Ao contrário do que muito boa
gente pode pensar, ser-se ultra maratonista é muito mais que a capacidade
física de correr distâncias superiores aos míticos 42,195 km da maratona.
Ser-se ultra maratonista é, entre
outras coisas, uma maneira diferente de estar na corrida, e até na vida, com muito respeito pelos outros, pelo
ambiente que nos rodeia, ser-se humilde e estar sempre pronto a ajudar o
próximo.
Pode dizer-se que há uma certa
filosofia de vida dos verdadeiros ultra maratonistas e isso reflecte-se, é bem visível, nas atitudes destes grandes
atletas, que são antes de mais campeões da humildade, solidariedade e
companheirismo.
Quem participou na recente UltraMaratona Atlântica (UMA), e lamentavelmente
poluiu a orla marítima entre
Melides e Tróia, deixando atrás de si um rasto de detritos (garrafas de água vazias, pacotes de géis, etc), por mais competições em que participe
acima da distância da maratona, nunca poderá ser considerado um verdadeiro
ultra maratonista.
Será alguém com uma boa capacidade
física, mas que desenvolveu essa mesma
capacidade física na proporção inversa do desenvolvimento do cérebro.
Será assim, uma máquina de
correr, mas com pouco raciocínio e inteligência. Um corredor algo acéfalo, mas
nunca um ultra maratonista.
Igualmente um participante em
provas de montanha que polui as mesmas, deixando detritos pelo caminho, nunca
poderá ter a honra de pertencer à família dos
corredores de Trail.
No fundo, em linguagem
popular e directa, e como tão bem
definiu o meu amigo Alex, são uns PORCOS!.
Mas nada de confusões, nem
analogias como os suínos porque estes falsos corredores estão muitos furos
abaixo dos suínos, que nos valores e escalas da natureza cumprem na perfeição
as suas funções. O homem, dito animal racional, é afinal o único que,
demasiadas vezes, não cumpre com o que
a natureza lhe pede e com as obrigações que tem para com ela.
A fotografia que ilustra este
texto pode ser ofensiva para os suínos, mais foi uma maneira de chamar a
atenção. PORCOS não são eles mas sim alguns humanos que por ai andam e às vezes
até com a mania e pretensão de serem ultra maratonistas! Coitados!...
Muito bem!!!
ResponderEliminarMuito bem observado Jorge.
ResponderEliminarEm 2011 tive oportunidade de fazer alguns comentários similares (não tão profundos e bem desenvolvidos como este), aquando a meia da areia...é realmente uma pena que ainda se observe determinado tipo de comportamentos.
Vamos ter esperança que os mesmos se vão alterando e que todos possamos crescer e melhorar também estes hábitos.
Como costumo dizer, não é por tomarem banho todos os dias que deixam de ser porcos.
ResponderEliminarUma vergonha...
Creio Jorge que esta chamada de atenção tem como objectivo abrir algumas cabeças ôcas que ainda poluem porcamente aquilo que deviam preservar. Na Montanha, a verdade seja dita, a coisa já vai ficando melhor porque os organizadores impuseram medidas rigorosas e ou disciplinaram a forma como controlam os abastecimentos e a marcha dos atletas, mas o porco será sempre porco se não se integrar neste espírito de proteger a Natureza. Vamos aguardar que as vozes de porco (do autêntico)sejam ouvidos pela simples razão de que eles nada desperdíçam e tudo aproveitam. Abraço
ResponderEliminarQuem leva coisas para comer enquanto corre também podia trazer as cascas de volta e até são mais leves que o que levaram... fiz-me entender??
ResponderEliminarMuitas vezes vejo pessoas a comer durante as provas e atirarem com o pacote vazio para a berma....
ASSIM NÃO!!
bj
Tem toda a razão Jorge.
ResponderEliminarÉ preciso ter respeito pela natureza e pelos outros.
