terça-feira, 5 de junho de 2012

A VERDADE DOS NÚMEROS DA CORRIDA PELA SELECÇÃO

Texto de parceria João Lima / Jorge Branco


Pegue-se num grupo de amigos. Junte-se respeito, lógica, racionalidade. Misture-se bem e prove-se. Sabor apurado!
Acrescente-se uma pitada de futebol. Azedou!
O caldo entorna com discussões, polémicas, irracionalidade, extremismos, levando rapidamente ao insulto pessoal.

Tudo isto foi o que sucedeu recentemente na comunidade Atletismo, devido à Corrida Pela Selecção.

Não querendo embarcar em mais polémica, até porque de insultos ficámos servidos, isso não pode obstar a uma análise correcta dos números, dado o empolamento com que foram noticiados.
Recordamos que as notícias deram 12.500 pessoas a correrem em Oeiras e 22.000 no total.
Porém, como se sabe, uma coisa são inscrições, outra é participação. Há sempre uma quebra entre esses dois números mas neste caso foi muito significativa.

Na realidade, não correram 12.500 em Oeiras mas sim 7.352 (menos 5.148), E no total não participaram 22.000 mas sim 12.779 (menos 9.221), sendo que 7.352 em Oeiras, 5.122 no Porto e 305 em Faro.

Não tendo existido condições meteorológicas adversas, a explicação para esta quebra superior a 40% está no facto de quem se tenha inscrito poder levantar na véspera um kit que incluía camisola, braçadeira e outros aliciantes que custariam mais que os 5 euros da inscrição.

Analisando mais detalhadamente a classificação de Oeiras, dado que é impressionante a marca de 7.352 corredores, ultrapassando por exemplo a Meia-Maratona da Ponte 25 de Abril que contou com 6.975 atletas na meta, chegamos a outro tipo de conclusões. Se na aludida Meia o número correcto de corredores é esse, aqui, mais do que corrida, uma enorme fatia caminhou.

Salientamos que nada temos contra as caminhadas, muito pelo contrário, mas apenas queremos corrigir a notícia de que 12.500 correram em Oeiras quando na realidade a maioria andou, alguns bem devagar.

Atente-se no quadro onde pretendemos estabelecer uma média quilométrica tendo em conta que eram 8.000 metros anunciados (na realidade pouco passava dos 7.500) mas compensa-se a distância a menos com o tempo que se demorava a iniciar a prova:

Até 32.00 (média até 4.00)
81
Entre 32.01 e 40.00 (média 4.01 a 5.00)
703
Entre 40.01 e 48.00 (média 5.01 a 6.00)
1.515
Entre 48.01 a 56.00 (média 6.01 a 7.00)
971
Entre 56.01 a 1.20.00 média 7.01 a 10.00)
2.389
Mais de 1.20.00 (média superior a 10.01
1.693

Não se pretendeu com este artigo minimizar os números, significativos repita-se, deste evento, mas em nome da verdade apenas corrigir as notícias que davam conta de valores muito superiores.

11 comentários:

  1. Amigo Jorge Branco,
    Este texto tem que constar na secção do lado direito deste blogue, debaixo do título APLAUSOS.
    Fiosofias há-as "aos molhos", mas a matemática é a "Ciência Pura"!
    PARABÉNS!

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  2. Jorge

    Se contabilizarem pessoas que caminham como pessoas que correm ou, como nós, ligadas ao atletismo aí podem colocar os milhares que quiserem.

    As maioria das pessoas que lá foram só caminham em eventos desta natureza, logo não se podem considerar como reais atletas, mas sim como simples passeantes que tanto passeiam no apoio à seleção como no calçadão da Costa da Caparica.

    Para mim é uma prova que de prova nada tem. O povo é usado para apoiar quem nunca apoiou os nossos olímpicos e paralímpicos e, enquanto assim for, não contem comigo. Para ver palhaçadas vou ao circo.

    Mas respeito quem lá foi, é uma opinião pessoal e vale o que vale.

    O texto é uma pedrada no charco de quem diz que pela seleção batem 10 milhões de corações. Talvez 9999999, pois um sei de um que não bate, o meu!

    Abraços!

