Vivi, praticamente, 30 anos na Avenida Infante Santo, em
Lisboa. Para quem não conhece esta artéria da capital, esclareço que ela se
caracteriza por uma subida bastante acentuada.
Desta avenida tenho algumas historias / memorias
relacionadas com a corrida
Em 20 de Junho de 1982 tive o privilégio de a subir em
competição e ainda por cima na primeira prova que atravessou a ponte 25 de
Abril, e isto muitos anos antes da meia maratona atravessar aquela emblemática
ponte, tratou-se da 1ª edição de PONTE A PÉ. Aqui fica uma curiosa foto dessa prova (retirada do
Facebook do António
Correia, desconheço quem é o seu autor) precisamente na entrada da Infante
Santo e onde se pode ver que nesses tempos longínquos os corredores ainda eram
obrigados a circular pelo meio dos carros em plena prova.
Mas foi o pioneirismo
desses corredores que permitiu o desenvolvimento que a corrida nos dias de hoje
conhece.
Passar exactamente à porta de casa com parte da família a
apoiar é algo de motivador e gratificante, por um lado, mas, por outro lado, a
meio de uma subida “desgraçada”, ver a porta da nossa casa a piscar-nos o olho
sensualmente e a dizer: deixa-te disso e anda cá, é uma tentação quase irresistível!
Mas resisti, até porque não iria fazer má figura ali na
frente dos meus familiares, aliás não iria fazer ainda mais má figura do que já
tinha feito, pois o meu tio passou na minha frente ali junto dos meus
familiares, coisa inusitada, e nunca mais lhe pus a vista em cima até cortar a
meta!
Nunca mais faria uma prova a passar na “minha” Infante
Santo, mas depois de já morar aqui no Ribatejo fiz uma prova com partida na
Infante Santo precisamente em frente do prédio em que vivi! Foi a Corrida Saúde
CUF.
Já em treino tenho três memorias interessantes ou
engraçadas.
Em plena preparação para a Maratona do Inatel na Foz do
Arelho, em 21 de Abril de 1985, tinha prevista a minha participação na terceira
edição dos 12 km Manteigas
– Penhas Douradas. Com a maratona como objectivo, não me preocupei praticamente
nada com a minha ida a Manteigas, tendo apenas feito 6 séries de 1 km na
Infante Santo, com a recuperação a descer. A medição da distância foi feita de
carro, o que lhe tira exactidão, mas, a fazer fé na distância, andei em ritmos
abaixo dos 5 ao km naquela complicada subida! A medição poderia estar errada
mas o certo é que fiz um tempo “canhão” em Manteigas (consegui chegar na frente
da primeira senhora, coisa que nem de perto nem de longe alguma vez tinha
conseguido ou viria a conseguir) batendo por cerca de 5 minutos o meu tempo da
edição anterior! E na Maratona do INATEL fiz o meu melhor tempo na maratona,
marca que perdura até hoje: 3 horas 10 minutos e 27 segundos.
Sim a “minha” avenida foi um excelente indicador da minha
forma!
Bem e a minha última historia que mete corrida e Infante
Santo é para o lado do hilariante!
O meu maior treino para a 2ª edição das 12
Horas Vila Real de Santo António foi uma corrida de quatro horas, que
serviu de teste para a referida prova. Começo e saída de casa logo da Infante
Santo.
Treino feito nos finais de Março ou princípios de Abril,
num sábado da parte tarde da tarde de um dia algo frio.
Acontece que, a partir de Algés, já a escurecer, começou
a cair uma chuva muito fininha. Estava na parte final do treino, o andamento
era bem lento como convinha e comecei a ter frio e cada vez mais frio.
Quando entro na Infante Santo, julgo que já quase ou
mesma de noite, ia mesmo com frio e então na tentativa de aquecer e me motivar
começo a acelerar pela Infante Santo acima direito ao meu prédio, que ficava
mais ou menos a meio da subida, e enquanto acelerava cada vez mais ia gritando
para mim próprio: anda meu este, meu aquele, insultando-me de tudo o que me
vinha à cabeça!
E foi assim que a acabei o treino / teste de 4 horas, a
fazer um contra relógio Infante Santo acima e gritando para mim próprio todos
os impropérios de que me lembrava. Mais uma vez a Infante Santo foi um
excelente teste de forma.
E como não só de corrida vivo eu, aqui fica uma foto de
uma minha subida da Infante Santo, a “cavalo” e quase a chegar a casa.
Fotografia de Egas Branco, a quem aqui deixo um forte abraço e dedico este
texto, para além de João Lima, Alexandre Duarte e Carlos Cardoso.
Jorge Branco
Grande fotografia a demonstrar como eram diferentes as corridas.
ResponderEliminarNessa Corrida Saúde CUF, única edição, também estive presente. Foi na minha época de estreia, 2006.
Um abraço!
Já vi uma fotografia, no Facebook, bem pior que essa no que respeita ao transito.Tenho de ver se a encontro.
EliminarMa Saúde CUF deves ter chegado bem na minha frente!... Eu morei no 48 da IS por isso, se bem me lembro, a partida foi praticamente em frente a da minha antiga casa.
Tenho de medir com o GPS a series que eu fiz na IS. Era da esquina da 24 de Junto até ao cruzamento da Sant'ana À Lapa!
Abraço.
Obrigado pela referência, Jorge, mas a propósito daquela ultrapassem na Avenida ainda me lembro que ias num andamento de treino porque o objectivo era a Maratona... Abração
ResponderEliminarQual andamento de treino tu é que estavas fortíssimo!
EliminarUltrapassagem...
ResponderEliminarBonita historia de vida na "Infante Santo " .Recordar o passado também serve de motivação para o presente e futuro.
ResponderEliminarGrande abraço Senhor Jorge Branco e um bom ano com muita saúde.
Obrigado. Uma grande abraço e um ano muito feliz e com saúde. Já agora por favor tire o senhor que até me sinto mal! Jorge Branco chega e sobra!
ResponderEliminarEspéctaculo!!! Essa foto da corrida é qualquer coisa … e adorei esse tua última subida, a "subida dos insultos" … gostava de ver a cara dos teus vizinhos ou da malta por quem passavas :)
ResponderEliminarGrande Abraço Jorge
P.S. e obrigado tb pela dedicatória
Obrigado! Ando a procura de uma foto que vi no FB com muito mais transito! O que me valeu na subida dos insultos é que não vi ninguém na rua, Alias parte da subida tem uns passeios muito estreitos e as pessoas usam umas ruas laterais. Quando começa a haver passeio "de jeito" pouco falta para a minha casa. A dedicatória é inteiramente merecida! Grande abraço.
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