A mim até me faz espécie a quantidade de garrafas que se deitam para o chão nas provas de 10km, quanto mais nessas provas maiores e pelos recantos mais bonitos do nosso país.
Enfim...
Essa situação é muito vista nas poucas provas em que participei.
ResponderEliminarTem toda a razão no seu comentário mas também aproveitava para sugerir às organizações para providenciarem locais para se largar o lixo porque também sabemos que quando o esforço já vai no limite quaisquer graminhas a mais são autenticas toneladas. Não quer dizer com isto que concorde que se abandone o lixo em qualquer lado, porque se essas mesmas pessoas forem as felizes moradoras dos locais onde as provas passam de certeza que não acharão muita piada.
Abraço.
Se fosse hoje, escreveria exactamente o que escrevi em cima dos acontecimentos que presenciei naquele dia, nas praias que ligam Melides a Tróia.
ResponderEliminarDesde que me lembro de mim adulto e com algum (...) juízo, que me faz muita confusão a atitude de alguém que atira algo para o chão. Seja esse chão revestido a alcatrão, terra, areia ou caruma.
Não sou um ser perfeito, longe disso. Nos tempos de fumador e à falta de cinzeiros na rua, muitas vezes atirei a beata para o chão. Eu sei, inqualificável, embora um pouco minimizado pelo facto de haver (em teoria) limpeza periódica das ruas o que já não acontece em locais como uma praia ou um trilho numa serra.
Quando fiz o meu 1º trail, em Palmela – Vale de Barris – Abril de 2010, ia num dos últimos grupos com outro atleta e com a pequena grande Célia Azenha. Em determinado local o tal atleta abre um cubo de marmelada, come-o e atira o invólucro para o chão. De imediato a Célia o alertou e este, parecendo surpreendido com o seu próprio acto, apanhou o plástico e guardou-o. Fiquei de esguelha com o dito “atleta” e não descansei enquanto não me distanciei dele.
No domingo, na minha 3ª presença na UMA, provavelmente fruto do aumento de participantes, fiquei surpreendido com o número de embalagens que fui vendo no chão à medida que ia avançando no meu caminho. Nunca tinha visto cenário tão chocante. Perto dos 28,5 tive finalmente oportunidade de olhar um Porco de frente. Chamei-lhe porco na altura e não me arrependo. Chocou-me ser uma pessoa nova, aparentando menos de 30 anos.
Chocou-me aquele acto ter acontecido cerca de 200 mts do local de abastecimento, onde havia sacos de plástico para recolha de lixo.
Vivemos muito mais consciencializados para as questões ambientais do que há uma ou duas gerações atrás. Quando era miúdo passei férias numa colónia de férias que frequentava a praia de Stº Amaro de Oeiras. Alguns anos mais tarde, adolescente, tomei banhos na praia de Algés, sem quaisquer restrições em termos de poluição. Mas o que essas gerações incluindo a minha claro, fizemos ao ambiente, leva a que hoje em dia seja impensável por exemplo, ir a banhos numa praia como Algés. Os jovens têm hoje muito mais consciência para o ambiente, mas por outro lado vivem na era do plástico e do descartável. Chocou-me a atitude principalmente por vir de um jovem, com muito maior responsabilidade do que noutras épocas.
Aderi aqui há alguns anos à iniciativa ‘Limpar Portugal’, escolhi propositadamente fazer serviço na praia da Cruz Quebrada por passar lá muitas vezes nos meus treinos e ver o estado daquela zona. Passei lá um dia inteirinho ( e o Alex Jr. ajudou-me …) a apanhar plásticos e tenho a certeza que se houvesse uma iniciativa daquelas mensalmente, pois mensalmente haveria lá carradas e carradas de plásticos para recolher.
Temos culpas no ‘cartório’, seja por acções como a que presenciei no passado dia 22 de Julho na Praia da Comporta, seja até por omissões, por muitas vezes assistirmos e nada fazermos, quanto mais não seja, dar um grito de alerta.
