quinta-feira, 16 de junho de 2016

DOPING “MECÂNICO” NA CORRIDA A PÉ!

Tem sido muito falado nos últimos tempos o doping mecânico no ciclismo. Trata-se de motores eléctricos escondidos nos quadros de bicicletas e que permitem aos atletas atingir performances de forma de fraudulenta e que de outra maneira não seriam capazes.
No atletismo, na nossa corrida a pé, tal não é possível como é por demais evidente, não há forma de meter um motor nos sapatos!
Mas demos connosco a pensar: e os atletas que atalham as provas com recursos a “boleias” de carros, metropolitano ou até outro tipo de transporte não se poderá considerar, de uma forma jocosa, doping “mecânico”?
A história do atletismo está carregada, infelizmente, de situações de atletas que foram apanhados a atalhar percursos com recurso ao “doping mecânico” desde o mais anónimo dos corredores até à vencedora de uma consagrada maratona internacional, como aconteceu em Boston a  21 de Abril de 1980 e como podem ler aqui.
Evidentemente que à medida que os avanços tecnológicos vão chegando à corrida mais difícil se torna fazer esse tipo de batota e os chips vieram dar uma grande ajuda à verdade desportiva mas estão longe de limpar as provas de batoteiros. Se formos comparar os tempos de alguns corredores de pelotão lusos que correm maratonas em Portugal e por esse mundo fora, com os valores que obtêm em meias maratonas verificamos que correm mais depressa na maratona que na meia maratona! Enfim!
Se em provas de estrada o controlo é mais apertado, já quando se sai do asfalto as coisas tornam-se mais fáceis para os vigaristas e quanto maior e mais complexo for o percurso mais simples se torna encurtar o mesmo ou “apanhar” boleia por mais controlo que o percurso tenha.
Depois há as ajudas: uma coisa é fazer vigarice sozinho outra é ser-se ajudado nessa mesma vigarice, no segundo caso é muito mais provável ter-se sucesso na arte de vigarizar e aldrabar.
A seguir temos o nível e a qualidade das ajudas: por mais incrível que nos possa parecer, há policias que são na verdade ladrões e são os mais difíceis de apanhar pois estão por dentro dos métodos usados pela polícia e andam sempre um passo à frente das forças policiais.
Na corrida a pé não é difícil imaginar quem terá mais ferramentas para ajudar alguém a fazer batota numa prova: sim, isso mesmo, o organizador da prova! Então o organizador da prova não é o mais interessado em pugnar pela verdade desportiva? É sim senhor, mas também o polícia é o mais interessado em prender ladrões mas há polícias que são ladrões! Curiosamente muitas vezes esses polícias até serem apanhados têm a fama de serem excelentes profissionais, incorruptíveis, um exemplo para a classe...
Talvez que qualquer dia se venha a ter alguma surpresa sobre o “doping mecânico” na corrida e sobre coisas inimagináveis mas que acontecem mesmo.
Muitas vezes tem-se a certeza, absoluta das coisas mas falta o flagrante delito para se provar preto no branco o que se viu. Só que a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. Até esse dia temos que aceitar como milagrosa determinada recuperação feito por um atleta numa prova mesmo que a matemática e outras coisas nos indiquem que realmente só mesmo um milagre permite tal recuperação e para além de acreditarmos ou não em milagres não nos parece que a Nossa Senhora de Fátima, ou outra santa, se ande a preocupar em proporcionar um milagre a um simples corredor, por mais ou menos devoto que ele seja, ou mesmo jogue em casa (da Santa é claro!).
Mantenham os olhos abertos, corram, sejam felizes e olhem que nós também já andamos por cá há algum tempo...


14 comentários:

  1. Jorge, essa malta só se engana a si mesmo. É pena que assim seja.
    Abraço

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    1. Verdade. Mas o problema maior ainda são as ajudas envolvidas em algumas batotas! Quando se trata de um batoteiro a agir isoladamente já é feio e triste mas tudo pior quando há outras responsabilidades envolvidas nos casos.

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  2. Às vezes gostava de estar na pele dos batoteiros no momento em que cruzam uma meta. Qual será a sensação? Será que cerram os punhos e gritam "consegui!"?? O que vai no coração destes atletas? O que significa terminar um desafio com recurso a malabarismos? Trará isso alguma glória ou satisfação pessoal?
    Juro que gostava de perceber isso...

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    1. Penso que alguns batoteiras aquilo já é compulsivo e acabam por acreditar eles próprios na sua mentira! Mas não tenho certezas de nada!
      Beijinho e abraço ao Paulo.

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  3. Excelente e oportuno texto!

    Sobre o polícia ladrão, há décadas atrás trabalhei numa firma onde uma vez foi apresentado o plano de segurança para assaltos ou intrusos. E quem o apresentou terminava sempre cada possibilidade com o irem parar ao guarda da portaria. Parecia tudo perfeito mas no final alguém perguntou "e quem guarda o guarda?".

    Cada atleta tem os seus limites, que podem variar numa enormidade de minutos ou horas, conforme a distância, mas cada um que tenta superar-se, tem sempre a bonita recompensa dessa luta e, quando atinge o desejado, uma satisfação e orgulho imenso a pensar "consegui!". Quem é trapaceiro, nunca saberá o que é esse sentimento tão especial.
    É pena não haver nenhum insecticida para eliminar essa doença tão má chamada batota que só vem minar o bonito mundo das corridas.

    Um abraço e muitos parabéns pelo excelente texto!

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    1. Não há o insecticida que tu referes mas cá estamos nós para guardar o guarda e vigiar este maravilhoso mundo da corrida!
      Obrigado pelos elogios, exagerados como de costume. ao texto mas era algo que gostava de não ter sido obrigado a escrever...
      Um abraço.

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  4. Essa malta não dorme descansada... ou se dorme, pelo menos há-de sentir algum remorso quando está frente a frente com alguém que faz um resultado idêntico sem essa "ajuda". Penso eu de que... :)

    Abraço

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    1. Esperemos que pelo menos algum remorso sintam mas há gente que não conhece essa palavra...Mas também deles não reza a história ou se reza é pelos piores motivos.
      Um abraço.

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    2. Duvido mesmo muito que sintam alguma espécie de remorso por esses seus feitos. Aliás, tipicamente o que sentem é mesmo o típico: sou muita bom!!!

      Abraço

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  5. No limite, tenho pena dessas pessoas, porque se roubam a si próprias do prazer da conquista. Terminar uma prova, fruto do esforço, é uma enorme glória. Uma boa classificação, mas forjada, não pode nunca ter o mesmo valor, por mais aplausos que renda nas redes sociais.
    Beijinhos

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  6. Verdade Rute nunca vão ter o prazer de uma conquista como a tua no Oh Meus Deus! E mesmo que alguma vez façam coisa honestamente ninguém vai acreditar neles!.
    Beijinhos.

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  7. Ó amigo Jorge Branco , gostei dessa que já anda cá á muito tempo !!pois ..pois anda e já viu concerteza muita coisa ...de facto este tema que hoje trata é um grande problema do nosso desporto , ainda por cima com a interne te é mais fácil de adquirir. Incrível ´saber que até amadores se metem nisso..
    Um grande abraço por tal como eu gostar do desporto "limpo".

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