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  3. Contra factos, não existem argumentos. Este artigo do Jorge Branco está muito esclarecedor, sobre os números dos reais participantes na corrida.
    É de apreciar os incentivos à disciplina das pessoas fazerem passetas e serem colocadas em movimento. Fantástico.
    Mas colocar tudo no mesmo saco ( correr e caminhar), só para inflacionar números, não está correcto.
    Isto é certamente uma nova vaga em Portugal, que não concordo.

    É a minha simples opinião.

    Um abraço
    dos Xavier's

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  4. Atenção porque os numeros que está a dizer são relativos á classificação e a classificação só reflecte as pessoas que levaram chip.. Não reflecte nem de perto nem de longe os que realmente estiveram lá a correr

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    1. Apesar de não gostar de responder a quem não dá o nome, posso dizer que estes são os números oficiais da prova e os que na realidade contam, como em qualquer prova onde o dorsal e chip são obrigatórios.
      Se alguém correu ilegalmente, não pode ser considerado. Nem nesta nem em qualquer outra prova que se preze.
      As provas são aferidas pela participação correcta e nunca pelos ilegais ou por medidas à vista desarmada.
      Foi a organização que comunicou, pelos resultados, estes valores e, não vejo que alguma organização queira empolar números com aqueles que lhes escaparam ao controlo e inscrição.

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    2. O número de participantes numa prova é obtido com base nos atletas que concluíram o evento tendo-se classificado no mesmo.
      Eventualmente pode-se também apurar o número dos desistentes desde que haja um controle por chip na linha de partida e / ou durante o percurso.
      Tudo o resto são “invenções”, mais ou menos “delirantes”, que cada um pode manipular a seu belo prazer mas que não têm valor do ponto de vista científico e só servem para fazer rir quem percebe, minimamente, de como se organiza uma prova!

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  5. Boa noite

    Estive na "prova" e vi muitas pessoas ao meu lado, nomeadamente já com uma certa idade, que iam caminhar, com dorsal ao peito, mas sem chip no sapato! Acho que nunca se conseguirá saber ao certo quantas pessoas realmente participaram na "prova/caminhada".

    Boas corridas para todos!

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  6. Muito grato pelo seu comentário prezado amigo.
    Pelo seu relato dá para perceber houve participantes na prova que não estão minimamente familiarizados com o que é uma corrida e só assim se percebe que não tenham colocado o chip.
    Realmente tenda em conta esse facto torna-se complicado avaliar correctamente o numero de participantes.
    Acaba-se por concluir que aquilo foi uma mistura entre uma corrida uma caminhada.
    Mas podemos, sempre, avaliar o número dos que acabaram o evento devidamente classificados.
    Se como o amigo diz nunca se conseguira saber ao certo quantas pessoas realmente participaram na “prova / caminhada” não deveriam fazer publicidade tende como base números sobre os quais não há certezas nenhumas.

    Boas corridas amigo.

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  7. Ao contrario do que é habitual sentimo-nos na obrigação de responder a alguns dos comentários aqui publicados dado o teor dos mesmos e o assunto em questão.
    Outro excepção a que este tema nos obrigou foi sermos forçados a eliminar um comentário pois o insulto gratuito, sem qualquer espécie de argumentos nem o menor pingo de inteligência, nunca farão parte deste blogue.
    Aproveitamos para dizer que não somos minimamente atingidos por estás atitudes que só revelam uma enorme pobreza de espirito e, no fundo, nos deixam com pena de quem as profere pois é triste ver seres humanos a fazer tão pouco uso do melhor que o homem tem ou seja o cérebro e a capacidade de ter raciocínios inteligentes.

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  8. Não são 9 999 999. São 9 999 998, a (não) contar comigo. Esta não é claramente " uma cena que me assista " a da selecção. Isto que lá está não é a minha selecção nem tão pouco a de Portugal. É a de alguém, mas não a minha!! Não aplaudi, não aplaudo, nem aplaudirei jamais a selecção doutrem!!

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  9. Companheiro Jorge
    então não vês que o pessoal está na onda da selecção, correr cansa muito, devagarianho chega-se lá...ou não.
    Agora a sério, uma excelente análise dos números que como sabemos são tantas vezes manipulados.
    Abraço,
    António Almeida

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