Pese embora esta malfadada
“crise” (que não nos cansamos de afirmar que
mais não é que anos e anos de políticas erradas, e uma alternância no poder em
que mudam os nomes mas as politicas são sempre as mesmas, mas adiante...) vão
surgindo provas novas, em especial nas vertentes fora das estradas alcatroadas,
pese embora o reverso da medalha, ou seja o desaparecimento de várias provas
também seja uma triste realidade.
É mais que evidente que
saudamos e achamos extremamente salutar, o surgimento de novas provas mas há
uma coisa que nos faz alguma “confusão” e irritação: começam a surgir provas
que optam pelo nome não na língua de Camões e Pessoa mas sim em língua
estrangeira, nomeadamente usando a língua anglo-saxónica!
Pensamos que é um fenómeno que
só acontece aqui, neste cantinho à beira mar plantado, pois não estamos a ver
que em outros países se uso tal artifício!
O que se pretende ao dar um
nome em inglês a uma prova? Dar um certo ar de “modernismo e
internacionalismo”, um certo ar de grandiosidade? Não é o adoptar a língua
inglesa para o nome de uma prova que lhe dá grandiosidade, antes pelo
contrário! Na nossa opinião os organizadores de provas que optam por tal opção
começam logo á partida por dar uma ideia de pedantismo e ficam logo associados
à ideia de serem pirosos!
Sabemos que muitos
organizadores não o fazem por mal, que vão “na onda”, mas temos que resistir a
estas tendências, pretensamente modernas, e valorizar o que é nosso, a começar
pela nossa língua e não destruir a nossa identidade nacional como povo secular!
Admitimos que alguns termos
mais técnicos sejam de difícil tradução e se tenham enraizado na nossa língua
como é o gritante caso do Fartlek, que
julgamos ser um exagero traduzir para Português. Já o Interval training é perfeitamente passível de tradução por
treino intervalado, o que por sinal já acontece, felizmente, em áreas fora da
corrida e temos o exemplo da informática em que houve inicialmente uma adopção,
generalizada, de termos em Inglês o que até se pode compreender por ser assim
como um género de linguagem universal usada no meio informático, embora um
chavão como backup poderia ser
perfeitamente traduzido por cópia de segurança ou então apenas por uma palavra
simples, directa e concisa da língua de Camões: SALVAGUARDA!
Admitimos o uso de TRAIL para
designar determinado tipo de provas pois é uma guerra perdida lutar contra isso
pese embora a tradução literal dessa palavra dê uma indicação mais que
imprecisa sobre o tipo de prova, mas o termo generalizou-se (infelizmente) e os
corredores ao lerem a palavra trail já têm uma noção exacta do tipo de prova
que se trata (embora algumas organizações consigam fugir desse estrangeirismo e
nós aplaudimos, vibrantemente. essa atitude).
Agora não o que não conseguimos
admitir são provas portuguesas com nomes em inglês!
Estrangeirismos são um mal
necessário (mas às vezes perfeitamente evitáveis), agora provas com o nome
integralmente em inglês é que NÃO, por favor!
Estamos aqui a pensar se a
Corrida das Fogueiras adoptasse um nome qualquer como: RUNNING ON FIRES BY
NIGHT. Digam lá que não era “lindo”, que não ficava uma “coisa” em “grande”!
Não há pachorra!
Caro Jorge concordo plenamente consigo! Detesto ver provas com nomes estrangeiros!
ResponderEliminarObrigado amigo um abraço.
Eliminar100% de acordo, Jorge. Aliás, já há uns tempos manifestei essa minha opinião sobre uma Run Sintra Trail by Night e posso dizer-te que fui mal recebido.
ResponderEliminarReferes que o trail pode passar mas trilhos significa o mesmo. Mas...
Trail parece que é radical, trilhos para meninos.
Correr é para pacóvios, running é fixe, ou cool!
E por aí fora. Já assassinaram a nossa língua com um acordo que não acordámos, para quê continuar a maltratá-la?
Estou contigo nesta luta (ou nesta fight...)
Um abraço
Esse do Trail é uma guerra muito velha! Mesmo Trilhos é uma definição que muito pouco define! Podia-se falar em provas de montanha mas andam por ai uns conceitos que dizem que o trail tem a ver com a vertente técnica do percurso mas que pode não ter as diferenças de altimetria de uma prova de montanha.
EliminarEnfim se são feliz com uma definição em Inglês que nada define então tudo bem!
