domingo, 6 de setembro de 2015

A NAMORADA SEMI NOVA E O POLIDESPORTIVO

Na infância apaixonei-me pelas bicicletas!
O menino da cidade grande vinha passar os fins-de-semana e as férias grandes aqui ao campo e levava os dias montado em cima de uma bicicleta.
Vem da memória desses tempos coisas como as idas ao Granho de bicicleta, com o Egas, onde se disputava uma partida de matraquilhos e se fazia um abastecimento à base de bifanas antes de voltar para casa, ou as idas ao Tejo de bicicleta.
Quando a corrida tomou conta do meu coração em 1980 a amiga bicicleta foi posta de lado. Eram tempos da descoberta de uma nova paixão e não havia espaço no meu coração para mais nada.
Em 1990 troquei a capital por um “exílio” voluntário aqui na ruralidade do Ribatejo na procura de um lugar tranquilo para se viver e também para correr.
Acontece que essa minha vinda aqui para o Ribatejo deu-se, precisamente, no início de um período de uma paragem de três anos na corrida devido a um problema num joelho, arranjado também num veículo de duas rodas, neste caso uma motorizada. Um queda, absolutamente estúpida numa subida em curva, ainda eu vivia em Lisboa, provocou-me um traumatismo num joelho que implicou uma pequena intervenção cirúrgica no dito.
Mas se a intervenção cirúrgica foi muito pequena a lista de espera para a mesma foram “só” três anos!
Resumindo estava a começar a minha nova vida Ribatejana tinha condições edílicas para correr mas não o podia fazer!...
Mas se não podia correr pedalar não me trazia problemas nenhuns!
Foi assim que no começo da década de 90 do século passado vendi a tal motorizada que me tinha dado cabo do joelho (vinguei-me, mas a coitada nem teve culpa da queda, culpa teve quem derramou óleo ou gasóleo na estrada) e comprei uma BTT, mas uma BTT a sério que na altura era quase topo de gama de uma determinada marca.
Se juntarmos um corredor impedido de correr a pé mas apaixonado desde sempre pelas bicicletas, uma BTT, e uma imensidão de percursos para se descobrir (bem mais que na actualidade pois muitos hoje já estão fechados para evitar roubos e vandalismo) esta mistura, explosiva, só podia dar um “betetista” “furioso”!
Foi o que aconteceu nesses três anos de prática de BTT, a coisa foi intensa. Sem competição, que nesses anos quase não havia e também não era coisa que me motivasse, mas com muitos e muitos quilómetros nas pernas aqui pelo Ribatejo, com sol ou chuva, calor ou frio.
Para “agravar” a situação pouco tempo depois juntei à minha BTT uma “prima” ou seja um bicicleta de cicloturismo e comecei, também, a fazer longos passeios em estrada.
Na altura, fora da estrada os meus passeios mais longos eram de 70 km e sem problemas de maior e em alcatrão uma dose de 100 km era algo que fazia com bastante tranquilidade e a prática de BTT era quase diária.
E assim passei três felizes anos com a minhas duas “namoradas”!
Depois de me “consertarem” o joelho fiz uma despedida das bicicletas com uma volta de 160 km em estrada (a maior distância que alguma vez fiz de bicicleta) e atirei-me à corrida a pé e a recuperar parte da forma perdida.
Ainda cheguei a usar a bicicleta como método de recuperação da corrida mas coisa pouca.
Entretanto os problemas da minha desgraçada coluna foram-se agravando com a idade e o uso de uma bicicleta de corrida tornou-se proibitivo para mim e minha velhinha BBT também me proporcionava uma posição de condução com um grau de inclinação totalmente impróprio para os meus problemas de coluna.
Foi assim que as bicicletas acabaram por ser postas de lado na minha vida e estive um longo período sem as usar.
Eu que durante alguns anos fiz uso da bicicleta quer na vertente desportiva, que no dia-a-dia; para ir ao barbeiro na vila vizinha, para ir ao Multibanco (que só havia no Cartaxo na altura), para ir para o trabalho tudo era feito com recurso a bicicleta, vi-me completamente afastado dessa espantosa máquina.
Mas como não há paixão como a primeira comecei a pensar voltar a reconciliar-me com a bicicleta. Na verdade nunca estive zangado com elas mas não tinha uma máquina que se adequasse à situação do meu pobre esqueleto.
Então pensei que mudando o tipo de guiador da minha velhinha e histórica, BTT talvezes resolvesse o problema da posição de condução.
Foi assim que consultei uma “mago” especialista em bicicletas e apaixonado pelas mesmas.
Entreguei-lhe a minha velha “namorada” e ela veio de lá semi-nova depois de uma revisão profunda em que foi toda desmontada, limpa e montada, com um novo guiador sobrelevado, subido o avanço do mesmo, e uns guarda-lamas (pois o tempo do BTT puro e duro para mim terminou e agora o objectivo é uns passeios tranquilos em estrada).
Esta semana comecei então uma nova etapa da minha vida desportiva em que alterno entre a corrida a pé e a bicicleta durante seis vezes por semana.
A ideia é a busca do bem-estar físico e mental, e o aliviar mais a carga da corrida que se torna mais violenta para o meu esqueleto que a bicicleta.
Tudo isto ainda está muito no começo, ainda está tudo “pintado de fresco”.
Se na parte da corrida a pé estou a recomeçar, muito lentamente, depois da paragem por causa da fascite, já na bicicleta é todo um redescobrir de sensações, vivências e músculos. Mas não há duvida: uma bicicleta é o melhor brinquedo que um adulto pode ter!

Resumindo, todo este longo texto para dizer algo que se escreve numa frase: tenho uma namorada semi nova e, agora, sou polidesportivo (mas não  pavilhão que isso é outra coisa :) )!

10 comentários:

  1. Histórias curiosas dum corredor-ciclista, às vezes ciclista-corredor.

    Muitas e boas voltas com a tua original bicicleta (meio BTT meio cicloturismo)

    Força para o polidesporto!

    Um abraço

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    1. Obrigado!
      Podes acreditar que não há outra bicicleta como esta! É personalizada! :)
      Aquele abraço.

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  2. Espectáculo!
    Bons km's com a tua namorada semi-nova eheheh :)
    Beijinho

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  3. Hehehe...mais umas belas histórias ... olha, muitos e bons com a nova namorada :)
    Abraço ó "Polidesportivo"

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  4. E que bonita que está a namorada depois da ida ao "doutor"! :) Boas pedaladas
    Beijinhos

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  5. Pronto agora já pode recordar e namorar, beijinho

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