Os porcos irracionais são apesar de tudo menos porcos que os porcos racionais. Nós estamos incompreensivelmente a estragar os locais onde vivemos, a poluir aquilo de que vivemos.
Amigo Jorge
ResponderEliminarinfelizmente foi mesmo muito mau o que se passou este ano, acho mesmo que nunca tinha visto tanto porco à solta sem ofensa para os de 4 patas.
Como o Alex relatou nos "amigos" havias de ver ao vivo a cena, eu chamei a atenção para um dos porcos que pouco depois de um dos abastecimentos deitou uma garrafa vazia para a areia, depois vindo de trás o Alex chamou-lhe com todas as letras PORCO, só visto...
Quanto à situação aqui relatada na meia da areia de 2011 dizer que na hora foram apanhadas muitas garrafas deitadas para a areia, inclusivé alguns de nós (digo organização/voluntários) entraram na água para essa recolha, depois da prova percorremos todo o areal corrido (eu próprio corri desde o abastecimento onde tinha estado até à meta) e acreditem que nesse dia o mesmo areal ficou mais limpo do que estava antes da prova, aliás tirámos fotos do muito lixo que então recolhemos que não tinha sido deitado pelos participantes.
Dizer também que para evitar a repetição de 2011 a nossa meia da areia este ano já foi realizada com abastecimentos em copos.
António Almeida
(blogger e membro da direcção da Associação Desportiva O Mundo da Corrida).
Jorge
ResponderEliminarTanta garrafa, tanta embalagem de gel, tanto lixo espalhado.
Comi e bebi nos 28,5 km. Ia-me levantar (estava sentado) para colocar a casca da banana e a garrafa no recipiente para o efeito. Uma pessoa que esteve a conversar comigo sobre as peripécias da prova, com curiosidade de saber pormenores da mesma, prontificou-se em levar até ao lixo e assim fez. Só depois é que segui e levei uma garrafa vazia quase 10 km ao peito na cinta do camelbak e entreguei-a no km 38.5 pois até aí não passou um único veículo para recolha de garrafas (mas havia que antes de eu tê-la bebido toda, passou por mim uma moto4 a recolher as garrafas do areal).
Nos trilhos é uma constante mas não é um problema só dos atletas é da mentalidade dos portugueses, pois nas praias é só lixo espalhado pelo areal deixado pelos veraneantes.
O Alexandre Duarte andou um dia inteiro a apanhar o lixo deixado pelos outros e disse que deveria haver uma iniciativa dessas todos os meses. Não concordo, deveria sim era haver uma campanha de sensibilização junto a este povo porco para não o fazer. O Alexandre e muitos outros "Alexandres" deste país, não têm que andar a limpar o lixo deixado pelos outros. Se no antigamente multavam quem ousasse levar fatos de banho com x centímetros acima do joelho, deveria haver coimas para quem deixasse o lixo no areal e penalizar o atleta que fizesse o mesmo.
Fiz parte do abastecimento da meia maratona da areia. Foi em copos como referiu o António Almeida. Eu e a equipa que esteve comigo limpámos o areal. Ficou mais limpa do que antes estava, fruto do lixo recolhido não só dos atletas mas dos "porcos" de duas patas que por ali vão a banhos.
Jorge
ResponderEliminarTanta garrafa, tanta embalagem de gel, tanto lixo espalhado.
Comi e bebi nos 28,5 km. Ia-me levantar (estava sentado) para colocar a casca da banana e a garrafa no recipiente para o efeito. Uma pessoa que esteve a conversar comigo sobre as peripécias da prova, com curiosidade de saber pormenores da mesma, prontificou-se em levar até ao lixo e assim fez. Só depois é que segui e levei uma garrafa vazia quase 10 km ao peito na cinta do camelbak e entreguei-a no km 38.5 pois até aí não passou um único veículo para recolha de garrafas (mas havia que antes de eu tê-la bebido toda, passou por mim uma moto4 a recolher as garrafas do areal).
