domingo, 19 de agosto de 2012

FEITO NUM 28!

Nasci em Lisboa, onde vivi até aos 30 anos, antes de me “exilar” aqui, no meu Ribatejo adoptivo!
Gosto da minha cidade, em particular das madrugadas tranquilas, sem a agitação das grandes metrópoles.
Amo os bairros antigos de Lisboa, as suas sete colinas, as calçadas que parecem querer mergulhar no Tejo, meu amigo de sempre.
De já há algum tempo a esta parte germinou um sonho, uma mania, ou talvez um grande maluquice, nesta minha pobre cabeça: fazer um treino de ida e volta no percurso da carreira do eléctrico 28.
O eléctrico 28 é uma carreira emblemática de Lisboa, que passa em lugares carregados de história e paisagem únicas da minha cidade.
Carreira conhecida nos circuitos turísticos internacionais e muito procurada pelos estrangeiros que visitam Lisboa.
Em vésperas da Meia Maratona de São João das Lampas, achei que era altura de ir fazer o percurso do 28 e enfrentar algumas belas subidas e descidas.
Às 8:11 da manhã cheguei a Santa Apolónia, onde o Egas me esperava. Já tinha acabado de me equipar no comboio e estava pronto para ser largado do Martim Moniz, para mais um loucura!
Definimos a estratégia, os pontos de passagem, boa sorte e ai vou eu em direcção à Rua da Palma / Almirante Reis.
Não começou bem o treino, porque umas obras fizeram com que deixasse de existir passeio e fui obrigado a correr num espaço em que não cabia eu e o eléctrico! Felizmente naquele pequeno troço não passou nenhum!
No começo desta aventura sentia-me um bocado estranho, desambientado e nervoso, mas havia de passar e entrar em velocidade de cruzeiro.
Depressa a Almirante Reis ficou para trás e começa a primeira escalada da jornada, até Sapadores.
Com pouco movimento nas ruas, correndo umas vezes no empedrado, outras tendo que fugir para os passeios, lá vou trepando até Sapadores.
Em Sapadores o primeiro encontro com o meu apoio e toca a seguir para a Graça.
Chegando á Graça há que passar a essa grande instituição que é a Voz do Operário e até chegar a Baixa não tem nada que saber: é quase sempre a descer.
Temia atravessar as inúmeras perpendiculares da Rua da Conceição, mas nunca fiquei sequer retido num semáforo!
No fim da Rua da Conceição começa mais um “prémio de montanha”! Toca a seguir até ao Largo do Chiado, ao  Camões e ao Calhariz.
Não foi fácil:  o calor (para o que estou habituado) já apertava, mas lá se foi trepando.
Chegado ao Camões, onde estava o Egas mas não estava a água (problemas de comunicação!).
Mais à frente encontro (combinado) com outro tio que mora ali perto: vou a tempo de um breve cumprimento e lhe perguntar se não tinha vergonha de ter um sobrinho tão maluco?!
Depois foi descer ao Poço do Negros e enfrentar a Calçada da Estrela.
Aqui foi a parte pior da jornada, com o calor e algum cansaço a complicar as coisas: perguntava-me como iria conseguir fazer o regresso.
Largo da Estrela e finalmente vários copos de água!
Dali foi um “pulo” até ao cemitério dos Prazeres (ainda com a subida da Domingos Sequeira e que bem me souberam aquelas árvores!).
Nos Prazeres mais água, um foto junto ao eléctrico e toca a voltar para o Martim Moniz!
Comecei a ver as “coisas” nestes termos: descer até ao São Bento, subir ao Chiado, descer à rua da Conceição, trepar até à Graça, descer para a Almirante Reis e está feito! Mas saíram-me as contas furadas, porque um pouco à frente do Miradouro de Santa Luzia, em vez de virar para as Escolas Gerais, segui uma linha de eléctrico desactivada e fui parar mais cedo no Martim Moniz (bem me parecia que não conhecia aquela descida, mas como era a descer...).
Lá tive que voltar para trás e subir mais um bocado, o que nem fez mal nenhum.
Quando cheguei ao Largo da Graça sentia-me bem e vi que dali até ao final era fácil!
E quando me vi de novo no Martim Moniz, ainda resolvi seguir para Santa Apolónia e lá chegando fiz mais umas “brincadeiras” para atingir os 20 km e ainda apanhei uma subida valente e uma descida por uma escada!
Estou feito num 2(8).
Mas a coisa é para repetir!


7 comentários:

  1. Gosto! Ainda por cima no percurso do mítico 28!

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  2. E fez muito bem!!!

    A minha linda cidade.... sempre linda mesmo quando é feia :-) sou lisboeta de alma e coração :-)))

    Mas.... para correr eu escolheria algo menos complicado em termos de trânsito .... embora um domingo de manhã seja calmo.

    Gostei de ler... agora não se esqueça de se cansar muito para quando chegar a altura da prova já não ter forças ;)

    Beijinho e bons treinos :-)))))

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  3. Espectacular treino! Espectacular relato!

    Fiquei com vontade de fazer o mesmo. Quando quiseres repetir, avisa a data com antecedência para ver se combinamos qualquer coisa.

    Um grande abraço

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  4. Muito bom!
    Um percurso e uma ideia muito interessantes.
    Boas corridas!

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  5. Faço minhas as palavras do João, quando pensares em repetir fazemos uma pirateada pelo centro de Lisboa. O dia escolhido foi sem dúvida o melhor. Morei alguns meses no centro de Lisboa (Rua da Madalena) e confesso que era o dia seleccionado para passear em Lisboa. Confesso que mesmo sendo Alfacinha (Benfica), o centro de Lisboa deixa-me sempre algo nervoso. Excelente ideia e excelente relato. Daqui até às Lampas ainda tens que lhe dar ...

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  6. Fatastico.Eu que sou nortenho (e muito mais novo)depois de ler o texto fez-me lembrar o meu tempo de tropa em que fazia quase todos os dias esse percurso ,dormia em sapadores e prestava serviço na praça do comercio.um dia gostava de recordar este percurso também a correr , coisa inimaginável á 23 anos ...um abraço e parabéns.

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  7. E quando é o próximo? :) Sim, isto quer dizer que gostaria de correr, assim, devagarinho, e fazer esse percurso desta nossa linda cidade, onde trabalhei 20 anos e de que tenho agora bastantes saudades...

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