Em teoria correr é um acto que
pode dispensar qualquer tecnologia.
Claro que da teoria à prática vai
um grande distância e quase todo o corredor não dispensa uns bons sapatos e só
nós pés coloca uma enorme tecnologia e lá vai aquela imagem romântica de alguém
a correr livre e solto em perfeita comunhão com a natureza.
Agora com o advento da tecnologia
electrónica o corredor criou um “monte” de “dependências”: o GPS (com ou sem monitor
de frequência cardíaca), os telemóveis, os IPOD’S, os sapatos com “sensores”,
eu sei lá!
Confesso que sou um bocado
“apanhado” pela electrónica!
Gosto das “maquinetas” e da sua
tecnologia implícita, de explorar as suas funções, de as usar ao máximo!
Mas a “troika” refreou-me as
apetências electrónicas e, quase, parei no tempo em termos tecnológicos: o meu
telemóvel tem bem mais de uma meia dúzia de anos (mas também não sou daqueles
que conta toda a sua vida em público com longas conversas ao telemóvel nos
locais mais inusitados), os computadores de onde “sai” o Último Quilómetro
quase que trabalham a querosene (isto quando querem trabalhar!), IPOD’S e essas
“coisas” nunca me passaram pelas mãos.
Mas no que concerne à corrida
tenho um “vício”, uma “paixão”. O meu velhinho GPS (sem a função de
monitorização cardíaca) que nas poucas provas a que vou deve parecer um
“bacamarte” comparado com a elegância e “sensualidade” dos novos GPS, que cada
vez se assemelham mais a um vulgar relógio (e não me perguntem a horas quando
estou equipado com ele que o rapaz cumpre essa função mas só andando às
“voltas” com os menus!).
Mas gosto do meu GPS caramba!
Adoro ter uma noção quase exacta da distância que corri, ver a média que fiz
(cada vez mais lento!), descarregar os dados para o computador, ver num mapa
por satélite por onde andei (adoro ver os mapas, confesso!).
Muito mais funções poderia
explorar no meu velhinho GPS mas o dono já não está para grandes e científicos
treinos (que o esqueleto já não dá!).
Se poderia viver sem GPS? Poderia
mas não era a mesma coisa!
Quando corria alguma coisa de
jeito (é difícil acreditar mas já corri alguma coisa!) não havia GPS’s, nem em
sonhos, e não era por isso que se deixava de treinar e bem!
Mas que o GPS é um grande auxílio
e uma ferramenta muito útil, lá isso é. Todavia é um complemente ao treino e
nunca um treinador pessoal, como alguma publicidade querer fazer crer. Quem já
teve um treinador sabe bem distinguir entre as duas coisas!
Mas resumindo, ir correr sem GPS,
com um simples relógio com cronómetro, da maneira que fiz tantas centenas e
centenas de quilómetros, é algo para mim, de absolutamente estranho e absurdo.
Estou mesmo viciado em GPS!
Em face do que atrás escrevi
podem imaginar o susto que apanhei quando ontem meu “amigo” GPS se “finou”, em
plena operação de carregamento das baterias.
Liguei-o ao computador, via porta
USB, começou a carregar, tirei os dados para o computador, tudo normal, e
quando fui ver tinha perdido a indicação de baterias a carregar ou carregadas e
não ligava!
Tinha “pifado”
Tentei várias vezes com o
carregador da rede eléctrica e nada. “Mortinho da silva”!
Tentei várias “manobras de
reanimação” e nada!
Comecei a pensar em termos de o
mandar reparar, mas pelo preço de uma reparação que já tinha sido feita (e que
no fundo foi a troca do GPS por outro igual) já não compensa e ainda por cima é
um modelo que julgo já não existir.
Não fosse a “troika” e a solução
seria fácil a compra de uma novo! Mas o mar não está para “peixe”! Enfim vi a
situação “preta” e comecei mesmo a fazer contas ao preço dos novos modelos e
como iria fazer.
Fui-me deitar nesta angústia.
Pois o vício tecnológico implica estes estados, em caso de perda!
Eu não iria deixar de correr por
mão ter GPS, não iria começar a correr mais devagar, nem mais rápido, pouca
mudaria para além de um grande desconhecimento em relação aos dados do treino
efectuado e o ter de recuar a métodos do século passado para obter algumas
conclusões sobre o treino que tinha feito (e eu até sei alguns desses métodos,
não só da geração que aprendeu a correr com GPS!).
Mas fui dormir com a “secreta”
esperança num “milagre”.
Já não seria a primeira vez que o
GPS “ressuscitaria” no dia a seguir (mas também já uma vez “morreu”
definitivamente).
Hoje saltei da cama, e meio
estremunhado, fui logo ver o GPS!
Liguei-o à porta USB e nada de
indicação de baterias a carregar.
Experimentei ligar o GPS como se
fosse para o treino e ele deu um ligeiro sinal de vida!
Bem a situação está melhor que
ontem, pensei! Já reage alguma coisa mas deve estar todo descarregado!
Então tentei “reanimá-lo” com o
carregador de ligar a rede eléctrica (coisa que ontem tinha tentado inúmeras
vezes sem sucesso).
ALELUIA, ALELUIA, “MILAGRE”! O
“rapaz” saiu de coma! Já tem a indicação de BATERIAS A CARREGAR!
Agora está aqui ao meu lado e
continua a carregar, e eu feito parvo a olhar, como se fosse um filho que está
a soro!
