Ao vermos um anúncio,
publicado na revista Spiridon número 29, de Julho/Agosto de 1983, de um centro
de treino para a maratona que se iria realizar sob a égide daquela revista
ficámos logo muito entusiasmados.
Julgamos mesmo que foi aquele
anúncio que nos deu a segurança para nos lançarmos na grande “loucura” de nos
estrearmos nos míticos 42,195 km.
Eu e o Egas imediatamente
procedemos à nossa inscrição no referido centro de treino.
A Revista Spiridon iria organizar
a segunda edição da sua maratona novamente no autódromo do Estoril a 18 de
Dezembro.
Se o papel da Spiridon foi
pioneiro e preponderante no lançamento de prova da maratona aberta a todos os
atletas em Portugal e na desmistificação da distância este centro de treino, e
o que se viria a realizar em 1985 (no qual também participámos), foram
fundamentais para que novos corredores de pelotão se lançassem, como toda a
segurança, na aventura de correr uma maratona.
Numa época em que pouco anos
antes correr uma meia maratona ainda era algo do “outro mundo” e em que a
maratona ainda era considerada por muitos como uma prova desumana (mesmo por
treinadores e dirigentes consagrados do atletismo nacional) estes centros de
treino vieram dar uma preparação sólida aos futuros maratonistas para
enfrentarem a distância sem percalços e vieram, igualmente, treinar os atletas
com base em conceitos modernos, cientificamente provados, e usando os métodos
de treino mais avançados na altura no que concerne a correr uma maratona.
Estes centros de treino
criaram um grupo, mesmo que pequeno, de maratonistas que aprenderam como se
treina tanto no geral como para uma maratona em particular.
E se considerarmos que cada
participante nesses centros de treino tendo vários amigos corredores acabou por
transmitir a esses amigos o que aprendeu sobre treino e desmistificando o papel
de “bicho papão” que era atribuída à maratona então ainda dá entender melhor o
alcance desta iniciativa.
Estávamos numa época em que a
informação era escassa e lenta e por isso todo o saber que estes maratonistas
pioneiros adquiriram e transmitiram a amigos foi de importância vital!
Praticamente e injustamente
ignorados estes dois centros de treino para a maratona organizados pela revista
Spiridon fazem parte integrante da história da maratona em Portugal e dessa
mesma história não podem ser desassociados.
Do ponto de vista pessoal a
nossa participação nesse centro de treinos no já longínquo ano de 1983
trouxe-nos grandes amizades para a vida, que ainda hoje se mantêm,
conhecimentos sobre métodos de treino que desconhecíamos por completo, e o
título de maratonista obtido com os tempos de 3:49:20 (Egas) e 3:28:14 (Jorge).
Por mera curiosidade deixamos
aqui a imagem da última folha da planificação do treino que nos foi fornecida.
Hoje sorrimos ao ver aquela
carga de treino que na idade e condições físicas actuais seria completamente
impossível de executar.
Ao olhar, nostalgicamente,
aquela folha vem-nos sempre à baila aquele conceito que temos de que agora
corremos e antigamente treinávamos! Sim, correr e treinar são coisas bem
distintas!
Já agora saliente-se que a
divulgação daquela folha treino é apenas uma mera curiosidade e não para servir
de exemplo como treino actual a quem quer que seja pois trata-se de um treino devidamente
especificado e personalizado para um determinado objectivo e concebido com
profundo conhecimento do atleta a quem era dirigido.
Por mais anos que passem nunca
mais vamos esquecer o Centro de Treino Para a Maratona!
Iniciativa espectacular e que te levou a resultados fantásticos!!!
ResponderEliminarMuito bom artigo para a história do nosso Atletismo!
Um abraço e obrigado pela partilha
Obrigado e um abraço campeão!
ResponderEliminarÀs vezes nas preparações que faço para a minha Maratona anual sinto que me falta alguma base nos meus esquemas, que são um pouco à 'Portuguesa'. Deve ter sido uma experiência excelente essa de te estreares e logo com um apoio desses. Abraço
ResponderEliminarFoi absolutamente fundamental a minha estreia na Maratona tendo feito parte do referido centro de treino. Nunca teria obtido os resultados que alcancei sem essa minha experiência.
EliminarTive imensa sorte em a minha primeira maratona se ter cruzado com essa iniciativa da Spiridon e ter participado nos dois centros de de treino (o outro foi em 1985).
Vou-me repetir...adoro estas vossas histórias dos primórdios da corrida em Portugal. Deves sentir um enorme orgulho em ter ajudado a abrir o caminho para as "enchentes" de hoje na Maratona, da qual eu faço parte. Os teus tempos são fantásticos, e foram conseguidos com muita dedicação, mas com certeza também com o treino certo...no meu caso, é um bocadinho (muito) às cegas, mas pronto, é o que se consegue arranjar :)
ResponderEliminarGrande abraço e vai mandando mais histórias destas que eu adoro
O importante é que te divertes e és feliz e saudável com a corrida mesmo que os teus treinos não tenham aquela exactidão cientifica absoluta.
EliminarMas o acesso a informação sobre métodos de treino é hoje, incomparavelmente, mais fácil que na década de 80 do século passado por isso não andas a treinar assim tanto as cegas...
Eu, sim, se não, tivesse passado pelo rigor científico de um treino planificado por quem realmente sabe do assunto nunca teria obtido aqueles resultados.
Se as pernas eram minhas muito do mérito do que consegui fazer como modesto corredor de pelotão deve-se ao facto de o meu treino ter sido excelentemente orientado. Nisso fui um “privilegiado” e tive, mesmo, muita “sorte”.
Um abraço.
Super interessante esta crónica Jorge :)
ResponderEliminarAbraço
João
Obrigado João Pedro.
EliminarUm abraço.