Abraço.
Oportuníssimo, Jorge.
EliminarComo bem disse o João, já basta a forma como estão a tratar a nossa língua com um acordo de bastidores em que "ajavardou" a escrita, nivelando-a por baixo, legitimando o erro. Subscrevo inteiramente o texto. Havendo palavras portuguesas, para quê substituí-las por outras? Ter classe não passa por aí.
E fiel a este princípio, nasceu, em Maio, o Trilho das Lampas. Podia ter sido o "Lampas Sunset Trail". Seria mais chique ou seria mais pedante?
Vamos formar uma "Cruzada" de combate ao estrangeirismo em território português. Tenho um "comandante" bom para isso: O Orlando Duarte, que anda há tempos a referir-se a esta praga.
Grande Abraço.
Vamos formar uma "cruzada" sim!
ResponderEliminarGrande abraço!
Alinho!
ResponderEliminarConcordo!
ResponderEliminarVamos chamar trilhos aos Trails e corrida ao Run e desafio ao Challenge e urbano ao Urban.
Os nomes das provas deveriam respeitar o português! Que mal tem o nome de Trilhos do Pastor? Seria melhor Shepperd Trails?
Estou para aqui comentar e até nem parece que no meu outro desporto avalio o swell, vejo se está off-shore, pego no gear, chego à praia e escolho o spot, entro na água e faço duck-dives, faço o take-off, o drop e depois manobras como o floater, off-the lip, cut-back... e ai de mim que as coisa corram mal e faça um ding na prancha, pois esta é mesmo uma maravilha! Tem um rocker à maneira, o edge pretentido e um swallow tail à minha medida! :)
E isto tudo porque um gajo tem de treinar para um meeting pá!
Mas quanto a isso de provas, estou com vocês!
Obrigado Luís!
ResponderEliminarJulgamos haver casos de desportos em que não há outra solução senão adoptar os termos técnicos em língua estrangeira com é o caso do seu outro desporto ou do judo (julgamos nós).
Mas na corrida não há necessidade nenhuma disso!
Um abraço.
O meu total acordo com os amigos que comentaram.
ResponderEliminarSó gostava de acrescentar uma coisa, que verifiquei na minha experiência profissional, relativamente longa, numa das empresas portuguesas que mais ligações e representações teve por todo o mundo, e não deixou por isso de ser muito portuguesa (pelo menos até certa altura, porque nos últimos anos... e será por isso também que infelizmente tanto decaiu). É que querer imitar, só por que está na moda, o que vem de fora, e nem é sequer porque seja o melhor, representa também tem uma forte dose de provincianismo. Que o diga o Eça, outro dos grandes cultores da nossa língua, com a sua subtil ironia!
Embora reconheça, também por razões profissionais, que em questões técnicas é muito difícil fugir aos termos noutra língua. E alguns deles acabam mesmo por transitar para a nossa. Aí não vale a pena inventar. É as línguas também vão, felizmente, evoluindo. Mas no nosso desporto favorito, a Corrida? Que disparate (na minha opinião)!
Caro Amigo Jorge, efectivamente é uma questão que me preocupa e irrita bastante. Todavia, devo dizer que não gosto de decisões extremadas, por norma, prezo muito a tolerância, mas, de facto, não há pachorra para certas situações que roçam, por um lado a ignorância, por outro lado a gratuitidade, precisamente porque nós (Portugal) temos história e uma língua riquíssima sob todos os pontos de vista, mas a decisão, pura e simples, que tomei relativamente a essas organizações/provas é, não participar nelas! Ponto final.
ResponderEliminarJá o disse e relembrei várias vezes e em vários locais que, ao contrário de outras actividades, como as grandes superfícies comercias, que nos idos anos 70 se começaram por chamar Drugstore, como o Apolo 70 http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/-9HaA645W7Wo/Te6BP-8x1II/AAAAAAAAAb0/GYxTql71n-E/s1600/Apolo70%2B1971.jpg&imgrefurl=http://sociallaranjinha.blogspot.com/2011_06_01_archive.html&h=1262&w=1139&sz=532&tbnid=Dtu1v87yvdLJRM:&tbnh=100&tbnw=90&zoom=1&usg=__9JnF9J3KA5pgtDtEsMN7MVA4PBY=&docid=59IO-rTH88evKM&sa=X&ei=JIzJUf3OMoeZhQey4IDYCw&ved=0CEgQ9QEwBA&dur=7423 , por exemplo, passaram para Shopping Center e agora estão perfeitamente banalizados como centros comerciais, passando pelo futebol, que quando éramos crianças, grande parte do seu vocabulário era anglo-saxónico, naturalmente porque foi lá que nasceu aquela modalidade e por cá, consequentemente, havia que fazer adaptações e, aos poucos, a esmagadora maioria das palavras anglo-saxónicas, então utilizadas, foram, ou aportuguesadas, como a própria palavra football, que passou para futebol, passando pelo off-site, que passou a fora de jogo, como o famoso penalty, que passou a grande penalidade!
