
Quem anda nisto da Corrida apenas como participante nas provas, nunca tendo dado uma mãozinha nos bastidores da sua organização, nem imagina o que isso é e as aflições por que se passa às vezes, devido a situações completamente inesperadas. Ficam aqui exemplos de histórias trágico cómicas, mas que na altura não tiverem assim tanta graça!
. Quando começámos a participar em provas o abastecimento era dado em copos de plástico, depois veio a era das garrafas. “Escalados” para ajudar no abastecimento de uma maratona, o esquema que estava montado era um restaurante junto do abastecimento a fornecer a água para esse mesmo abastecimento. Tal tinha sido combinado previamente com o dono do restaurante. Naqueles tempos não havia cá essa “coisa” das bebidas isotónicas! Água torneira, copos de plástico e pronto! O que aconteceu foi o restaurante não abrir e termos que ir buscar água, já nem sei onde, com um “jericam”, e rapidamente antes que começassem a passar os corredores! .
. Depois vieram as garrafas de plástico mas não se davam fechadas aos atletas. Tinham que se entregar já abertas! Então, igualmente numa maratona, as garrafas que estavam no abastecimento pelo qual éramos responsáveis pura e simplesmente não se conseguiam abrir! Ainda hoje estamos para saber se o patrocinador resolveu despachar algum lote de garrafas defeituosas! Depois de algumas unhas partidas e grande aflição, acabámos por usar uma chave do carro para abrir as garrafas! E no final, ficávamos também com as mãos cheias de unhadas dos atletas, na sua ânsia de obterem o precioso liquido!
.. A meta tinha um pórtico, em que a estrutura era feita com andaimes de modo a que os atletas passassem por baixo e por cima havia uma plataforma onde se encontravam os cronometristas (ainda não havia chips, nem informática!). Na edição do ano anterior, isto funcionou perfeitamente e a tal estrutura foi montada apenas por um técnico com ajuda de um colaborador da organização. No ano seguinte os técnicos que vieram montar a tal estrutura pura e simplesmente não se entenderam com aquilo e deixaram a mesma pessimamente mal montada, em equilíbrio precário sem qualquer hipótese de ser usada! Teve que se meter o pórtico da meta para o lado e usar um automóvel com os cronometristas sentados no tejadilho! .
. Uma vez houve um carro da organização que teve um furo em plena maratona e outro (igualmente numa maratona) que partiu a caixa de velocidades! Na substituição do pneu batemos o recorde de rapidez, digno de mecânicos da Fórmula Um!
Enfim alguns episódios que são bem o espelho das múltiplas coisas que podem acontecer na organização de uma prova e que são de todo incontroláveis por mais cuidados que se tenham. Por isso fazemos sempre uma crítica com espírito construtivo quando avaliamos a organização de uma prova. É que conhecemos o outro lado, o cansativo, mas também fascinante, dos bastidores!