domingo, 27 de janeiro de 2013

PROVAS E RÁDIOS PIRATAS!

A propósito do texto que publicámos com o título SURPRESAS (UM POUCO) HISTÓRICAS, que versava a nossa colaboração na organização da Corrida da Primavera entre 1986 e 1991, o amigo Orlando Duarte presenteou os leitores deste blogue com um excelente comentário a esse mesmo artigo. 


Dada a riqueza e importância histórica desse comentário resolvemos trazê-lo “à boca de cena” dando-lhe o merecido destaque das “luzes da ribalta”. 

Como podem ver pelo texto do amigo Orlando Duarte naquela época, um tanto ou quanto longínqua, para além de provas piratas havia rádios piratas! E nós até acrescentamos que não eram assim actividades tão diferentes pois ambas eram movidas pela paixão, voluntarismo e carolice de muita gente que gostava de servir o colectivo, de dar algo de si aos outros, em vez de olhar apenas para o seu umbigo como nestes tempos actuais de tanto egoísmo e individualismo (talvez fundamentados pelo sistema, pois pessoas empenhadas no colectivo podem ser “perigosas”, mas isso é outro assunto). 

Tanto as provas piratas como as suas “primas” as rádios piratas vingaram e abriram as portas a provas e rádios devidamente legalizadas. E algumas delas, tantos provas como rádios, ainda existem nos dias de hoje e tornaram-se em grandes instituições. Mas vamos lá “ouvir” está deliciosa história contada pelo amigo Orlando Duarte: 

Curiosamente nunca corri essa prova – sabe se lá porquê. Porém, tenho um episódio da minha vida relacionado com essa corrida que me deixou bastante triste e desolado, porquê? Passo a explicar: Entre 1985 e 1988, tive uma actividade puramente amadora, aliás ainda pagava para, de algum modo, a exercer: colaborador numa “Rádio Pirata” que era a Rádio Movimento. E o primeiro programa em que colaborei era sobre desporto local. Como nessa prova estavam alguns atletas dum clube do bairro, lá estava eu a fazer a cobertura. Mas afinal o que é que me desiludiu? Recordo que naquela altura as provas populares estavam a ser consideradas pela FPA como piratas, então, momentos antes da partida eu solicito umas breves palavras e considerações sobre aquela questão ao Director da prova, Prof. Mário Machado. Ele não se nega e, em plena Av. da Liberdade, eu com o pequeno gravador em punho, radiante da vida, registo os comentários do grande senhor e mentor das provas populares e PARA TODOS…
Feliz da vida, vou para casa ouço a entrevista para ver se era preciso editar alguma coisa e, ao fim da tarde, vou para a rádio, o programa, “Desportivamente” ia para o ar às 18 horas. Chego lá todo contente e digo para os dois companheiros do programa, também eles atletas como eu; caros amigos, trago aqui uma pérola para o programa, esta manhã entrevistei o Prof. Mário Machado! Ficaram todos entusiasmados e fomos logo preparar o material para a emissão. Porém, a questão é que as pilhas estavam fracas e a gravação foi feita a uma velocidade bem lenta. Ora, quando colocada á velocidade normal, a voz do professor parecia uma “cana rachada”… e aquilo que era uma pérola, por minha burrice, virou uma autêntica bosta!... Ficámos todos tristes, mas eu então… só me apetecia bofetear-me!... 

4 comentários:

  1. Sem dúvida, nenhuma, uma história fabulosa e muito representativa da época em questão.

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  2. rssss.... muito bom...
    como pode coisas tão pequeninas nos marcar para sempre???
    Bons Km
    Do lado de cá
    Ju

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