Eu tento, mas não consigo compreender ou assimilar mas, por questão de educação, admito que haja quem goste e use com frequência galicismos e anglicismos. Mas, agora pergunto: Hoje, já século XXI, que mais-valia ou que qualidade é que acrescenta a uma colectividade, associação ou evento desportivo, como uma prova de atletismo, por exemplo, ter um nome, ou vários, em francês ou, nestes casos, em inglês?...
Desculpem-me o desabafo, mas começo a ficar farto de tanto running, run, fun, night, race, urban, trail, e agora até, imaginem, Christmans! Misturado com palavras tão portuguesas e genuínas como são os nomes das localidades e regiões…
Há uns meses realizaram-se duas provas com a denominação “Lisboa Urban Night Race e Porto Urban Night Race” mais recentemente realizou-se outra com a denominação”Leiria Christmas Night Trail” e, logo de seguida, realizou-se outra com o nome de “Scalabis Night Race”…
A somar a isto vemos e ouvimos atletas portugueses (jogadores de futebol) no estrangeiro a falar a língua local, e no nosso país, os atletas estrangeiros, sobretudo os espanhóis, a falarem a língua materna, e quem quiser que os entenda…
Que a nível económico ou financeiro o país esteja de cócoras, custa admitir, mas percebe-se porquê. Agora a nível desportivo, onde já discutimos e ganhamos títulos europeus, mundiais e olímpicos, mais uma vez digo, e desculpem o desabafo deste parolo e amante da língua portuguesa, não compreendo, não assimilo e, muito menos, concebo tal conceito!
Quanto à cruzada, para mim não é novidade, já a tenho há muito tempo, infelizmente. Mas como a praga está aumentar, podem contar comigo. A união faz a força!
Um Abraço Jorge!
Orlando Duarte
Amigo Orlando Duarte muito pelo seu comentário tão incisivo e esclarecedor.
EliminarForte abraço e a gente vai lutando contra esta praga!
Amigo Jorge, este problema é quase nacional, basta ourvirmos os grandes especialistas na rádio e, principalmente, na televisão, a despejar os tão conhecidos "swapps" "subprimes", etc., etc., tudo coisas do dia-a-dia do cidadão comum (!). No meu caso, vou sofrendo e comentando, todas estas atrocidades que, infelizmente, são cada vez em maior número. Enfim... é o que temos!
ResponderEliminarObrigado e forte abraço amigo António Belo:
ResponderEliminarCaro Amigo Jorge,
ResponderEliminarEu aceito e compreendo que em grandes eventos e de verdadeiro nível internacional, casos das maratonas de Lisboa e Porto, por exemplo, haja nomes ou designações em inglês. Recordo que a última maratona de Lisboa, por exemplo, teve 54% de estrangeiros participantes. Recordo que estas organizações se deslocam ao estrangeiro a promove-las, e se lá entregarem folhetos com textos só em português é como virem a Portugal promover uma prova estrangeira com folhetos com textos só em inglês… Não me parece que seja o caso daquelas provas que eu referi. Mas se o objectivo assim for, então estão a construir a casa pelo telhado… Salvo melhor opinião, primeiro implanta-se a prova em Portugal e depois tenta-se “exportá-la”, mas como todas são primárias…
Entendo que Portugal é um país soberano e tem uma língua riquíssima e falada por alguns milhões de habitantes no mundo, e enquanto não for implantado o tal idioma universal devemos respeitar ao máximo a língua de Camões.
Recordo que há uma coisa que se chama bilingue… Recordo que em Portugal, nos dias actuais, ainda há algum analfabetismo puro e duro…
Recordo ainda que em Portugal, nos dias actuais, há muito, mas muito analfabetismo PASSIVO! Muitos, mas muitos portugueses têm dificuldade em interpretarem um texto escrito, e muito mais dificuldade ainda se tiverem que se exprimirem por escrito!
