domingo, 15 de julho de 2012

MARATONA DE S. PETERSBURGO (Federação Russa)



POR: ANTÓNIO BELO

Como tem sido habitual nas viagens pelo estrangeiro, em que procuro juntar mais uma maratona a um circuito turístico, no passado dia 1 de Julho participei na Maratona de S. Petersburgo, designada como “XXIII White Nights International Marathon”, pois, nesta altura do ano, a escuridão da noite quase não chega a envolver a cidade.

Contrariamente ao que acontece na maioria das cidades da Europa, o número de participantes chegados, no ano anterior, pouco ultrapassava o milhar, o que me sugeria algumas interrogações, uma vez que nas maratonas das principais cidades dos países mais próximos, Helsínquia e Talin, no Golfo da Finlândia, os números são bastante superiores e, até, a maratona disputada na principal cidade da Sibéria, Omsk, conta com cerca de 15 mil participantes.

Para quem está habituado a correr maratonas com um reduzido número de companheiros, não era daí que viria qualquer mal, mas sim se o relativo “abandono” se devesse a um péssimo acompanhamento, deficientes abastecimentos, falta de água, etc..
A inscrição, através do site, também não se “alinhava” naquilo que consideramos habitual, pois era, apenas, uma inscrição prévia que se tornaria definitiva na altura do levantamento do número e do simultâneo pagamento (25 euros), mas com prémios (não pecuniários) para os 3 primeiros de todos os escalões. Curioso, quando todos exigem o pagamento imediato e, em alguns casos, até a entrada no sorteio é cobrada, e sem devolução!

No sábado, logo à abertura da feira apresentámo-nos, eu e dois companheiros que iriam correr os 10 kms, uma das provas marcadas para a manhã de domingo, para concretizar a inscrição que, com alguma surpresa, não mereceu o recurso às “maravilhosas” máquinas de computação, tudo à mão.
No saco apenas o indispensável, dorsal, alfinetes, camisola (tshirt) e chip!

Num domingo chuvoso, mas sem frio, pelas 9 horas foi dada a partida para as corridas (maratona e 10 Kms), pois anteriormente tinham partido os atletas em cadeiras de rodas e em skates com a ajuda de bastões.
O percurso, que já tínhamos consultado na internet, era todo plano e desenhado nas proximidades da água, nas margens do rio Neva e dos vários canais da cidade, ou não estivéssemos na chamada “Veneza do Norte”, e quanto à prova, um pouco cheia no seu início, pela presença do grande número de corredores que optaram pela distância mais curta, tudo se passava normalmente, os abastecimentos habituais, água, bebidas isotónicas, cola, frutas, rebuçados, não diferiam de qualquer outra maratona. O tracejado a azul, indicando o percurso ideal, lá estava, e bem visível, assim como a marcação de todos os quilómetros, embora aqui se notasse um toque especial – em vez dos números estarem escritos no chão ou em placas, os mesmos faziam-se notar nos coletes azuis que cobriam o peito de graciosas jovens. Assim, por cada quilómetro tínhamos um sorriso incentivador!

Embora um pouco mais calado do que é hábito em mim, pois a comunicação com os companheiros de ocasião não era fácil, lá fui com “tranquilidade” palmilhando léguas e apreciando a magnífica paisagem natural, agora melhorada com a presença de vários casamentos, pois a chuva já tinha feito o seu papel. Três horas, vinte e três minutos e trinta e sete segundos depois (que valeram o 1º lugar em M65), passei a linha de meta, na Praça do Palácio, mesmo em frente do tão conhecido Hermitage, local onde tinha sido dada a partida e onde não faltavam os mais variados “recursos” sólidos e líquidos
.

Na magnífica moldura que tentei descrever só faltaram os aplausos da multidão, por todo o percurso era notória a ausência de interesse, e até na meta, os gritos por Portugal se fizeram ouvir, por parte das nossas seis acompanhantes, coisa rara nas incursões pelo estrangeiro!
Talvez aqui esteja a resposta para tão reduzindo número de participantes, tal como em Portugal - poucos aplausos e poucos maratonistas. 

1 comentário:

  1. Parabéns ao António Belo, uma excelente marca para a sua idade, mantem a boa forma e a boa disposição. A crónica também está muito bem feita, a mostrar também que o alheamento de público deve ser obra das prioridades mais marcantes das pessoas sentindo-se pouco atraídas por coisas fúteis para a sua vida pessoal quando certamente são afligidas por problemas que afectam toda a sociedade, afinal como cá a situação repete-se.

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