quarta-feira, 16 de junho de 2010

O CORREDOR DESEMPREGADO

Por:
Jorge Branco e EVB


A crise que Portugal e o mundo atravessam atirou com milhares de Portugueses para o desemprego.
Claro que sob o manto da “crise” encontram-se problemas bem mais profundos que têm a ver com as políticas económicas completamente erradas das últimas décadas, assentes na especulação financeira, nos off-shores, enquanto as indústrias foram deslocalizadas à procura de uma maior exploração, não importa onde, de quem trabalha. Políticas que se traduziram num economicismo desumano, que pôs de lado os objectivos sociais da vida colectiva. E que conduziu nos últimos anos à desagregação social e ao abissal aumento das diferenças sociais
Sendo o desemprego um problema que atravessa toda a sociedade Portuguesa ele afectará certamente muitos corredores.
Mas até agora, tanto quando sabemos, ainda nenhuma revista dedicada a corrida abordou o tema do atleta desempregado e as suas implicações.
Muitas questões se nos levantam:
Sendo o corredor, normalmente, uma pessoa com mais capacidade para superar as adversidades terá ele mais facilidade para lidar e aguentar uma situação de desemprego?
Que influências terão as dificuldades económicas na prática da corrida?
Já haverá corredores a fazer menos provas?
Isso já terá reflexos no número de atletas a participarem em provas, em particular naquelas longe dos grandes centros urbanos e que implicam mais despesas de deslocação?
Sendo os sapatos a peça mais cara do equipamento do corredor, como fará o atleta que vê reduzida parte substancial do seu rendimento para contornar esse problema?
Como será a vida do corredor desempregado? Treinará mais? Usará a corrida com antidepressivo ou a situação em que se encontra dificulta-lhe muito a vontade de correr?
Todo um enorme rol de questões, para as quais não temos resposta mas que seria interessante analisar.
Deixamos aqui a sugestão: todos os corredores que se encontram nesta grave e trágica situação que venham aqui relatar (garantimos sigilo absoluto no que respeita à identidade) a sua visão sobre o assunto e como têm enfrentado estes tempos sombrios.
Este espaço pode servir por isso também para os corredores desempregados deste país desabafaram e sentirem que não se encontram sozinhos no infortúnio pois, infelizmente, já devem ser muitos.

4 comentários:

  1. Amigo Jorge
    Infelizmente, estamos perante um tema cada vez mais actual. Os corredores não escapam ao flagelo e as consequências estão perfeitamente apresentadas no seu texto. Só é preciso substituir os pontos de interrogação por pontos apenas.
    Quando o orçamento encurta, há que cortar no que é menos prioritário. E como alguém disse e muito bem "a Corrida é a mais importante das coisas secundárias". Mas primeiro há que fazer face "às menos importantes coisas essenciais".

    Grande abraço.
    FA

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  2. Apenas para informar que o vosso link consta na nossa Rubrica Reciprocidades.
    Abraços de Manteigas
    http://bloteigas.blogspot.com/

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  3. Parabéns amigo Jorge pelo tema que mete à consideração de todos. Muito oportuno e corajoso, oxalá que aqueles que são visados correspondam ao apelo de divulgação da sua situação e certamente vamos encontrar muitos amigos com bastantes dificuldades. Os próprios Reformados que com as suas fracas reformas já de há muito sentem dificuldades de acompanhar a evolução negativa que temos vindo a suportar e continuam a fazer desporto porque sabem que isso é uma forma essencial para manterem uma boa condição física, arriscando nisso os magros tostões que lhes sobram em prol do seu bem estar.
    Um abraço amigo Jorge.

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  4. caro jorge, este é de facto um tema que prima pela actualidade e pertinência. há uns anos vi-me na situação de desempregado devido a uma reorganização na multinacional onde trabalhava, porém saí da experiência mais forte e decidido. sei que os tempos eram outros, mas também comprovei que a corrida funcionou como terapia, ajudou-me a ultrapassar aqueles momentos em que as dúvidas me toldavam o raciocínio e me faziam duvidar de muitas certezas adquiridas ao longo do tempo. na prática enfrentei o desconhecido com umas boas doses de km. quando uma porta se fecha, outra abre-se algures. temos é que ter a coragem de procurá-la. sempre.
    paulol

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