Tem sido muito falado nos
últimos tempos o doping mecânico no ciclismo. Trata-se de motores eléctricos
escondidos nos quadros de bicicletas e que permitem aos atletas atingir
performances de forma de fraudulenta e que de outra maneira não seriam capazes.
No atletismo, na nossa corrida
a pé, tal não é possível como é por demais evidente, não há forma de meter um
motor nos sapatos!
Mas demos connosco a pensar: e
os atletas que atalham as provas com recursos a “boleias” de carros,
metropolitano ou até outro tipo de transporte não se poderá considerar, de uma
forma jocosa, doping “mecânico”?
A história do atletismo está
carregada, infelizmente, de situações de atletas que foram apanhados a atalhar
percursos com recurso ao “doping mecânico” desde o mais anónimo dos corredores até
à vencedora de uma consagrada maratona internacional, como aconteceu em Boston a
21 de Abril de 1980 e como podem ler aqui.
Evidentemente que à medida que
os avanços tecnológicos vão chegando à corrida mais difícil se torna fazer esse
tipo de batota e os chips vieram dar uma grande ajuda à verdade desportiva mas
estão longe de limpar as provas de batoteiros. Se formos comparar os tempos de
alguns corredores de pelotão lusos que correm maratonas em Portugal e por esse
mundo fora, com os valores que obtêm em meias maratonas verificamos que correm
mais depressa na maratona que na meia maratona! Enfim!
Se em provas de estrada o
controlo é mais apertado, já quando se sai do asfalto as coisas tornam-se mais
fáceis para os vigaristas e quanto maior e mais complexo for o percurso mais
simples se torna encurtar o mesmo ou “apanhar” boleia por mais controlo que o
percurso tenha.
Depois há as ajudas: uma coisa
é fazer vigarice sozinho outra é ser-se ajudado nessa mesma vigarice, no
segundo caso é muito mais provável ter-se sucesso na arte de vigarizar e
aldrabar.
A seguir temos o nível e a
qualidade das ajudas: por mais incrível que nos possa parecer, há policias que
são na verdade ladrões e são os mais difíceis de apanhar pois estão por dentro
dos métodos usados pela polícia e andam sempre um passo à frente das forças
policiais.
Na corrida a pé não é difícil
imaginar quem terá mais ferramentas para ajudar alguém a fazer batota numa
prova: sim, isso mesmo, o organizador da prova! Então o organizador da prova
não é o mais interessado em pugnar pela verdade desportiva? É sim senhor, mas
também o polícia é o mais interessado em prender ladrões mas há polícias que
são ladrões! Curiosamente muitas vezes esses polícias até serem apanhados têm a
fama de serem excelentes profissionais, incorruptíveis, um exemplo para a
classe...
Talvez que qualquer dia se
venha a ter alguma surpresa sobre o “doping mecânico” na corrida e sobre coisas
inimagináveis mas que acontecem mesmo.
Muitas vezes tem-se a certeza,
absoluta das coisas mas falta o flagrante delito para se provar preto no branco
o que se viu. Só que a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. Até
esse dia temos que aceitar como milagrosa determinada recuperação feito por um
atleta numa prova mesmo que a matemática e outras coisas nos indiquem que
realmente só mesmo um milagre permite tal recuperação e para além de
acreditarmos ou não em milagres não nos parece que a Nossa Senhora de Fátima,
ou outra santa, se ande a preocupar em proporcionar um milagre a um simples
corredor, por mais ou menos devoto que ele seja, ou mesmo jogue em casa (da
Santa é claro!).
Mantenham os olhos abertos,
corram, sejam felizes e olhem que nós também já andamos por cá há algum
tempo...
Jorge, essa malta só se engana a si mesmo. É pena que assim seja.
ResponderEliminarAbraço
Verdade. Mas o problema maior ainda são as ajudas envolvidas em algumas batotas! Quando se trata de um batoteiro a agir isoladamente já é feio e triste mas tudo pior quando há outras responsabilidades envolvidas nos casos.
EliminarÀs vezes gostava de estar na pele dos batoteiros no momento em que cruzam uma meta. Qual será a sensação? Será que cerram os punhos e gritam "consegui!"?? O que vai no coração destes atletas? O que significa terminar um desafio com recurso a malabarismos? Trará isso alguma glória ou satisfação pessoal?
ResponderEliminarJuro que gostava de perceber isso...
Penso que alguns batoteiras aquilo já é compulsivo e acabam por acreditar eles próprios na sua mentira! Mas não tenho certezas de nada!
EliminarBeijinho e abraço ao Paulo.
Excelente e oportuno texto!
ResponderEliminarSobre o polícia ladrão, há décadas atrás trabalhei numa firma onde uma vez foi apresentado o plano de segurança para assaltos ou intrusos. E quem o apresentou terminava sempre cada possibilidade com o irem parar ao guarda da portaria. Parecia tudo perfeito mas no final alguém perguntou "e quem guarda o guarda?".
Cada atleta tem os seus limites, que podem variar numa enormidade de minutos ou horas, conforme a distância, mas cada um que tenta superar-se, tem sempre a bonita recompensa dessa luta e, quando atinge o desejado, uma satisfação e orgulho imenso a pensar "consegui!". Quem é trapaceiro, nunca saberá o que é esse sentimento tão especial.
É pena não haver nenhum insecticida para eliminar essa doença tão má chamada batota que só vem minar o bonito mundo das corridas.
Um abraço e muitos parabéns pelo excelente texto!
Não há o insecticida que tu referes mas cá estamos nós para guardar o guarda e vigiar este maravilhoso mundo da corrida!
EliminarObrigado pelos elogios, exagerados como de costume. ao texto mas era algo que gostava de não ter sido obrigado a escrever...
Um abraço.
Essa malta não dorme descansada... ou se dorme, pelo menos há-de sentir algum remorso quando está frente a frente com alguém que faz um resultado idêntico sem essa "ajuda". Penso eu de que... :)
ResponderEliminarAbraço
Esperemos que pelo menos algum remorso sintam mas há gente que não conhece essa palavra...Mas também deles não reza a história ou se reza é pelos piores motivos.
EliminarUm abraço.
Duvido mesmo muito que sintam alguma espécie de remorso por esses seus feitos. Aliás, tipicamente o que sentem é mesmo o típico: sou muita bom!!!
EliminarAbraço
Também penso isso!
EliminarUm abraço.
No limite, tenho pena dessas pessoas, porque se roubam a si próprias do prazer da conquista. Terminar uma prova, fruto do esforço, é uma enorme glória. Uma boa classificação, mas forjada, não pode nunca ter o mesmo valor, por mais aplausos que renda nas redes sociais.
ResponderEliminarBeijinhos
Verdade Rute nunca vão ter o prazer de uma conquista como a tua no Oh Meus Deus! E mesmo que alguma vez façam coisa honestamente ninguém vai acreditar neles!.
ResponderEliminarBeijinhos.
Ó amigo Jorge Branco , gostei dessa que já anda cá á muito tempo !!pois ..pois anda e já viu concerteza muita coisa ...de facto este tema que hoje trata é um grande problema do nosso desporto , ainda por cima com a interne te é mais fácil de adquirir. Incrível ´saber que até amadores se metem nisso..
ResponderEliminarUm grande abraço por tal como eu gostar do desporto "limpo".
Obrigado. Um abraço.
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