Tenho muitas dúvidas, para não dizer certezas, que todos os participantes na prova “Scalabis Night Race” saberão traduzir e compreender o nome do evento…
Ainda há dias, uma prova que apareceu no calendário nacional com grande sucesso o ano passado, UTSMamede, lançou no FB um folheto/postal anunciando a nova edição com texto todo em português, mas como foi antes do fim de ano, achou que era “chique” desejar a todos os potenciais participantes “Happy New Year!”
Companheiros, quero-vos dizer que não sou fundamentalista, admito que, num texto, ou numa conversa, aqui e além, pontualmente, se aplique um ou outro termo inglês. Talvez mal comparado, mas é como as anedotas que se usam e abusam das asneiras, para mim, não têm piada nenhuma. Porém, por vezes, uma anedota para ser eficaz tem mesmo de se aplicar o vernáculo puro e duro! Repito que não sou fundamentalista, se o fosse jamais participaria em alguma prova com o nome de Trail, mas confesso que tenho muito mais prazer em participar numa prova com o nome totalmente em português! Por fim, deixo aqui, do meu ponto de vista, outra nota negativa, e exemplo contraditório relativamente ao nome da nova Associação Portuguesa de Trail Running…
Orlando Duarte
Amigo Orlando Duarte estou em prefeita sintonia com as suais ideias.
ResponderEliminarTambém não concordo com o termo adoptado pela associação em causa mas ela é apenas representativa dos seus associados e não dessa vertente, fascinante, da corrida pois, infelizmente, ainda não foi possível criar uma associação verdadeiramente representativa de todos os organizadores desse tipo de provas.
Sobre as chamadas provas de trilhos muito haveria a dizer (e já tenho escrito alguma coisa sobre o assunto).
Quando começaram esse tipo de provas em Portugal elas eram chamadas de montanha e aliavam a componente da altimetria com percursos de maior o menor dificuldade técnica.
Hoje em dia há quem advogue que os trilhos (ou TRAIL como lhe querem chamar) são provas de elevada dificuldade técnica mas até podem ser praticamente planas.
Enfim não é assunto para debater neste tema mas a verdade é que TRAIL significa trilhos e em abono da verdade trilhos é uma definição muito vaga para classificar uma prova.
Penso que o tempo vai clarificar estas situações e se vão encontrar termos na língua de Camões para enquadrar, devidamente, este tipo de provas.
Eu como pioneiro na participação em provas de montanha em Portugal, e não concordando com a designação de TRAIL, tenho escrito algumas vezes MONTANHA/TRAIL é a minha maneira de ligar o passado com o presente na esperança que o futuro traga definições mais exactas, e em Português, para este tipo de provas.
Grande abraço.
Caro Jorge,
ResponderEliminarPara reforçar o meu ponto de vista…
No início do século XX apareceram várias modalidades desportivas em Portugal como, por exemplo, Handball, Basketball e Football. Ora, se não havia a modalidade desportiva, por consequência, não havia no léxico português alguns nomes e termos utilizados nas ditas modalidades. Então houve a necessidade de se “aporteguesar”, e muito bem, aqueles nomes para: Andebol, Basquetebol e Futebol. Mas mais, por arrasto, nestas modalidades, havia nomes como: offside, back, keeper, liner, corner e penalty, por exemplo, aos poucos, e muito bem, foi-se rectificando estes neologismos e, hoje, felizmente, raramente se ouvem tais palavras. Como vêem, um texto ou uma prosa não fica menos rica se utilizarmos os termos tão portugueses como: Fora de jogo, Fiscal de linha, Pontapé de canto e Grande penalidade! Espero e desejo que esta “febre” dos neologismos das corridas, tal como naquelas modalidades, seja passageira e, tão breve quanto possível, e em vez de lermos: Run, Running, Fun, Party, Race, Urban, Free Running e Trail, possamos ver e ler as palavras tão bonitas como: Correr, Corrida, Diversão, Festa, Prova, Urbano, Treino convívio e Trilho, que é uma palavra tão bonita e romântica como são os trilhos da vida, por exemplo!
Um Abraço!
Orlando Duarte
Amigo Orlando Duarte mantenho-me me perfeita sintonia com as tuas ideias e só tenho a agradecer os teus comentários que são tão enriquecedores para a discussão deste tema.
ResponderEliminarUm abraço.