sábado, 19 de dezembro de 2009

A BOMBA CAPRICHOSA E O “BOMBISTA” RURAL


Naquele início de mais uma manhã de verão o plano era um curto e descontraído treino.
O percurso implicaria uma passagem junto a uma vala (ribeiro) no meu Ribatejo adoptado.
A manhã, ainda fresca, convidava ao treino e o campo cheirava a verão.
O sol mal tinha despontado no horizonte ainda tímido.
O treino corria calmo e sentia-me em plena comunhão com a natureza.
Não se avistava vivalma no horizonte e, em pequena passadas, ia avançado por estreito carreiro.
Cada vez ficava mais perto o pivô da rega com os seus tubos e braços.
Não tardaria a estar na pequena rampa que me levaria junto ao portão da “casa”, desceria depois um largo estradão, encontraria a ponte romana à minha direita, cruzaria o alcatrão e estaria quase a chegar à minha casa.
Completamente absorvido nestes e noutros pensamentos eis quando um homem aparece do nada, ou melhor dos meio do salgueiros, e me interpela.
-Bom dia amigo dava-me uma ajuda com a bomba?
O meu gesto nestas situações que implicam uma paragem forçada no treino (normalmente para ver como posso resolver um diferendo com um cão) é automático: parar o cronómetro.
Bomba? Estarão o leitores a pensar onde haverá uma bomba no meio do campo e para que propósitos. Um atentado terrorista? Só se fosse para fazer os salgueiros irem pelos ares!
Embora com o pensamento a anos-luz dali consegui regressar rapidamente ao planeta terra e perceber o que se tratava.
-O amigo carregue aí que ela não pega de outra forma!
E enquanto carrego no ponto mais delicado da bomba caprichosa, o homem puxa a corda, uma, duas, três vezes e trum tum tum tum tum!
-Obrigado amigo bom dia! De nada até a próxima!
E toca a ligar o cronómetro e dar às pernas que tenho um duche à espera.
No resto do percurso que me faltava fazer lá fui a pensar naquela bomba... de rega que só pegava carregando em determinado sítio e na sorte que aquele homem teve em eu ter passado por ali!
Nunca entendi nada de motores de rega e ainda menos dos seus caprichos mas lá que aquela bomba era caprichosa lá isso era! Enfim mais uma cena da vida de um “corredor rural” como eu!

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