Estava eu muito tranquilamente
no pátio, fazendo os meus, parcos, exercícios de flexibilidade no final de mais
uma corrida.

Mas dizia eu, estava muito
tranquilamente no pátio nos meus exercícios de flexibilidade, os pássaros
cantavam, ao longe os perus “falavam”, ao que se juntavam as galinhas e os
galos. Eram para aí sete e meia de uma manhã, ainda fresca, de verão. No meio
de toda esta natureza ouvia-se um ou outro carro, na estrada, a lembrar-nos que
a “civilização” (ou a ausência dela...) não anda longe.
De repente todo este cenário
muda: entra-me a correr pelo pátio o Bitoque (jovem cão de quase dois anos) a
perseguir algo que nos primeiros segundos não percebia o que era mas logo vi
ser um pássaro, e atrás deles o meu vizinho (ou seja o meu padrasto)
esbaforido, com o pouco cabelo que lhe resta em pé, um camaroeiro na mão e a
gritar para mim: não o deixes agarrar, agarra-o tu!
Se o meu padrasto não é muito
dado a corridas eu sou dado às mesmas mas não em pantufas que os meus fiéis
Trabuco já tinham sido descalçados.
Mas a sorte do pássaro é que
eu estava no local certo, no minuto exacto e bastou-me avançar uns metros para
o apanhar com um destreza que nunca tive!
Lá entreguei a estafada ave ao
não menos estafado do meu padrasto e lá foram os três ou seja, um canário sem
nome, um cão de nome Bitoque e um padrasto de nome Zé, que explicava para o
amigo de quatro patas: “Não Bitoque isto não é para ti”!
O canário sem nome já se
encontra em recuperação numa “habitação” que comparado com a gaiola de onde deve
ter vindo, é assim como comparar um T0 com o palácio de Buckingham.
Depois de devidamente
recuperado do susto, já terá espaço para treinar horas de voo a fim de se
apresentar como um pássaro “decente” e não igual àqueles jovens viciados em
consola e computador, que nem conseguem correr para apanhar um autocarro!
Já não é o primeiro salvamento
de pássaro que efectuo, provavelmente não será o último, mas assim tão in
extremis tenho de confessar que foi a primeira vez!