Já se começa a sentir algum agradável fresco, de fim de tarde, nesta semana em que o Verão se vai despedir de nós.
Volto de mais uma operação de logística a caminho de casa.
Isto da operação de logística é porque às vezes há que dar ênfase às coisas e tornar o banal em algo especial. Na verdade tratou-se de uma rotineira ida a farmácia, que também se poderia descrever como uma saída para comprar drogas (a língua Portuguesa é muito traiçoeira segundo dizem)!
Bem voltemos ao princípio e eu absorto nos meus pensamentos quando atrás de mim oiço qualquer coisa como tchu, tchu, tchu.
Senti-me estremecer dos pés a cabeça!
Estaria errado?
Os meus apurados ouvidos de fundista de longa data estar-me-iam a trair? Será que eles também acompanharam o lento processo de falência (não fraudulenta como muitas que há por ai) das minhas pernas?
Será que posso dizer que não estou só, finalmente?
Não quis olhar para trás. Não quis fazer o que tantas vezes me fazem.
Pareceram anos aqueles segundos até ser ultrapassado por um jovem corredor que me disse boa tarde!
ATÉ QUE ENFIM! Apeteceu-me começar a cantar: “NÃO, não sou o único!” (mas abstive-me de o fazer para não quebrar vários vidros e evitar uma crise na industria leiteira, pois a vacas da região poderiam deixar de dar leite durante alguns meses!).
Eu, o único alienígena corredor deste planeta (desta Vila quero dizer) encontro outro colega “extra terrestre”.
Com o meu olhar clínico tentei logo fazer uma avaliação do modo de deslocação do veículo ou seja, do estilo de corrida, para tentar perceber de que tipo de “extra terrestre” se tratava. Ainda dei uma olhadela ao tipo de equipamento e lá tirei as minhas conclusões (que muitas vezes saem erradas, pois quem me vê a correr deve pensar estar na presença de um velhinho que fugiu dum lar da terceira idade e não de alguém que já foi meio atleta!).
Só quase a chegar a casa é que me lembrei que aquele “boa tarde” se deve ao facto de eu levar uma camisola que dizia nas costas, e de forma bem visível, CORRIDA DA LIBERDADE.
Também o meu colega corredor deve ter pensado: “NÃO, NÃO SOU O ÚNICO!”
Esperemos por mais outro contacto do terceiro grau e que se estabeleça diálogo já que a nossa língua é universal!