Por: Egas Branco
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Embora já vá na 36ª edição, ainda há alguns que
dizem (que nunca lá foram, provavelmente) que é só mais uma prova igual a
tantas outras.
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Talvez seja, se só pensarmos no percurso, com
os seus cerca de 11 km. No entanto é um trajecto muito rápido, quase sempre em
descida, com partida do Quartel da Pontinha, aquele que foi há quase 40 anos o
Posto de Comando de uma rebelião progressista, que constituiu o início de uma
Revolução que o Povo haveria de fazer nos dias e meses que se seguiram à
madrugada inesquecível. A chegada será mais uma vez (só uma vez não foi, quando
terminou no Largo do Carmo, em homenagem póstuma ao Capitão de Abril, Salgueiro
Maia) na Praça dos Restauradores, no centro de Lisboa.
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Mas o que torna esta corrida (e várias
caminhadas que a integram) diferente da maioria é haver emoção, haver abraços
fraternos, ver nos rostos a incontida alegria da participação na comemoração do
talvez mais belo dia da história de alguns séculos (quase dez) deste país.
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E há cravos vermelhos (carnations, oeillets,
clavos ...), que se tornaram símbolos universais da luta pela liberdade e da
derrota do fascismo. Cravos que muitos atletas fazem questão de transportar
toda a corrida, até à meta.
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Agora, que nuvens densas e muito sombrias,
pairam de novo, ameaçadoras, sobre o nosso horizonte colectivo, agora que os
herdeiros da ideologia, que a Revolução derrotou há 40 anos, voltaram com
pézinhos de lã ao poder e que, num revanchismo político óbvio e odioso,
espezinham os direitos conquistados pelo Povo em mais de um século de lutas,
onde muitos deram a vida, agora, a presença nas comemorações do 25 de Abril,
para todos que mantém os seus ideais humanistas e não perderam os grandes
valores que dignificam o ser humano, é obrigatória e indispensável. Não
faltaremos!
Lisboa, 13-Mar-2013, escrito nos autocarros 28 e 708
Lisboa, 13-Mar-2013, escrito nos autocarros 28 e 708
Sou um dos que diz "que nunca lá fui". Não fui mas via durante 30 anos, porque até casar sempre vivi na Pontinha e todos os anos ia para a rua ver passar os atletas. Comecei a correr em Maio do ano passado, por isso, a 25 de Abril de 2013, espero estar às 9h à porta do quartel para percorrer 11km até aos Restauradores e assim cumprir um sonho de infância. Parabéns Egas Branco pelo texto.
ResponderEliminarAbraço Jorge.
Que seja uma excelente estreia que vai ter um sabor muito especial pois é um sonho de infância !
EliminarUm abraço
Lá estarei!
ResponderEliminarSe não me "desconjuntar" entretanto lá estaremos!
ResponderEliminarUm dia tens de deixar o cronometro em casa e fazer a prova com os Zatopeques!
É uma experiência, única, na vida de um corredor!
O ano passado ainda era muito novinha nas corridas, mas este ano não quero faltar!
ResponderEliminarBeijinhos e boas corridas.
Vai gostar Isa é uma prova com um espírito diferente e fraterno!
ResponderEliminarUm abraço.
Boas Jorge, mais um belo texto escrito com "paixão" onde se percebe o carinho especial que nutre por esta prova e o que ela representa. Não vou estar presente....da minha terriola a Lisboa são ca.300kms e não me dá "jeito" ir até aí para correr essa prova, mas fica prometido que no 25 de Abril farei uma corrida aqui na minha terra (de 11 ou mais kms) e com um cravo vermelho na mão, no pé ou onde der jeito colocar.
ResponderEliminarAquele abraço e boas corridas
Desta vez os méritos do texto são do meu tio Egas Branco!
ResponderEliminarRealmente 300 km não dão "jeito" para vir correr esta prova mas vai fazer um belo treino de cravo na mão ou onde lhe der jeito colocar esse símbolo da liberdade e da esperança!
Um abraço.
Não tinha reparado, o seu a seu dono. Então os meus parabéns ao Egas Branco por este texto, com um grande abraço.
EliminarParticipei pela primeira vez o ano passado e foi a minha primeira corrida acima dos 10 Km. Este ano lá estarei com o Tiago (Tigas), para cumprir o seu "sonho de infância", assim como ele me acompanhou na S. Silvestre da Amadora (a minha promessa sempre adiada).
ResponderEliminarBoa prova para os dois!
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