Por: Egas Branco
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Vou contar-vos um dos maiores
sustos que apanhei em toda a minha vida de modesto corredor de fundo. Mas antes
deixem-me dizer-vos que uma coisa que sempre me fascinou foram as corridas de
ida e volta, pela mesma estrada, pelo menos a partir de certa altura, e a
maravilha que é cruzarmo-nos com todo o pelotão, aplaudindo os campeões, vendo
as estrelas, acenando aos amigos, verificar com satisfação que o atleta X, com
quem não simpatizávamos nada, normalmente por ser arrogante ou pouco
desportista, ficara irremediavelmente para trás. É o caso da mítica Meia
Maratona da Nazaré, em que participámos mais de uma dúzia de vezes, sempre com
um prazer redobrado, mesmo em dias de mau tempo.
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Há também as provas que se
cruzam, mas isso é por acidente. Um caso célebre em que participámos, foi na
S.Silvestre dos Olivais em que se chegou ao ponto de, num cruzamento, haver
corredores a correr nas quatro direcções. Nunca chegámos a saber qual era a
correcta!!! Ou então, na Corrida Internacional 1º de Maio, como sempre
organizada pela CGTP-IN, em que se dá o insólito de repentinamente surgir uma
confusão com outra prova, com meia dúzia de atletas vindos de outro lado
qualquer, que se misturem na Corrida 1º de Maio. Tinha sido a UGT que havia
organizado uma míni corrida e nem sequer se lembrou de verificar se o trajecto
estava livre... Foi cómico verificar o espanto dos participantes dessa míni ao
depararem com a grande corrida descendo a alta velocidade a Avenida da
Liberdade!
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Mas voltando ao meu maior
susto, foi há quase três décadas, na velha pista de cinza de 500 metros (!) do
Estádio Universitário de Lisboa, salvo erro durante um Centro de Treino para a
Maratona (organizado pela Revista Spiridon), realizado ao fim da tarde, já a
noite tinha caído sobre o Estádio.
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Andávamos depressa nesses
treinos. Lembro-me que seguia na pista de fora com outros atletas, quando na
escuridão nos surge um atleta em contra-mão. Ao passar por nós reconhecemo-lo, atleta
conhecido pelas suas bizarrices, mas excelente maratonista, embora nunca
tivesse conseguido o tempo do qual toda a gente o julgava capaz (problemas de
orientação...).
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A solução foi um salto para o
lado não fosse aquele “bólide” desarvorado nos dar um encontrão que se saldaria
numa queda e provável lesão. A partir daí aprendemos a lição. Verificar sempre,
em especial quando se faziam séries, se ele não andaria a treinar (em
contra-mão!)...
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Foto: Revista Spiridon número
17 de Julho / Agosto de 1981.
Cronometristas da Spiridon em
plena acção. E as placas de sinalização são bem elucidativas do sentido
correcto da prova!...(Foto Cunha).
Essa de duas provas cruzarem-se não lembraria ao diabo mais pequeno, se não fosse o caso de quase ter acontecido o mesmo em 2010 quando a Corrida do Metro e a Corrida do Benfica realizaram-se em simultâneo e pouco espaçadas em distância no local de partida. Houve quem se enganasse e partisse numa com o dorsal doutra! :)
ResponderEliminarUm abraço e venham mais deliciosas histórias como esta!
Mas eu sei de um caso em que um atleta partiu numa prova, enganou-se, e acabou noutra!
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