Nos trilhos é uma constante mas não é um problema só dos atletas é da mentalidade dos portugueses, pois nas praias é só lixo espalhado pelo areal deixado pelos veraneantes.
O Alexandre Duarte andou um dia inteiro a apanhar o lixo deixado pelos outros e disse que deveria haver uma iniciativa dessas todos os meses. Não concordo, deveria sim era haver uma campanha de sensibilização junto a este povo porco para não o fazer. O Alexandre e muitos outros "Alexandres" deste país, não têm que andar a limpar o lixo deixado pelos outros. Se no antigamente multavam quem ousasse levar fatos de banho com x centímetros acima do joelho, deveria haver coimas para quem deixasse o lixo no areal e penalizar o atleta que fizesse o mesmo.
Fiz parte do abastecimento da meia maratona da areia. Foi em copos como referiu o António Almeida. Eu e a equipa que esteve comigo limpámos o areal. Ficou mais limpa do que antes estava, fruto do lixo recolhido não só dos atletas mas dos "porcos" de duas patas que por ali vão a banhos.
Participei este ano pela primeira vez em ambas, 1/2 na areia e UMA e o que aqui relatam subescrevo na totalidade.
ResponderEliminarNão creio que haja outra maneira de corrigir este problema sem ser através da educação, aquela que deveria começar em casa.
Os meus pais ensinaram-me a ser cívico e a respeitar o próximo sendo actos como deitar lixo ao chão, cuspir ou urinar na via pública actos reprováveis. Infelizmente existe cada vez menos respeito pelo próximo e isso deve-se ao crescente afastamento das pessoas umas das outras. O mero acto de comunicação presencial está a caír em desuso, assim como a coragem de tomar a iniciativa e chamar à atenção quando alguém não está a ser cívico. Cada vez mais comunicamos mais facilmente pela via virtual pois equivale a um acto "fire and forget" (dispara e esquece) muito semelhante às tácticas guerrilha que os nossos veteranos tiveram de enfrentar no ultramar.
Nós os mais velhos, para além de darmos o exemplo temos de tomar a iniciativa, educando em casa e corrigindo na rua, sempre com franqueza e sem humilhar, dando o benefício da dúvida ao mesmo tempo que se mantém a assertividade.
É fácil escrever, difícil é concretizar.
No que à minha participação diz respeito, tive pena de ter um ritmo tão lento, acabei por não ter a oportunidade de presenciar a actuação dos "porcos" logo não tive a possibilidade de praticar o que aqui ando a pregar. Mas confesso que fiquei chocado com o lixo que observei. Deu-me vontade de abandonar a prova e passar a recolher o lixo para entregar na meta, não à organização mas aos finalistas. Como não tinha saco e temia não chegar a tempo, desisti da ideia mas continuei a matutar no assunto. Vi uma moto4 a passar em sentido contrário e de facto ela estava carregada de garrafas vazias. Pena ter sido a única. A organização da prova não tem maneira de controlar quem atira o quê quando e aonde para o chão. Cupriram o que anunciaram e em todos os postos de controlo havia elementos da organização que prontamente ficavam com o lixo. Transportei os restos de 2 embalagens de gel e de 2 cubos de marmelada durante alguns quilómeros no interior dos calções, naquele pequeno bolso interior destinado à chave, e entreguei o lixo num destes postos. Não foi difícil e senti-me bem pois consegui distanciar-me dos "porcos".
Espero que no futuro venha a ganhar mais velocidade para poder ajudar na sensibilização dos atletas mais distraídos na cabeça do pelotão. Estou convencido que aos poucos iremos conseguir civilizar cada vez mais adeptos indisciplinados, assim haja vontade de todos em colaborar, procurando não ofender mas sim dar o exemplo e exercendo uma comunicação verbal cuidada mas assertiva.
Bons treinos a todos