Só não vou acender velinhas
porque, alem de não ser nada dado a devoções, nunca me esqueço que foi assim
que uma vizinha minha largou fogo à casa e além disso não sei se os GPS’s têm
algum santo padroeiro. Alguém sabe?
Por uma coisa tão simples, um GPS
que parece estar a ressuscitar, escrevi um texto enorme, que ninguém vai ler!
Mas estou feliz! Quero desabafar!
Já vi gente escrever muito mais
por muito menos!
Também tenho direito!
Bolas! Às vezes um blogue também
serve para lavar a alma!
Até que não a lavo muito por
aqui, mas hoje foi limpeza completa!
Bom Jorge... fizeste-me ter suores frios ao ler este verdadeiro thriller sem saber como iria acabar.
ResponderEliminarTomara muitos filmes prenderem tanto como este texto!
O final é feliz mas fiquei "zangado" com uma frase!
"Escrevi um texto enorme que ninguém vai ler"?!?!?
Oh amigo Jorge, conheço pelo menos uma pessoa que devora sempre os teus textos! E tal como eu, sei que há mais uns fieis leitores!!!
Um abraço
Amigo Jorge, como o compreendo...
ResponderEliminarAs electrónicas fazem quase parte de mim, como se novos orgãos se tratassem. Imagino os MP3 alojados num pulmão, os telemóveis dentro do crânio, e claro, os GPS logo ao lado do coração.
Quando, há uns meses atrás, o meu Garmin teve uma travadinha (culpa minha, confesso) tive vontade de chorar, um misto de "falta-me o meu amigo" com "e agora dinheiro para comprar um novo".
Amigo Jorge, como o compreendo...
Forte abraço!!!
Legal! o meu também já padeceu do mesmo problema, mais de uma vez. A impressão que tenho é que ele fica como que supercarregado quando deixo muito tempo ligado no computador. O que faço nesses casos é esperar 1 ou 2 dias e aí ele volta a funcionar. E agora evito de deixar muito tempo carregando. Mas das primeiras vezes fiquei desesperado. Achei que o tinha perdido para sempre!
ResponderEliminarabraços do Brasil,
Sergio
corredorfeliz.blogspot.com
Boa Tarde
ResponderEliminarO texto esta excelente, como é habitual por aqui.
Quanto ao gps. Se é um garmin Forerunner 205/305 como o que esta na foto deve seguir os seguintes procedimentos:
Se o aparelho bloqueia ligado e nao responde a qualquer comando, deve fazer soft reset - Lap + mode - simultaneo.
Se o gps nao "acorda" deve fazer hard reset - mode + power - simultaneo - pode ser necessario aguardar uns segundos com as teclas premidas. Neste caso o gps, se acordar vai perguntar se deseja limpar a memoria.
E pronto, se não for avaria deve resolver o problema. Espero ajudar a não voltar a ter que dormir sem saber se ainda tem, ou não, o seu gps funcional. :)
Cumprimentos
Imensamente grato pela ajuda!
ResponderEliminarEfectivamente é um 205.
Ele deixou de reagir em pleno carregamento ligado via porta USB.
Tirei os dados para o computar, indicava que as baterias estavam a carregar, enfim tudo normal.
Depois ficou sem qualquer indicação de baterias carregadas ou a carregar e não ligava nem regia nem com o carregador que usa a rede eléctrica.
No outro dia de manhã já ligava e desligava-se logo, mas não carregava na porta usb. Mas com o carregador da rede eléctrica carregou normalmente.
Cumprimentos.
Oh Jorge, o blogue de cada um serve precisamente para cada um escrever nele o que achar que é necessário e prazeroso escrever naquele dia, naquele momento. É a liberdade dos blogues pessoais, não se deve nada a ninguém... e muitas vezes até se escreve qualquer coisa também necessária e prazerosa de ser lida por alguém, naquele dia, naquele momento :)
ResponderEliminarUm beijinho e até às Lampas
Boa noite
ResponderEliminarAdoro ler os seus artigos... este está 5 *****... deixe lá que o meu GPS ainda é um "bacamarte" maior que o seu (Forerunner 201)... mas tem razão, com a "troika" temos que ir poupando na tecnologia.
Cumprimentos.
Muito boa a matéria parabéns, o engraçado que hj em dia tem muitas tecnologias que nos ajudam, por isso que chamo os corredores do passado de heróis pq naquela época não existia nada destas tecnologias e mesmo assim eles corriam pacas, aliás hj em dia muitos corredores também não usam todas estas tecnologias e voam nas provas é o caso dos Quenianos.
ResponderEliminarBoa semana e bons treinos,
Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com
Já aprendi mais uma hoje para quando o meu der problemas. Também é um 205
ResponderEliminarAh eu cá li o texto todo =)
ResponderEliminarE achei muito bom. Ainda me ri um bocadinho com esta sua aventura.
Vê-se que é mesmo viciado nestas coisas da electrónica.
Boas corridas!
Acusa-se aqui + 1 que leu também o texto, o tal que não o seria por ninguém ...
ResponderEliminarTb já passei pelo mesmo dissabor e sei bem o que sofri nas 2 ocasiões em que tal aconteceu. Fui correr sim, o triste facto não o impediu, mas o treino não foi o mesmo. Faltava-me o meu 'Silver' (que até baptizado foi ...)!
Quando nos faltam os nossos 'meninos' falta-nos (quase) tudo!!
Abraço