Gosto
da minha cidade, em particular das madrugadas tranquilas, sem a agitação das
grandes metrópoles.
Amo
os bairros antigos de Lisboa, as suas sete colinas, as calçadas que parecem
querer mergulhar no Tejo, meu amigo de sempre.
De
já há algum tempo a esta parte germinou um sonho, uma mania, ou talvez um
grande maluquice, nesta minha pobre cabeça: fazer um treino de ida e volta no
percurso da carreira do eléctrico 28.
O
eléctrico 28 é uma carreira emblemática de Lisboa, que passa em lugares
carregados de história e paisagem únicas da minha cidade.
Carreira
conhecida nos circuitos turísticos internacionais e muito procurada pelos
estrangeiros que visitam Lisboa.
Em
vésperas da Meia Maratona de São João das Lampas, achei que era altura de ir
fazer o percurso do 28 e enfrentar algumas belas subidas e descidas.
Às
8:11 da manhã cheguei a Santa Apolónia, onde o Egas me esperava. Já tinha
acabado de me equipar no comboio e estava pronto para ser largado do Martim
Moniz, para mais um loucura!
Definimos
a estratégia, os pontos de passagem, boa sorte e ai vou eu em direcção à Rua da
Palma / Almirante Reis.
Não
começou bem o treino, porque umas obras fizeram com que deixasse de existir
passeio e fui obrigado a correr num espaço em que não cabia eu e o eléctrico!
Felizmente naquele pequeno troço não passou nenhum!
No
começo desta aventura sentia-me um bocado estranho, desambientado e nervoso,
mas havia de passar e entrar em velocidade de cruzeiro.
Depressa
a Almirante Reis ficou para trás e começa a primeira escalada da jornada, até
Sapadores.
Com
pouco movimento nas ruas, correndo umas vezes no empedrado, outras tendo que
fugir para os passeios, lá vou trepando até Sapadores.
Em
Sapadores o primeiro encontro com o meu apoio e toca a seguir para a Graça.
Chegando
á Graça há que passar a essa grande instituição que é a Voz do Operário e até
chegar a Baixa não tem nada que saber: é quase sempre a descer.
Temia
atravessar as inúmeras perpendiculares da Rua da Conceição, mas nunca fiquei
sequer retido num semáforo!
No
fim da Rua da Conceição começa mais um “prémio de montanha”! Toca a seguir até
ao Largo do Chiado, ao Camões e ao
Calhariz.
Não
foi fácil: o calor (para o que estou
habituado) já apertava, mas lá se foi trepando.
Chegado
ao Camões, onde estava o Egas mas não estava a água (problemas de
comunicação!).
Mais
à frente encontro (combinado) com outro tio que mora ali perto: vou a tempo de
um breve cumprimento e lhe perguntar se não tinha vergonha de ter um sobrinho
tão maluco?!
Depois
foi descer ao Poço do Negros e enfrentar a Calçada da Estrela.
Aqui
foi a parte pior da jornada, com o calor e algum cansaço a complicar as coisas:
perguntava-me como iria conseguir fazer o regresso.
Largo
da Estrela e finalmente vários copos de água!
Dali
foi um “pulo” até ao cemitério dos Prazeres (ainda com a subida da Domingos
Sequeira e que bem me souberam aquelas árvores!).
Nos
Prazeres mais água, um foto junto ao eléctrico e toca a voltar para o Martim
Moniz!
Comecei
a ver as “coisas” nestes termos: descer até ao São Bento, subir ao Chiado, descer
à rua da Conceição, trepar até à Graça, descer para a Almirante Reis e está
feito! Mas saíram-me as contas furadas, porque um pouco à frente do Miradouro
de Santa Luzia, em vez de virar para as Escolas Gerais, segui uma linha de
eléctrico desactivada e fui parar mais cedo no Martim Moniz (bem me parecia que
não conhecia aquela descida, mas como era a descer...).
Lá
tive que voltar para trás e subir mais um bocado, o que nem fez mal nenhum.
Quando
cheguei ao Largo da Graça sentia-me bem e vi que dali até ao final era fácil!
E
quando me vi de novo no Martim Moniz, ainda resolvi seguir para Santa Apolónia
e lá chegando fiz mais umas “brincadeiras” para atingir os 20 km e ainda
apanhei uma subida valente e uma descida por uma escada!
Estou
feito num 2(8).
Mas
a coisa é para repetir!
Gosto! Ainda por cima no percurso do mítico 28!
ResponderEliminarE fez muito bem!!!
ResponderEliminarA minha linda cidade.... sempre linda mesmo quando é feia :-) sou lisboeta de alma e coração :-)))
Mas.... para correr eu escolheria algo menos complicado em termos de trânsito .... embora um domingo de manhã seja calmo.
Gostei de ler... agora não se esqueça de se cansar muito para quando chegar a altura da prova já não ter forças ;)
Beijinho e bons treinos :-)))))
Espectacular treino! Espectacular relato!
ResponderEliminarFiquei com vontade de fazer o mesmo. Quando quiseres repetir, avisa a data com antecedência para ver se combinamos qualquer coisa.
Um grande abraço
Muito bom!
ResponderEliminarUm percurso e uma ideia muito interessantes.
Boas corridas!
Faço minhas as palavras do João, quando pensares em repetir fazemos uma pirateada pelo centro de Lisboa. O dia escolhido foi sem dúvida o melhor. Morei alguns meses no centro de Lisboa (Rua da Madalena) e confesso que era o dia seleccionado para passear em Lisboa. Confesso que mesmo sendo Alfacinha (Benfica), o centro de Lisboa deixa-me sempre algo nervoso. Excelente ideia e excelente relato. Daqui até às Lampas ainda tens que lhe dar ...
ResponderEliminarFatastico.Eu que sou nortenho (e muito mais novo)depois de ler o texto fez-me lembrar o meu tempo de tropa em que fazia quase todos os dias esse percurso ,dormia em sapadores e prestava serviço na praça do comercio.um dia gostava de recordar este percurso também a correr , coisa inimaginável á 23 anos ...um abraço e parabéns.
ResponderEliminarE quando é o próximo? :) Sim, isto quer dizer que gostaria de correr, assim, devagarinho, e fazer esse percurso desta nossa linda cidade, onde trabalhei 20 anos e de que tenho agora bastantes saudades...
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