O PIOR “INIMIGO” DO CORREDOR!

Diz-se que o cão é o melhor amigo do homem (a inversa já não é uma afirmação tão verdadeira, tendo em atenção a quantidade de cães que são abandonados diariamente pelos seus donos).
Mas se o cão é o maior amigo do homem eu direi, com algum exagero, que é o maior inimigo do corredor!
Muitos canídeos olhem para nós corredores como irritante alvo em movimento ao qual é preciso dar caça!
Quando são cães pequenos, de marca “branca”, as situações ainda se resolvem sem grandes problemas, mas se o cão é grande ou é de alguma raça mais “vocacionada” para morder, a situação pode tornar-se verdadeiramente perigosa.
Na minha já longa carreira de corredor apanhei vários sustos, mas só encontrei um cão que passou a vias de facto!
Já foi há muitos anos que esse animal resolveu provar o meu calcanhar, mas ainda hoje não me esqueço da situação não tanto pelo estrago causado (que foi insignificante) mas pela eficácia do cão, que até merecia uma medalha de louvor!
Passava eu a correr à porta de uma estação de camionagem em Carnaxide (arredores de Lisboa), quando sai de lá um cão de porte pequeno que, sem soltar um pio (ou melhor um ladrar), me morde uma canela e prontamente recolhe à referida garagem!
Penso que esse cão deveria ter ganho o prémio anual da eficácia canina! Nada de ladrar, nada de espalhafatos. Sair a correr da garagem, morder-me uma canela e voltar para “casa”. Cem por cento de eficácia! Parabéns!
Este ataque de que fui alvo vem comprovar a velha máxima que cão que ladra não morde!
Outro facto que comprova aquela teoria deu-se com um cão (de porte algo corpulento) e que eu tinha sinalizado como sendo agressivo, pois sempre que eu passava por ele, de bicicleta, era recebido com uma manifestação de ladrares nada amistosos!
Um dia tinha um treino longo de corrida cujo percurso implicava passar junto a esse cão e comecei a pensar no que me iria acontecer, se ele estivesse solto.
Efectivamente o bicho estava solto, mas como eu já leva mais de uma hora de treino nas pernas, encontrava-me num ligeiro estado alterado de consciência (!) e ao olhar para o cão vi nele um animal tímido e carente, necessitado de festas, em que o ladrar era apenas para encobrir a timidez!
O que o treino faz a um sujeito! Dei em armar-me em especialista em psicologia canina!
O certo é que parei, coloquei-me de cócoras, estendi a mão para o cão a cheirar e em seguida comecei a fazer-lhe festas. Tinha acertado no “diagnóstico” (felizmente) e aquela “fera” transformou-se num animal dócil que dava ao rabo de contentamento e me punha as patas em cima.
De qualquer forma não aconselho ninguém a fazer estes “diagnósticos” que podem falhar e ter consequências pouco agradáveis!
Mas o cão também pode ser o melhor amigo do corredor e recordo aqui o meu saudoso Bitoque (sim era o nome do cão!) que me acompanhava em treinos de duas horas, perfeitamente livre e feliz!
Corria sempre mais que eu em treinos longos, pois para além de me acompanhar nunca deixava de correr atrás dos coelhos, na tentativa (nunca conseguida) de matar algum com um ataque cardíaco, devido ao susto que lhes pregava.
Era um cão especial! Quando o andamento era demasiadamente lento “chateava-se”, dava meia volta e ia para casa!
Hoje, que até as lesmas e os caracóis correm mais que eu, se o meu saudoso Bitoque fosse vivo, aborrecer-se-ia de morte com os meus treinos!
Corram, tentem ser felizes (às vezes não nos deixam!), tenham cuidado com os cães, mas tenham ainda mais cuidado com o género humano, que em alguns casos é bem mais perigoso!