até hoje: 3 horas 10 minutos e 27 segundos.
Sim a “minha” avenida foi um excelente indicador da minha forma!
Bem e a minha última historia que mete corrida e Infante Santo é para o lado do hilariante!
O meu maior treino para a 2ª edição das 12 Horas Vila Real de Santo António foi uma corrida de quatro horas, que serviu de teste para a referida prova. Começo e saída de casa logo da Infante Santo.
Treino feito nos finais de Março ou princípios de Abril, num sábado da parte tarde da tarde de um dia algo frio.
Acontece que, a partir de Algés, já a escurecer, começou a cair uma chuva muito fininha. Estava na parte final do treino, o andamento era bem lento como convinha e comecei a ter frio e cada vez mais frio.
Quando entro na Infante Santo, julgo que já quase ou mesma de noite, ia mesmo com frio e então na tentativa de aquecer e me motivar começo a acelerar pela Infante Santo acima direito ao meu prédio, que ficava mais ou menos a meio da subida, e enquanto acelerava cada vez mais ia gritando para mim próprio: anda meu este, meu aquele, insultando-me de tudo o que me vinha à cabeça!
E foi assim que a acabei o treino / teste de 4 horas, a fazer um contra relógio Infante Santo acima e gritando para mim próprio todos os impropérios de que me lembrava. Mais uma vez a Infante Santo foi um excelente teste de forma.
E como não só de corrida vivo eu, aqui fica uma foto de uma minha subida da Infante Santo, a “cavalo” e quase a chegar a casa. Fotografia de Egas Branco, a quem aqui deixo um forte abraço e dedico este texto, para além de João Lima, Alexandre Duarte e Carlos Cardoso.
Jorge Branco



9 comentários:

  1. Grande fotografia a demonstrar como eram diferentes as corridas.

    Nessa Corrida Saúde CUF, única edição, também estive presente. Foi na minha época de estreia, 2006.

    Um abraço!

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    1. Já vi uma fotografia, no Facebook, bem pior que essa no que respeita ao transito.Tenho de ver se a encontro.

      Ma Saúde CUF deves ter chegado bem na minha frente!... Eu morei no 48 da IS por isso, se bem me lembro, a partida foi praticamente em frente a da minha antiga casa.

      Tenho de medir com o GPS a series que eu fiz na IS. Era da esquina da 24 de Junto até ao cruzamento da Sant'ana À Lapa!

      Abraço.

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  2. Obrigado pela referência, Jorge, mas a propósito daquela ultrapassem na Avenida ainda me lembro que ias num andamento de treino porque o objectivo era a Maratona... Abração

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  3. Bonita historia de vida na "Infante Santo " .Recordar o passado também serve de motivação para o presente e futuro.
    Grande abraço Senhor Jorge Branco e um bom ano com muita saúde.

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  4. Obrigado. Uma grande abraço e um ano muito feliz e com saúde. Já agora por favor tire o senhor que até me sinto mal! Jorge Branco chega e sobra!

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  5. Espéctaculo!!! Essa foto da corrida é qualquer coisa … e adorei esse tua última subida, a "subida dos insultos" … gostava de ver a cara dos teus vizinhos ou da malta por quem passavas :)
    Grande Abraço Jorge

    P.S. e obrigado tb pela dedicatória

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    1. Obrigado! Ando a procura de uma foto que vi no FB com muito mais transito! O que me valeu na subida dos insultos é que não vi ninguém na rua, Alias parte da subida tem uns passeios muito estreitos e as pessoas usam umas ruas laterais. Quando começa a haver passeio "de jeito" pouco falta para a minha casa. A dedicatória é inteiramente merecida! Grande abraço.

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